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Você se considera seguro na internet?

A NSA americana parece não ter limites na sua voracidade de espionar o que se passa na internet. Nem bem os congressistas em Washington manifestaram sua ira pela invasão de seus computadores pela agência, surge nesta quarta, 12, o relatório do blog The Intercept, detalhando como a NSA realiza atividades de espionagem em escala industrial e como isso pode impactar nossa privacidade.

Através da criação de malwares, os arquivos que são plantados em computadores e dispositivos móveis, eles passaram da observação e registro das comunicações para a busca ativa de informações.

Uma forma de ataque é através de servidores falsos do Facebook, usados para infectar computadores das pessoas-alvo e capturar arquivos de disco rígido. Em outra manobra, seus programas enviam e-mails em massa –spams– com o malware anexo, que se transformam para gravar secretamente o áudio ambiente através do microfone do computador e enviar fotos ou vídeos usando a webcam.

O relatório publicado pelo blog é de embrulhar o estômago. Baseado nos dados secretos obtidos por Edward Snowden, hoje exilado na Rússia, ele disseca uma clara exacerbação das atividades de inteligência, e isso vem causando desconforto a muita gente. Um dos autores e co-proprietário do blog é Glenn Greenwald, ex-colaborador do jornal britânico The Guardian, que publicou os primeiros documentos obtidos por Snowden, assim que ele fugiu dos Estados Unidos.

A sinuca de bico que a NSA se meteu é que a enorme comunidade da internet fica incomodada, abrindo canais para que Edward Snowden conte mais. Na segunda, 10, ele fez uma apresentação-surpresa via Google Hangout para platéia excepcionalmente plugada: os participantes do South by Southwest Interactive Festival em Austin, no Texas.

Para a platéia, ele disse que, se tivesse que voltar no tempo, faria tudo outra vez.

O SXSW 2014 reúne, durante 10 dias, dezenas de milhares de artistas de alguma forma envolvidos em projetos de interatividade digital, de música a escultura, de cinema a teatro virtual, usando a internet. Remotamente, são milhões de pessoas participando.

Esse é o novo paradigma: de um lado, uma agência de inteligência que extrapola controles em nome da segurança nacional; de outro, milhões de pessoas mundo afora informadas a respeito. Essas, reagem.

E a briga não para por aí. Colocar o gênio da internet de volta na garrafa não é tarefa simples. Nem para a NSA.

Vai viajar? Cuidado com seus planos!

Que seu celular pode estar grampeado por agências de inteligência e que suas conversas pelas redes sociais também, você já sabia, ainda mais depois das revelações do ex-NSA Edward Snowden, hoje asilado na Rússia.

Slide de apresentação interna da NSA com tópicos de monitoramento em massa.

Slide de apresentação interna da NSA com tópicos de monitoramento em massa.

A figura ao lado mostra um slide de uma apresentação da NSA sobre os tópicos que estavam sendo monitorados.

Mas nesta segunda, 27, o jornal New York Times revela que a coisa é mais abrangente do que podemos imaginar, e pode até causar problemas em sua próxima viagem. Como?

Você vem planejando com seus amigos aquela viagem de férias, mesmo com o dólar caro. Economizou uma grana, avaliou alternativas, buscou melhores preços e itinerários através de sites de viagem. E fez esse roteiro via Google Maps. Claro que você também usou seu smartphone e seu tablet para chats com os amigos e também pegou dicas com outras pessoas, conhecidas ou não, que já estiveram nesses lugares. É mais ou menos assim?

Pois saiba que a NSA e sua contraparte britânica armazenam tudo isso também nos seus supercomputadores. Aproveitando que os apps e os sites mais usados armazenam muitos de seus dados pessoais, os espiões verificam possíveis conexões suas que estejam enquadradas no perfil de um terrorista, ou até mesmo passando suas navegações nos algoritmos de identificação de suspeitos, e, sem querer, você pode ficar na mira.

Mas não é só isso. Enquanto você planeja a viagem, seus filhos ficam entretidos com os Angry Birds, em qualquer de seus apps famosos mundo afora. Até ali os dados de uso estão sendo monitorados.

Como reporta o Times, “a cada nova geração de tecnologia de telefonia celular, mais e mais dados pessoais são despejados através das redes onde os espiões podem capturá-los. 

Dentre essas ferramentas de inteligência estão os aplicativos com ‘vazamentos’ que abrem tudo, desde códigos de identificação dos usuários de smartphones até os lugares onde eles estiveram naquele dia.”

Um leitor da Califórnia define bem o que acontece. Diz ele: “Os smartphones de hoje nada mais são do que dispositivos de rastreamento bem embalados que o usuário com orgulho e ingenuamente exibe por onde passa“.

Big Brother de Orwell está aqui, só que …..

1984orwellEm 2013, quando o assunto foi privacidade x segurança, nada superou os vazamentos do Edward Snowden sobre a NSA americana e a série de manifestações iradas de líderes mundiais por terem suas comunicações monitoradas indevidamente.

Ao virarmos 2014, sobram evidências da colaboração das agências de inteligência mundo afora, mesmo quando, em tese, existam interesses em conflito. Nada que não saibamos ao assistir a cinquentenária franquia de James Bond.

Nos conformamos, também, com o que sabem sobre nós o Facebook, o Google, a Apple, a Microsoft e outras menores, tudo trocado pela conveniência dos serviços oferecidos.

Em 2013, soubemos que  com uns 1.000 dólares, um pouco de conhecimento digital, algum talento e disposição para furar bloqueios de senhas, firewalls e redes seguras, bastam vacilos de alguns dos bilhões de conectados para fazer estragos em suas contas bancárias e reputações.

Com câmeras de monitoramento onipresentes, mais todos os dispositivos digitais capazes de gravar áudio e vídeo, ficar incógnito beira o impossível.

Em 2014 pouca coisa muda, talvez com algumas legislações novas e acordos internacionais de longa gestação.

Enquanto escrevo este post, leio que o New York Times desta quinta, pede, em editorial, clemência para Snowden, para que ele possa voltar aos Estados Unidos sem as acusações de deserção e alta traição. A conferir…

Enquanto isso, as agências de inteligência seguirão bisbilhotando, as redes sociais saberão cada vez mais sobre nós, os hackers crescerão em número e sofisticação, e a indústria da segurança digital para o indivíduo prosperará como nunca.

Cabe a cada um de nós calibrar, dentro do possível, seu próprio nível de exposição. Por exemplo, não fazendo postagens de fotos e vídeos pessoais, cuidando das senhas e mantendo os programas de proteção em cada dispositivo digital sempre atualizados.

Cancele contas inativas de redes sociais, de email, de cadastro em lojas virtuais não mais usadas. Leia e reveja, de quando em vez, seus contratos de uso com cada um dos serviços e aplicativos que você possui. As políticas de privacidade e os termos de uso são alterados unilateralmente e você pode estar dando cobertura legal para que usem seus dados além do que você imagina.

E siga com sua vida digital normalmente, cuidando sempre do que resta de sua privacidade.

Então, você achava que não estava sendo grampeado?

OK, a história dos grampos da NSA gerou preocupações em líderes de governos mundo afora, empresários importantes, comunicados daqui, escusas dali, mas, para a maioria de nós, grampeados eram os outros. Até hoje!

O Washington Post revelou na quarta, 4/12, que, de acordo com dados vazados por Edward Snowden, a agência americana coleta diariamente algo como 5 bilhões de registros de celulares mundo afora, inclusive a sua localização. São centenas de milhões de aparelhos que, mesmo não em uso, emitem sinais captados pelas antenas nas torres espalhadas mundo afora, e, com isso, dá para saber aonde estão os aparelhos, e, possivelmente, seus donos. 

Usando um sofisticada ferramenta para análise em massa de dados, chamada Co-Travelers, a NSA consegue localizar não apenas possíveis terroristas, ou alvos, como chamados no mundo da inteligência. A NSA pode identificar seus possíveis e até então desconhecidos parceiros (daí o nome, traduzido como co-viajantes).

Essas informações chegam através da interceptação de dados das comunicações trafegadas pelas redes das operadoras. Se seu aparelho tem GPS e ele está ligado, sua localização será feita com uma precisão de menos de 100 metros.

Assim, definidos os alvos a monitorar e com os padrões estabelecidos para mapear os co-viajantes, a repressão ao terrorismo pode ser mais eficaz.

Também traz a cada um de nós aquela sensação de falta de privacidade, mesmo não tendo nada a esconder.

Mas essa técnica eu já havia visto em algum lugar. Claro! Quem tem um dispositivo da Apple com iOS pode usar o app Find iPhone para achar o smartphone ou tablet que tenha sido perdido ou roubado, ou mesmo achar alguém em um lugar movimentado, desde que essa pessoa esteja cadastrada no app.

Os conceitos e as premissas do Co-Traveler e do Find iPhone são bem distintos, seja em volumes, propósitos, ações requeridas ou mesmo sofisticação tecnológica. Mas a premissa da localização é a mesma!

Assim, não custa lembrar que, antes de tomar conhecimento dessas entranhas do mundo da inteligência, muitos de nós já usávamos dispositivos digitais para achar e ser achado. Abrindo mão de nossa privacidade por conta do conforto, da conveniência e até mesmo de maior segurança.

Cuidado com suas senhas!

passwordCuidado com suas senhas! O pessoal da NSA vacilou, Edward Snowden aproveitou, vazou, e o estrago causado à inteligência norte-americana e de outros países parece não ter fim.

Ex-funcionário de uma empresa contratada pela NSA Edward Snowden fez a festa e ganhou acesso a material confidencial após convencer alguns ex- colegas a compartilhar suas senhas com ele , conforme divulgou a Reuters.

O relatório, citando fontes anônimas, afirma que Snowden simplesmente pediu as senhas dos funcionários porque precisava delas para verificar falhas, como administrador da redes de computadores da NSA informado que precisava suas senhas , por conta de sua função de administrador da rede de computadores da NSA.

E o povo caiu! Entre 20 e 25 colaboradores da NSA deram suas senhas ao Snowden!

Lembrando, ele trabalhava num escritório da NSA no Havaí. Isso facilitou sua fuga para Hong Kong, depois de vazar parte das informações, de onde foi para a Rússia, onde vive como asilado político.

Será que o ambiente descontraído das ilhas havaianas deixou o pessoal da agência de inteligência mais desatentos? Quando descoberto o processo, esses funcionários que cederam as senhas foram devidamente “removidos de suas atribuições.”

O governo dos EUA aparentemente sabia que Snowden usou senhas de terceiros, e o Comitê de Inteligência do Senado aprovou recentemente um projeto de lei de financiamento atualizações de software para ajudar a evitar vazamentos futuros.

Os documentos vazados alimentaram uma série de reportagens que recvelaram o vasto alcance da arapongagem da NSA e, mais recentemente, de agências similares de outros países.

Mas e aí? Qual a implicação prática disso tudo na minha, na sua, nas nossas vidas? A qualidade de nossas senhas e sua segurança podem não ser lá essas coisas… Um estudo  da SplashData, analisado pelo portal Mashable mostra as piores senhas usadas lá pelos americanos. As que ocupam o pódio:

  1. password
  2. 123456
  3. 12345678

É bom cuidar de suas senhas, mesmo que você não trabalhe para uma agência de inteligência! Existem robôs que buscam acessos na internet usando uma lista das senhas mais óbvias. Se você usa alguma delas, você pode estar ralado!

Outra coisa, possível conselho do Snowden em seu provável futuro livro de memórias, ainda não escrito: “Nunca ceda suas senhas a terceiros, não importa a relevância da situação ou a importância da pessoa“.

Na maioria dos casos, o vazamento de dados pessoais ocorre por descuido ou negligência das pessoas. Não seja você a próxima vítima!

Mais uma contra a nossa privacidade

Que bom que a ministra Carmen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral -TSE- mandou cancelar o Acordo de Cooperação que a corte firmou com a empresa Serasa-Experian, para fornecer a esta dados dos 141 milhões de eleitores brasileiros. Seus dados, meus dados, nossos dados, que somos compulsoriamente forçados a colocar à disposição, por ser o voto obrigatório no Brasil.

Estranho, muito estranho, que o TSE tenha firmado um convênio dessa natureza com uma empresa que vive da venda de informações sobre a capacidade e idoneidade de crédito de pessoas físicas e jurídicas. Mais estranho ainda é que esse convênio não passou pelo plenário do Tribunal, nem mesmo por algum de seus membros para validação.

Não faz muito tempo ficamos boquiabertos com a arapongagem da NSA americana, ao interceptar dados de ligações telefônicas e conteúdos da internet de bilhões de pessoas, brasileiros inclusos. Isso gerou repulsa da sociedade e o Brasil representou na ONU contra essa atitude do governo Barack Obama.

Com que argumentos agora poderá o poder público -no caso, o Judiciário- explicar esse convênio?

Que medidas serão tomadas para evitar a repetição dessas traquinagens no futuro?

O que garante que não existam convênios semelhantes com outros órgãos públicos que detêm dados dos cidadãos brasileiros?

Felizmente temos uma imprensa livre e vigilante, com radares sensíveis, capazes de levantar a lebre, como fez o jornal O Estado de São Paulo.

Mas o assunto da privacidade do cidadão, nesse mundo conectado, voltou à tona, e de um modo que surpreende a maioria. A Justiça Eleitoral brasileira é respeitada mundo afora, e seria um dos últimos bastiões da guarda dos valores essenciais da democracia e da liberdade do cidadão.

Logo ela dá esse mau exemplo? O que se espera agora, no mínimo, além do cancelamento do acordo, é uma explicação clara e transparente dos motivos que levaram à celebração desse convênio e que mecanismos serão adotados pelo TSE para evitar que o sigilo dos dados dos milhões de eleitores brasileiros seja novamente ameaçado.

Quem quiser ver o Acordo, aqui está ele: Acordo de Cooperação Técnica TSE nº 07_2013 – TSE e Serasa.

Até George Orwell ficaria encabulado…

1984orwellAgora é oficial: Estamos sendo grampeados por agências de inteligência americanas e britânicas, no mínimo! Registros de ligações telefônicas, bases de dados das principais redes sociais e serviços online, tudo isso está sendo monitorado.

Os registros de todas as ligações telefônicas dos clientes corporativos da Verizon estão sendo entregues à NSA – National Security Agency  por ordem do juiz Roger Vinson desde abril deste ano. São chamadas locais, longa distância nacional e internacional. O furo inicial foi dado pelo jornal inglês TheGuardian, que inclusive exibiu cópia da ordem judicial secreta .

Na sequência, a Casa Branca admitiu as ações, por conta das medidas de combate ao terrorismo, e aparentemente, o monitoramento vai continuar e, quem sabe, também esteja sendo feito por outras organizações mundo afora.

Mas olhemos a coisa do prisma tecnológico: A internet, é bom lembrar, é a derivada civil da ArpaNet, uma rede comunicação entre computadores militares criada na década de 1960 por conta da Guerra Fria e da necessidade estratégica de blindar informações sensíveis que trafegavam através de redes comerciais de telecomunicações, como a AT&T nos Estados Unidos.

Com sua expansão para uma rede mundial, e a popularização dos celulares, bilhões de pessoas se conectaram. Liberdade, baixo custo, informação farta à disposição.

Do lado dos indivíduos, a banda larga por onde cada vez mais dados trafegam velozmente; custos de armazenamento em queda livre, e serviços ditos na nuvem cada vez mais populares; os processadores dos dispositivos digitais sempre mais poderosos.

Do lado das agências de inteligência, a realidade é a mesma: Rede rápida, processadores parrudos, armazenamento de dados em escala de zetabytes. E é bem mais fácil de fazer, pelo acesso antecipado às novas tecnologias. A pressão para grampear é grande, e se as agências oficiais não fazem, os bandidos podem sair na frente.

Em 1948, George Orwell escreveu 1984, onde antecipava com seu Big Brother um futuro com um ente central opressor, que sabia da atividade de todos os indivíduos.

A realidade de 2013, se pudesse chegar à tumba de George Orwell, faria com que ele desse boas reviradas de desconforto, ao verificar que sua imaginação não conseguiu ser suficientemente criativa na sua fantasia do futuro.

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