As Fazendas do Google
A grande maioria dos cidadãos digitais da segunda década do século 21 usa serviços “na nuvem” do Google, da Amazon, da Apple, da Microsoft, do Facebook, do Twitter e de muitos outros menos cotados, a maioria gratuitos, ou “patrocinados”, como queira o leitor.
O que nós não nos damos conta é qual a infraestrutura tecnológica que está por trás desses serviços.
Eu uso aqui uma galeria de imagens e textos curtos do Google para que possamos navegar pelas entranhas dessas fazendas de servidores.
Vale a pena investir uns minutos para entender sua dimensão. Um número, apenas, para reflexão: os serviços de busca do Google usam mais de um milhão de servidores, espalhados mundo afora.
Normalmente esses data centers estão situados em zonas rurais, onde a terra é mais barata, e substituem fazendas tradicionais que produzem alimentos e viram fazendas de informação. Cada um deles consome energia elétrica equivalente a cidades nem tão pequenas assim e abrigam dezenas de milhares de servidores. Cada servidor é um computador dedicado a alguma tarefa, e é várias vezes mais parrudo do que essa máquina que você está usando nesse momento.
Esses data centers possuem conexão com os demais data centers sempre de forma redundante, para que, em caso de pane, outras conexões possam suportar o tráfego de dados. Os servidores também possuem redundância local e remota, assim como alternativas em caso de apagão, inclusive com geração local de energia eólica, painéis solares, e biomassa.
No caso do Google, só a parte de buscas -hoje um pedaço apenas da multiplicidade de ofertas da companhia- atende a mais de 1 bilhão de consultas ao dia!
Mas, com toda essa parafernália de equipamentos e clones de segurança, assim mesmo eles podem falhar e precisam ser reparados ou substituidos.
Aí painéis de controle extremamente sofisticados dão o diagnóstico e apontam o tipo e local do equipamento defeituoso. E a maioria dos reparos é feita não por humanos, mas por robôs.
As equipes técnicas ficam lá para tratar de exceções ou de casos mais complexos, onde os robozinhos não possam atuar.
O incrível de tudo isso é que a atividade dos data centers é de tal modo intensiva em todos seus principais componentes que normalmente eles surgem como o principal empregador, gerador de renda e de tributos nos locais onde estão estabelecidos.
Mais ainda: para conseguir alvarás de funcionamento, eles precisam estar aderentes às mais modernas práticas de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Além da boa imagem criada localmente e no mercado em que atuam, eles servem também de cobaias para novas tecnologias ambientais.
Em resumo: Assim como o alimento que nos nutre o corpo, o alimento de informações que nos chegam pela internet também devem estar desprovidas de pragas e agrotóxicos (virus, malwares em geral, no mundo digital).
A segurança digital passa a ser quase tão relevante quanto a segurança alimentar.
A criação de empregos para cuidar dessa enorme estrutura de data centers que se espalham pelo mundo já aparece nas estatísticas com um bom peso específico. Cowboys de data centers, já pensou? Pois eles existem, sim…
Aproveite a visita ao Google. Vocês também podem buscar imagens de outros data centers e tirar suas próprias conclusões. Mas uma delas é inevitável: o mundo está mudando bem rápido!
Será que Thomas Watson tinha a bola de cristal?
A IBM é, indiscutivelmente, a empresa que, embora não tenha inventado o computador, efetivamente deu a eles uso prático em pelo menos duas eras distintas: a dos mainframes e a dos PCs. Disso ninguém duvida.
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| “E se eu tiver razão?” |
O que é ainda hoje motivo de controvérsia é uma frase atribuida ao mais longevo de seus CEOs, Thomas Watson, Sr. que, em 1943 teria dito algo como “I think there is a world market for maybe five computers“, que os escribas oficiais da Big Blue ainda correm a desmentir, em um mundo de bilhões de computadores, outros tantos celulares e smartphones.
Dizem os italianos que si non e vero, e benne trovatto, mas, numa dessas, e se o velho Watson tivesse razão?
Claro que, à leitura de números de vendas de dispositivos digitais os mais diversos em forma, funcionalidade, capacidade de processamento e preços, isso não faz o menor sentido.
Mas aí entra a tal da nuvem, que vem mudando a forma como pensamos o mundo digital. As tais fazendas de servidores, onde residem milhares de computadores que atendem aos Googles, aos Facebooks e mesmo às IBM, Apple e Microsoft da vida cada vez mais oferecem alternativas de produtos e serviços que tornam dispensáveis, ou menos importantes, as tarefas locais de processamento e armazenamento de dados, sons, imagens, o que quer que seja digitalmente tratado.
Com os dutos de alta velocidade e capacidade da moderna internet, ter um arquivo em casa, no trabalho, no carro, faz cada vez menos sentido. Esse arquivo precisa estar essencialmente disponível, para qualquer dispositivo que eu queira e use, com segurança, claro.
Essa premissa leva ao fortalecimento do modelo de nuvem, onde teremos cada vez maiores fazendas de computadores, exigindo cada vez maiores investimentos, cuidados ambientais, garantia de uptime com redundância, e por aí iremos.
Se hoje tivéssemos internet 100 vezes mais rápida e capaz de engolir 1000 vezes mais dados (algo que deve ocorrer em 5, 10 anos no máximo), abre-se o caminho para termos algo como cinco computadores, no futuro. Eles até poderiam ser assim chamados:
- iCloud
- Live
- ATR (All The Rest)
Será que Tom Watson, Sr. tinha razão?
Será que isso será bom?
Dica de presente alternativo: Pendrive ou espaço na nuvem?
Sábado, 4/12, rolou no debate da CBN a dica de presente baratinho: um pendrive. Muito boa, especialmente agora que os preços estão caindo e você pode comprar vários Gb por poucas dezenas de reais. Se você pode comprar e trazer um do exterior, melhor ainda. Eles cabem em qualquer lugar da mala, do bolso ou da quota e custam menos da metade do preço daqui.
Mas…
Aqui vai um depoimento pessoal: eu acho pendrives muito práticos, e o fato de eles terem cada vez mais capacidade de armazenamento por um preço cada vez menor embutem riscos de perda, roubo ou simples esquecimento de onde ele está. Mas eu fiquei uns três meses procurando não um, mas dois pendrives que tinham informações importantes (felizmente duplicadas em outro lugar) que eu cheguei a pensar que estavam em mãos erradas.
Isso não deve ser empecilho a que você considere um pendrive como presente de Natal. Até porque é algo muito útil e nem todos são tão desorganizados quanto esse veterano escriba. Você pode achar pendrives de 2Gb a 128Gb que estejam no seu orçamento de Papai Noel.
Considere, porém, as alternativas de nuvem, que vão desde R$ 0 ( 1Gb no Picasa, do Google) até R$ 170 (US$ 99) para 10Gb/ano, no MobileMe da Apple. A vantagem é que as informações estão lá na nuvem, seguras (o que quer que isso seja em tempos de WikiLeaks) mas, sobretudo, acessíveis a qualquer tempo, desde que haja uma conexão à internet.
Outra alternativa é a assinatura de um plano para e-mail e acesso ao portal, como o UOL, que vale R$ 9,90/mês nos 3 primeiros meses e R$ 19,90 após, e dá direito a 5Gb de armazenamento nas 4 caixas postais disponibilizadas.
É verdade que a maioria desses serviços pode estar associado a alguma limitação (fotos/vídeos no Picasa, correio eletrônico no UOL) mas existem outros serviços associados, gerando mais valor. E as informações estão lá, não perdidas em alguma gaveta ou achadas por alguém que não deveria vê-las, no assento de um taxi, na calçada de uma rua, por exemplo.
Considere ambas as alternativas como presente. Elas têm bom valor agregado!
Dica de presente alternativo: Pendrive ou espaço na nuvem?
Sábado, 4/12, rolou no debate da CBN a dica de presente baratinho: um pendrive. Muito boa, especialmente agora que os preços estão caindo e você pode comprar vários Gb por poucas dezenas de reais. Se você pode comprar e trazer um do exterior, melhor ainda. Eles cabem em qualquer lugar da mala, do bolso ou da quota e custam menos da metade do preço daqui.
Mas…
Aqui vai um depoimento pessoal: eu acho pendrives muito práticos, e o fato de eles terem cada vez mais capacidade de armazenamento por um preço cada vez menor embutem riscos de perda, roubo ou simples esquecimento de onde ele está. Mas eu fiquei uns três meses procurando não um, mas dois pendrives que tinham informações importantes (felizmente duplicadas em outro lugar) que eu cheguei a pensar que estavam em mãos erradas.
Isso não deve ser empecilho a que você considere um pendrive como presente de Natal. Até porque é algo muito útil e nem todos são tão desorganizados quanto esse veterano escriba. Você pode achar pendrives de 2Gb a 128Gb que estejam no seu orçamento de Papai Noel.
Considere, porém, as alternativas de nuvem, que vão desde R$ 0 ( 1Gb no Picasa, do Google) até R$ 170 (US$ 99) para 10Gb/ano, no MobileMe da Apple. A vantagem é que as informações estão lá na nuvem, seguras (o que quer que isso seja em tempos de WikiLeaks) mas, sobretudo, acessíveis a qualquer tempo, desde que haja uma conexão à internet.
Outra alternativa é a assinatura de um plano para e-mail e acesso ao portal, como o UOL, que vale R$ 9,90/mês nos 3 primeiros meses e R$ 19,90 após, e dá direito a 5Gb de armazenamento nas 4 caixas postais disponibilizadas.
É verdade que a maioria desses serviços pode estar associado a alguma limitação (fotos/vídeos no Picasa, correio eletrônico no UOL) mas existem outros serviços associados, gerando mais valor. E as informações estão lá, não perdidas em alguma gaveta ou achadas por alguém que não deveria vê-las, no assento de um taxi, na calçada de uma rua, por exemplo.
Considere ambas as alternativas como presente. Elas têm bom valor agregado!
Tecnologia Digital e o Significado das Palavras
Para refletir sobre a evolução da tecnologia digital, vamos trabalhar com oito palavras que há poucos anos tinham significado principal radicalmente diferente do que temos em 2010.
Acompanhe comigo:
Arquivo: antigamente, ou uma pasta cheia de papel ou muitas pastas dentro de um armário de madeira ou metal. Muito infectado por cupins. Mais recentemente, informações estruturadas armazenadas em cartões perfurados, fitas magnéticas, disquetes de vários tamanhos e mesmo em CDs, DVDs e discos magnéticos, infectados por vírus eletrônicos. Hoje a maioria dos arquivos está guardada na nuvem (vide verbete), como suas mensagens do GMail, do Yahoo ou do MSN.
Enciclopédia: Em 1768 foi lançada a Enciclopædia Britannica, com inusitados três volumes. Duzentos anos depois, a Britannica tinha 25 volumes, isso no rebelde ano de 1968. Hoje, enciclopédia é a Wikipedia, que, na sua versão em inglês tem incríveis 3.319.499 artigos publicados (e crescendo a cada minuto), sem contar suas outras 31 edições em diferentes línguas, inclusive o Esperanto.
Correio: No meu tempo de jovem, Correio era algo para você inventar uma desculpa de não haver recebido uma carta, a “Culpa do Correio” era subjetivamente aceita como verdade ou faz-de-conta. Nos anos 80, começou o “Correio Eletrônico”, que já criou mais de 100 bilhões de contas, ou seja, quase 20 contas ativas para cada ser humano, alfabetizado ou não, conectado ou não. Mesmo o Correio Eletrônico sai da moda, dando lugar às mensagens instantâneas e ao bate-papo digital, ou “Chat”.
Computador: Em 1943, o presidente da IBM, ao anunciar o primeiro computador produzido pela empresa, declarou que o mundo não teria mercado para mais de cinco computadores. Hoje, contando computador de mesa, laptop, smartphone e outras bugigangas, mais de 200 milhões de domicílios contam com cinco ou mais desses dispositivos digitais. E um carro de 2010, razoavelmente moderno e equipado tem mais poder computacional que as naves do projeto Apollo, que levaram o homem à Lua, 41 anos atrás.
Telefone: Quando D. Pedro II viu pela primeira vez um telefone funcionando na Feira de Nova Iorque de 1876, disse “Meu Deus, isso fala!”, e trouxe a novidade para o Brasil. Pois o tal do telefone levou mais de 100 anos aqui para aprender a falar, passando antes pela fase de bem de capital cotado em dólar, que os mais afortunados alugavam aos mais necessitados a 3% ao mês e declaravam ao imposto de renda. Hoje temos mais celulares ativos do que brasileiros, e, passada a fase da voz, o tráfego de dados já supera o falatório.
Mala Direta: Quando o Correio deixou de servir de desculpa às pessoas, os marketeiros sacaram a idéia de mandar propaganda impressa direto aos domicílios. Hoje essa prática ainda é forte, mas, no mundo digital, virou o tal de “spam”, ou mensagem espalhada aos trilhões nas caixas de e-mail do planeta. Em breve, os marketeiros descobrirão o valor da imagem de uma empresa que não incomoda seu cliente, mas que, quando ele precisa, vai dar as informações que ele quer. Será a “onda verde” na qualidade da informação.
Rede: Nos bons tempos, um artefato de tecido ou corda, usado para ser pendurado entre dois pontos e servindo para o balanço reconfortante de seus usuários. Depois da internet, tudo é “rede”. Mas, dessa rede global, não há escapatória: Ou você está lá, ou provavelmente já morreu, sempre por fora do que está se passando no mundo.
Nuvem: No céu curitibano, é coisa que dificilmente deixa de aparecer, e aqui é quase sempre molhada. No mundo digital, significa um lugar indefinido, para você, onde estão armazenados seus dados e seus aplicativos, como, por exemplo, seus e-mails, fotos do Picasa, vídeos do YouTube. Estão na nuvem, mas quando você precisa, eles aparecem. Uma tendência para todos os aplicativos que hoje travam e dão problemas em sua casa ou escritório.
Numa próxima revisãode conceitos, dentro de alguns anos, essas definições de hoje poderão parecer defasadas, antiquadas. Não se assuste! Busque apenas se manter minimamente antenado, pois o impacto no seu dia-a-dia pessoal e profissional seguirá mudando rapidamente.
Ou seja, quando o assunto é tecnologia digital, a única coisa que não muda rapidamente é a própria mudança…
Redes Sociais no Trabalho: Proibir, Liberar ou Controlar?
Quantas empresas reclamam do uso descontrolado, da parte de funcionários -e mesmo de dirigentes- das redes sociais e das mensagens instantâneas? Se liberar geral, a produtividade cai, a atenção ao trabalho some; se proibir, gera insatisfação e, em alguns casos, também há perdas de produtividade, dependendo da atividade exercida.
Não é algo de resposta simples, única.
De um lado, o uso indiscriminado pode trazer sim, sérios problemas, não só de produtividade como também de segurança, ao abrir o ambiente de TI da empresa a acesso de sites nem sempre confiáveis, a downloads maliciosos e de atenção dos colaboradores com seu trabalho. Existem casos reportados de acidentes de trabalho oriundos da distração de colaboradores acessando redes sociais.
De outro lado, vedar o acesso pode tirar agilidade da empresa ou de um grupo de colaboradores que precisam de insumos ali contidos para melhor desempenho. Isso ocorre quando a empresa trabalha em múltiplos ambientes físicos que requerem contatos frequentes entre esses locais, sem excluir desse universo os fornecedores, parceiros e, cada vez mais no radar, os próprios clientes.
Estudos de mercado dizem que hoje, 7% dos celulares no mercado possuem recursos de acesso à internet, seja pela própria rede da operadora, seja direto na internet através de um ponto de acesso WiFi. Ora, isso já representa mais de 11 milhões de aparelhos, um universo nada desprezível, tanto em termos de público interno quanto externo. Vale dizer que, com toda a certeza, o “proibir geral” cria uma casta de privilegiados que podem acessar a internet independentemente das regras da empresa, e no horário de trabalho, enquanto a maioria silenciosa -e potencialmente revoltada- vai ficar frustrada.
Mais: em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil, esse percentual deve subir para 40%, de uma base de 180 milhões de aparelhos, ou mais de 70 milhões de celulares. Aí, tentar vedar o acesso só pela rede corporativa vai ser tarefa muito próxima do impossível, dadas as portas alternativas disponíveis.
Com esse crescimento, as empresas precisam estar atentas também a novas oportunidades de comunicação com seu público alvo. Afinal, é pouico provável que alguma empresa não tenha, nesses 70 milhões de consumidores, uma parte de seu mercado potencial.
Outro problema: para cada barreira de bloqueio tecnológico, existem várias ferramentas livres na web que podem burlá-la, ou, no mínimo, tornar cada vez mais inglória a tarefa do administrador da rede corporativa.
Eu entendo que a solução está num meio termo, que passa por liberar acesso, de forma controlada, em períodos como o horário de almoço, ou no início e no final do expediente. Em casos de empresas que podem ter benefícios para seus produtos ou serviços com o uso de redes socias e ferramentas de mensageria instantânea, um pacto negociado com os colaboradores pode funcionar.
Partir do princípio de que a empresa está de um lado e os colaboradores de outro, nesse caso das redes sociais, é um esférico engano… Dá para conciliar os interesses, e transformar o problema em uma baita solução.
Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos a mesma coisa que proibir ou liberar acesso dos funcionários ao internet banking. Se proibir, o colaborador vai ter de sair em horário de expediente, ou sacrificar seu almoço, para ir ao banco.
É verdade que as redes sociais trazem muito tráfego para a rede interna, e isso pode prejudicar atividades produtivas.
Mas… hoje em dia muitas empresas já usam ferramentas como o Skype para comunicação interna e com o mercado. Limitar a comunicação pessoal é um problema, e os benefícios de seu uso superam largamente os custos, na grande maioria dos casos.
Como disse no começo desse post, não existe uma solução única. Mas o que não dá para fazer é proibir geral ou liberar geral. O modelo ideal para cada empresa existe, sim, e deve ser continuadamente buscado e evoluido.
Afnal, a tecnologia não para, e um modelo bom hoje pode ser um problema em seis meses.
Antena ligada, gente!



