Apple, sempre ela!
Nesta terça, 27, A Apple fez, em sua sede de Cupertino, na California, a apresentação dos resultados da companhia para o trimestre encerrado em dezembro passado, o 1º trimestre fiscal de 2015. Tudo muito enorme, superando as previsões mais otimistas.
O CEO Tim Cook apresentou dados superlativos sobre o desempenho da companhia. De 2007 até dezembro de 2014, a Apple ultrapassou a marca único de 1 bilhão de dispositivos com o sistema operacional iOS para os iPod Touch, iPhone, iPad e iPad Mini. 1 Bilhão!
Tem mais: Nesse trimestre, a Apple vendeu estonteantes 76 milhões de iPhone 6 e 6Plus, recorde absoluto. Recorde também de migrantes de Android para iPhone e iPad, recorde de novos usuários. Em dinheiro, foram US$ 18 bilhões em lucros para US$76bi de receitas. Recorde de receitas e lucros em um só trimestre, em toda a história da Bolsa de Valores. Computados os 20 maiores resultados trimestrais de todos os tempos,15 ficam com várias petroleiras, os 5 outros, com a Apple.
As receitas do iPhone já passam de 76% do total de vendas da empresa. E a Apple tem arquitetura fechada, só seus dispositivos têm iOS!
No outro lado da cerca, o Google, dono do sistema operacional Android, anuncia que sua divisão YouTube passa adotar como default os uploads de videos no padrão HTML5, descartando o Flash, da Adobe, que nadava de braçada com seu produto proprietário, adotado por toda a indústria, menos a Apple.
Traduzindo em miúdos, as coisas parecem se fechar: A Apple domina o mercado de alto luxo, o Android do Google diz que adota o padrão aberto HTML5 para páginas da internet. Assim, somados Android/Google e iOS/Apple, temos uma sutil cartelização do mercado.
Quem gostou ou se conformou, fica com um dos dois, Quem se sente desconfortável, fica com Window Phone ou alguma alternativa exótica.
E você?
Seu verdadeiro PC, versão 2013/2014
Primeiro uma definição do que é um computador pessoal (PC), versão 2013, segundo a empresa de pesquisa Canalys: Um PC cliente [não servidor] é um dispositivo de computação projetado para ser operado por um indivíduo e posicionada para atender uma ampla gama de propósitos, alcançada através da execução de aplicativos de terceiros, alguns dos quais podem trabalhar de forma independente de uma conexão de rede. Quando projetado para ser portátil, ele deve ser capaz de funcionar independente de rede elétrica e ter uma tela com dimensão na diagonal de pelo menos 7 polegadas.
Em outras palavras, desktops, notebooks e tablets.
O mercado de tablets gerou massa crítica em 2010, após o lançamento do iPad, da Apple, quando o segmento decolou de verdade com o surgimento de aplicativos em quantidade e qualidade suficientes, aliados a um bom projeto de hardware.
Para 2014, a Canalys prevê que, pela primeira vez, a venda unitária de tablets superará a quantidade somada de desktops e notebooks. Algo como 300 milhões de tablets, 200 milhões de notebooks e 100 milhões de desktops, com tablets crescendo em unidades e notebooks e desktops caindo.
Os números exatos da previsão para 2014 são 285.115.080 tablets, 192.075.630 notebooks e 98.148.310 desktops. Na divisão aproximada por sistema operacional, o Android fica com 65%, o iOS com 30% e o Windows Phone com 5%.
Fica evidente que o tablet avança para ser o “PC” principal das pessoas, não só pela praticidade, disponibilidade de aplicativos, mobilidade, baixo preço. Conta aqui também a melhoria das interfaces de telas sensíveis ao toque, de reconhecimento de gestos e de voz.
Registre-se a demora de 3 anos da Apple em reconhecer o mercado de tablets de 7″, com seu iPad Mini. A pulverização da plataforma Android entre centenas de fabricantes explica parte desses números. E os tablets de 7″ são muito práticos. Mas também não explicam tudo.
Na verdade, o grande crescimento em unidades vendidas e participação no mercado de dispositivos digitais móveis vem da venda de smartphones. Usando o complemento da definição da Canalys para PCs, os smartphones seriam os dispositivos pessoais com tela medindo menos de 7″ na diagonal e que até fazem ligação telefônica. E com a internet de alta velocidade, boa cobertura, preços acessíveis e as três interfaces funcionando bem -tela sensível, reconhecimento de movimentos e de voz-, dá para concluir que o smartphone é o principal PC das pessoas.
Afinal, no terceiro trimestre de 2013, mais de 250 milhões de smartphones foram vendidos no mundo, um bilhão em números anualizados! Em 2014, 1,25 bilhão de unidades!
A estratégia dos Angry Birds
Recebi comentários a favor e contra minhas observações sobre os Angry Birds e o marco que essa proposta representa no mercado de games.
Agora, vem o anúncio do novo game, o Angry Birds Go!, a ser lançado em 11 de dezembro. Nele, os pássaros viram pilotos de carrinhos que descem ladeira abaixo.
São várias pistas, claro, na ilha dos porquinhos verdes que aprontam todo tipo de surpresas. E você fica associado a um pássaro ou a um porquinho, ou seja, é o piloto de fato do carrinho. Dependendo da posição de chegada, você recebe prêmios em moeda virtual dos Angry Birds. Acumulando dinheiro, você pode incrementar seu carrinho, seja do ponto de vista estético, seja em melhorias mecânicas, a seu critério.
Você deve poder comprar os Telepods, réplicas físicas dos personagens, seus acessórios e equipamentos, produzidas pela Hasbro, assim como aconteceu na série Angry Birds Starwars, onde a franquia de George Lucas casou-se impecavelmente com os passarinhos da Rovio. Não por acaso, a turma conectada com até 7 anos de idade –platéia favorita para os Angry Birds– passou a incorporar a seu vocabulário os nomes Luke Skywalker, Chewbacca, Princesa Lea, Jedi. E cada Telepod virá com um QR Code para poder ser escaneado para captura da imagem e incorporação ao joguinho.
Logo, logo, esses bichinhos e carrinhos estarão nas lojas de brinquedos, em roupas, mochilas e um sem-número de adereços. Já existem patrocinadores de corridas de automóvel das mais diversas categorias negociando a colocação de suas marcas nas pistas, nos carros e nos capacetes do Angry Birds Go!
Não por acaso, a Rovio liberará, simultaneamente, versões Android, iOS, Windows Phone e até mesmo Blackberry, acreditem! Ou seja, para todo mundo.
Do ponto de vista tecnológico, o segredo está na capacidade da Rovio de desenvolver um game que vai servir a todas as plataformas de dispositivos móveis. Sob a ótica de mercado, associar os pássaros a temas que interessam aos pequenos e aos não tão pequenos assim. Sucesso à vista!
Grátis o joguinho? Claro, que nem o Google, o Facebook… A receita vai para a Rovio do mesmo jeito, e em borbotões!
Microsoft compra Nokia: Novo Capítulo da Tecnologia?
Na madrugada desta terça, 3 de setembro, Steve Balmer e Stephen Elop, CEOs respectivamente da Microsoft e da Nokia anunciaram uma bola cantada há mais de dois anos: A Microsoft comprou, por US$ 7,2 bilhões a Divisão de Dispositivos e Serviços da Nokia. Resumindo, seu negocio de celulares.
Vale a pena ler a carta assinada por Steve & Stephen, onde essa junção de forças pretende, nada menos do que escrever o próximo capítulo da história da tecnologia e da mobilidade. Compromisso ousado!
A Nokia fica com seus negócios de serviços de rede e de localização e mapas, este último um fenômeno gerador de caixa para a empresa finlandesa.
Olhando o negócio do ponto de vista do passado, a Microsoft tinha por objetivo colocar um computador em cada casa; a Nokia, um celular em cada bolso. De um jeito ou de outro, ambas tiveram sucesso, que renderão estudos décadas à frente.
Mas foi exatamente esse sucesso do passado que criou a necessidade de preservação das bases de clientes. Esse generoso legado impediu que ambas pudessem entrar de cabeça no mundo da conectividade para concorrer com Google, Apple e Facebook.
Essa transação, que ainda precisa passar pelos trâmites junto aos acionistas da Nokia, de Comissões de Valores Mobiliários e de agências reguladoras, deve estar concluido anda no primeiro semestre de 2014.
O que dá para vislumbrar é um fortalecimento do Windows Phone como sistema operacional para smartphones e tablets, usando aparelhos da Nokia. A nova Microsoft entra para valer no negócio de hardware, antes com representatividade apenas através de sua bem sucedida linha de consoles, o XBox.
Uma boa aposta é para o fim mais rápido dos celulares comuns, pois, com a Microsoft dando as cartas na Nokia, o interesse em sistemas operacionais diferentes do Windows Phone é zero.
Essa cartada parece sinalizar o encerramento com festas da era Steve Balmer na Microsoft, que, ironicamente, pode ser substituido pelo seu quase xará da Nokia, Stephen Elop, aliás, ex-Microsoft.
Vale ficar atento para o desenvolvimento desse ecossistema centrado nos diversos sabores do Windows, que pretende estar em qualquer dispositivo digital do futuro. Se der certo, será, efetivamente, o próximo capítulo da tecnologia.
Microsoft Office agora também para Android
O que o mercado aguardava há meses aconteceu: a Microsoft disponibiliza a versão do Office Mobile também para a plataforma Android. Anteriormente, os usuários de smartphones e tablets com Windows Phone tinham sido os primeiros brindados. Logo em seguida, a versão para o iOS da Apple foi bem recebida. Com esse último anúncio, a Microsoft permite acesso a sua mais popular suite de aplicativos para praticamente todo o mercado.
O requisito é ter uma assinatura do Office 365 Home Premium ou ProPlus. Aí é só baixar o App no Google Play, fazer o login e pronto: você tem acesso aos documentos criados por sua empresa ou por você para revisão, comentários e até mesmo para apresentações através de seu tablet ou smartphone.
Não espere, porém, a dispensa total da versão plena do Word, do Excel ou do Powerpoint. Já pensou tentar editar no smartphone uma sofisticada planilha com várias folhas, dezenas de colunas, centenas de linhas, com fórmulas complexas, links, imagens e gráficos os mais variados? Para isso, o desktop e o notebook ainda são insubstituíveis…
O que mais me agrada, como veterano usuário da família do Microsoft Office é a sua disponibilização na nuvem, via SkyDrive (belo serviço, por sinal) e a possibilidade de acesso através de todos os dispositivos digitais de meu uso, pagando taxas razoáveis pelo serviço, em vez daquela burocracia complexa par atualização de licenças, a cada nova versão.
Por mais que o mercado ofereça alternativas simpáticas ao Office, na prática o padrão corporativo ainda é ditado pelo trio Word, Excel, PowerPoint.
E isso não vai mudar tão cedo.
Mobilidade 2013-2016
2013 será o ano dos smartphones. Pela primeira vez, o total de unidades vendidas bate na marca do bilhão, ou 52% de todos os celulares faturados no ano. Em 2016, ano da Olimpíada no Rio, as vendas totais podem chegar a 1,7 bilhão, com 78% de market share de telefones celulares. Definitivamente, os aparelhos comuns passam para a história da tecnologia.
Quem aponta esses números impressionantes é a Gartner, a principal empresa de pesquisa de tendências tecnológicas do mundo digital.
Os tablets também avançam, de 200 milhões de unidades este ano para mais de 400 milhões em 2016. Em 2014 ou 2015 os tablets ultrapassam o total de notebooks e ultrabooks vendidos. E tudo indica que esse novíssimo mercado de tablets será fatiado em partes quase iguais entre as plataformas iOS, da Apple, e Android, do Google. A Microsoft fica num distante terceiro lugar, com uma fatia fininha da pizza. E o resto, bem… o resto nem aparece no mapa.
O segmento dos smartphones será fortemente dominado pelos aparelhos powered by Android. A Gartner prevê que, em 2016, o número de unidades vendidas com Windows Phone pode superar o de iPhones, colocando de vez a empresa de Bill Gates na primeira divisão do mundo da mobilidade. Já Blackberry, Nokia e outros menos cotados, com sistemas operacionais proprietários, ficam com nichos inexpressivos.
A liderança dos smartphones com Android tem a ver com a variedade de fabricantes que adotam o sistema operacional do Google, com aparelhos mais básicos a preços de referência por volta de 40 dólares, com acesso a internet, WiFi e Bluetooth.
A diferenciação entre dispositivos também fica mais embaçada, com o surgimento do phablet, um smartphone com tela gigante ou um tablet com tela pequena, entre 6″ e 8″. Sem contar os híbridos, mistos de tablet com notebook ou ultrabook, com teclado destacável.
A Gartner descreve também tablets com telas de até 27″, tamanho razoável para um televisor de LCD para ambientes pequenos. E com os televisores cada vez mais conectados, só falta tê-los também com tela sensível ao toque.
Ou seja, em 2016, uma geladeira conectada à internet e administrando seu estoque de comida não é algo fora do razoável. Inclusive com um tablet destacável que possa lhe dar aulas de culinária, com os melhores chefs do mundo, de modo que você possa preparar pratos estrelados para seus amigos.
Confuso? Também acho. Mas é bom ir se acostumando…
Quem dominará o mercado de smartphones?
Benedict Evans publica uma postagem onde mostra a tendência da mobilidade digital, com smartphones tomando conta do pedaço.
Começa em 2008, quando o termo smartphone era neologismo, mas os celulares que faziam algo além de falar e mandar mensagens de texto já existiam e o mercado era dominado pela finlandesa Nokia e pela canadense RIM, fabricante do Blackberry, sucesso de público no mundo corporativo. O iPhone apenas engatinhava, com traço na audiência total. Era quase que 3/4 para a Nokia e 1/4 para a RIM.
O que aconteceu nos anos seguintes foi um crescimento forte da Apple até ter quase 20% do mercado, no primeiro trimestre de 2010. Aí, mesmo com o lançamento do iPad, surge de modo avassalador o fenômeno Android, que, sem piedade, joga o market share da Apple para algo entre 12% e 15%, desidrata os antigos donos do mercado e ignora as incursões da Microsoft com o Windows Phone.
O mercado de smartphones e tablets segue crescendo de forma vertiginosa, e a distribuição atual é parecida com a de 2008, só que com novos atores: o Android está hoje em 3 smartphones para cada 1 iPhone. O resto é traço.
Duopólio à vista? Não é o que parece! Apple e iOS seguem sendo uma coisa só, fechada e muito bem sucedida no topo do mercado; O Andoid, do Google, é um sistema operacional aberto que está nos dispositivos de dezenas de fabricantes.
E aí aparece um novo fenômeno: a coreana Samsung, com sua série Galaxy de smartphones e tablets desfruta de uma folgada liderança no mundo Android.
Indo adiante nos números, um gráfico do trabalho de Evans mostra que, enquanto a Apple tem, no 1º trimestre de 2013, 12% do mercado, a Samsung, o dobro disso, e os demais ainda predominam, em unidades vendidas; quando analisamos a receita total, ela é quase a mesma da Apple, da Samsung e do resto; quando o tema é grana, nas margens operacionais, a Apple tem 60%, Samsung 35% e os demais só 5%.
Duopólio Apple + Samsung? Pouco provável, lembrando que as cordinhas do Android seguem sendo manipuladas pelo Google, que se preocupa com a dominação da Samsung em seu território, e esta diversifica estrategicamente para o mundo Microsoft, player nada desprezível.
Daqui a 5 anos, a história e os atores podem ser diferentes. Mas, por enquanto, esses 3 nomes seguem ditando os rumos no mundo da mobilidade digital.
Concentrando os atores
Duas notícias no mesmo dia sacodem o mercado: A HP desiste do mercado de desktops, notebooks, netbooks, tablets e smartphones; a Nokia anuncia o abandono de seu sistema operacional campeão de vendas, o Symbian.
A surpresa vinda da HP é pelo timing. No que toca aos computadores, o avanço dos asiáticos de baixo preço, especialmente no mercado da pessoa física espremeram demais as margens. Lembrando da IBM anos atrás quando passou o boné para a chinesa Lenovo, mas embolsando uma graninha. Agora, nem isso.
Nos tablets e smartphones a HP nem chegou a decolar. Meses depois de fazer uma nova aposta no renomeado WebOS, sistema operacional herdado da adquirida e pioneira Palm, era estratégia ousada da companhia ser uma alternativa viável aos competidores iOS, Android e Windows Phone. O recuo soou como algo mal planejado. O mercado bateu pesado no valor das ações, na sexta, e, já na segunda, sinalizava com uma recuperação parcial. Algo como que susto! ao saber das novas seguido de um talvez não tenha sido tão mal assim.
Os chamados consumíveis, um eufemismo para cartuchos de tinta e toner para impressoras seguem gerando caixa para a HP, mesmo com a concorrência acirrada. E a área de serviços segue embalada. Aqui, de novo, parecido com o que vem fazendo a também gigante IBM.
Já a Nokia, ao dizer que acaba a produção de celulares com Symbian para o mercado da América do Norte assume que a evolução desse sistema operacional está congelada e dá ao mesmo tempo um poderoso aval e incentivo aos concorrentes e deixa evidente que aposta todas suas fichas na plataforma Windows Phone, da sua parceira Microsoft.
Então dá para assumir que os smartphones vão acelerar suas taxas de crescimento e que as vendas de tablets -mercado inexistente até o primeiro trimestre de 2010- também disparam.
E a definição da próxima bola da vez, para mim, está definida: a RIM, fabricante do Blackberry, hoje sucesso de público no mercado corporativo, vai ser fortemente pressionada pelos atores gigantes. Não será novidade se ela for, finalmente, adquirida por algum desses mencionado aí no início do post.
Ah! Não podemos esquecer o também recente anúncio da compra da Motorola Mobile pelo Google. movimento no mínimo estranho para um gigante que produz o Android como plataforma aberta e agora sinaliza que pode turbinar as vendas de smartphones fabricados em casa, em detrimento de seus muitos parceiros globais,
A concentração dos fornecedores deve se acentuar. Quem ganha? Quem perde? Façam suas apostas!