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Alibaba

AlibabaAlibaba entrou nesta terça-feira com a papelada para uma oferta pública de ações, nos Estados Unidos, de US$ 1 bilhão. Mas é possível que esse acabe sendo o maior IPO de tecnologia de todos os tempos, ou, no mínimo, próximo aos US$ 19 ou 23 bi do Facebook. Os mais otimistas falam em mais de US$ 100 bi como valor de mercado do Alibaba.

Mas afinal, o que é Alibaba ? Se você não sabe ou associa aquele personagem do bem que comandava 40 ladrões e que guardava suas pilhagens numa caverna, para depois distribuir parte das riquezas aos pobres, saiba que você não é o único no mundo.

O Ali Babá das lendas árabes, acima de tudo, era um comerciante. Sua séde era bem tecnológica, até pelos padrões atuais, pois só abria com uma senha de voz: Abre-te Sésamo!

O Alibaba de hoje também é bom comerciante, e daqueles globais, chinês que é, com a tradição mercantil de milênios, mundo afora. Começa pelo valor estimado de US$ 1 bi: é só para economizar as taxas de lançamento na Bolsa americana, que são calculados como um percentual do valor estimado. Na verdade, o Alibaba espera trazer para sua caverna (desculpe, sua tesouraria) entre US$15 bi e  US$20 bi.

Esse Alibaba chinês do IPO é uma empresa fundada em 1999, já no radar de alguns anaiistas do setor de tecnologia e investidores no exterior é grande. É pouco conhecido fora da China e de alguns países asiáticos, embora tenha negócios mundo afora, Brasil inclusive.

Alibaba chinês é um gigante do comércio eletrônico.

Vamos entender o Alibaba?

O Grupo Alibaba é a maior empresa de comércio eletrônico na China e, dependendo do ponto de vista, a maior do mundo. É formada por dois grandes sites de compras: o Taobao , lançado em 2003 para competir com eBay na China, e o Shopping Taobao (Tmall), um shopping on-line.

O Alibaba não concorre diretamente com a Amazon. Ele não compra nem vende um único lápis, nem tem problemas de logística, nem centros de atendimento. É apenas uma plataforma digital para que consumidores e fornecedores façam negócios, de e para qualquer parte do mundo. São milhões de fornecedores dos mais diversos tipos, de agulhas a automóveis e aviões, de serviços de software a encanadores.

O Alibaba cobra um custo pelos cadastros dos vendedores e suas ofertas, mais uma comissão de vendas. Com seus lucros,  ele investe em um operador chinês de lojas de departamentos, e nas empresas de Apps de mensagens Tango e Weibo, este a versão chinesa do Twitter que recentemente foi à Bolsa. Negocia para comprar a Alipay, um serviço de pagamento digital concorrente do PayPal .

O Alibaba teria faturado mais de US $ 3 bilhões no quarto trimestre de 2013, representando 66 % a mais em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Seus lucros brutos no mesmo período alcançaram estonteantes US $ 2,4 bilhões.

Segundo fontes do Wall Street Journal, o volume de vendas combinado do Taobao e do Tmall alcançaram US $ 240 bilhões em 2013.

O Alibaba foi fundado em 1999 por Jack Ma, que ficou interessado em criar empresas de Internet depois de ficar on-line pela primeira vez , em 1995, durante uma viagem a Seattle.

O segredo para o sucesso da caverna digital do Alibaba pode ter sido o mercado em forte crescimento na China, com a incorporação de centenas de milhões de consumidores conectados, com o pioneirismo dos conceitos de Jack Ma. A hora certa, a oportunidade certa, o lugar certo. Combinação imbatível!

O comércio eletrônico na China deve ultrapassar os Estados Unidos dentro de alguns anos, em linha com o crescimento do seu PIB, que deve ultrapassar o americano ainda em 2014, pelo critério de Purchase Power Parity.

O Alibaba considerou inicialmente o lançamento de ações na Bolsa de Valores de Hong Kong, mas pensou grande, para poder ter os benefícios da estar listado em Bolsa nos EUA, pelas regras de governança e transparência exigidos, que dariam à marca credibilidade global, ou quase isso.

Num momento em que o tsunami de investimentos em empresas de tecnologia dá sinais de arrefecer entre os investidores globais, o IPO pode chegar num cenário morno, em parte devido aos valores altos de algumas avaliações de preços. O mercado pode mudar, no caso de um IPO robusto do Alibaba.

Um efeito colateral para o mercado seria uma bela turbinada no venerando Yahoo, detentor de uma participação de 24% no capital do Alibaba, e pode embolsar até US$ 10 bilhões com o IPO. E essa grana toda daria ao Yahoo e à sua charmosa CEO Marissa Mayer importantes recursos necessários para fazer suas próprias aquisições de empresas, dando vida nova a essa que já foi a campeã das buscas até ser superada pelo Google.

Previsões Tecnológicas de Longo Prazo? Leia Essa:

Prever o longo prazo em tecnologia é complicado. Só com modelos matemáticos complexos e com uma ampla e profunda base de dados dá para chegar em rumos possíveis no horizonte de 20, 30 anos. Como faz a Technology Futures, de Austin, Texas.

Mas, no dia-a-dia da tecnologia, por mais experiência que se possa ter, há espaço para muitos acertos e alguns erros ruborizastes, daqueles que vale pensar em varrer para baixo do tapete.

Mas não vou fazer isso comigo mesmo. Ao contrário, vou resgatar uma postagem que fiz em 9/01/2006, contemplando minha visão de futuro.

Até que, no geral, não me saí mal… A chegada dos laptops, o ocaso do Orkut, a demora na chegada da TV Digital, a banda larga que continuaria estreita, o impacto no marcado com a chegada dos computadores da Apple com processadores Intel, que quebrariam de vez a barreira com o mundo Windows.

Mas furei feio ao louvar o MySpace, que, embora tomasse a dianteira das redes sociais, ao ponto de ser relevante na eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos (2008), não enxerguei a possibilidade de alguma outra proposta tratorar o então queridinho dos analistas, que conquistava até os brasileiros. Não tive cuidado, ou tempo, de verificar uma outra rede social nascente, mas já no mercado: O Facebook, que, um mês depois, comemoraria dois anos de lançamento. Mark Zuckerberg? Sabia que ele andava às turras com seu sócio Eduardo Saverin.

Furei também ao criticar a teimosia de Steve Jobs em insistir no modelo do iPod + iTunes Store, ao vender músicas a US$ 0,99 cada. Com a chegada de novos e mais baratos players de mp3, e os sites de compartilhamento de músicas bombando, não consegui ver então que a estratégia da Apple era outra: deixar o lançamento do iPad para mais tarde e colocar no iPod Touch um microfone, uma antena e circuitos de telefone celular, um tal de iPhone, que seria lançado 17 meses depois.

A quantidade de previsões corretas que fiz para 2006 é fortemente majoritária. Diria que, ao final de 2006, estava bem conforme ao que aconteceu durante o ano. Mas, olhando o looongo prazo de 2 a 5 anos…

Então, todo cuidado é pouco. Melhor começar a aplicar os modelos da Technology Futures para tentar ser mais preciso. Ou reler o imperdível livro Minitrends, do meu amigo e Chairman da TFI, John Vanston. Lá ele ensina como as pequenas marolinhas tecnológicas podem se tornar verdadeiros tsunamis no mercado, como aconteceu com o Facebook e com o iPhone.

Esse livro está à venda nas lojas de livros digitais, em inglês, e ganhou vários prêmios, como:

  • The Pinnacle Book Achievement Best Business Book Award Winner
  • Eric Hoffer Business Book of the Year Winner
  • Finalist: ForeWord Reviews’; USA Book News; Global Business eBook

E eu, modestamente, agradeço a citação do John de meu nome, no preâmbulo do livro, por ter sido parte das suas fontes de inspiração. Deve ser porque ele não leu essa minha postagem de 2006…

 

O momento mais importante da Copa 2014

Eu gosto de futebol. Faz tempo! Em 1950, era criança, morava no Rio, mas não fui ao Maracanã ver Brasil x Uruguai. Naquele tempo, não havia TV. Ouvi pelo rádio a final do Maracanazo, e depois o silêncio ensurdecedor das ruas com a perda da Copa para os vizinhos uruguaios.

Chego à Copa de 2014, de novo aqui no Brasil, morando em Curitiba, minha cidade natal. Para não ficar de fora, o máximo que consegui foi o ingresso para ver Irã X Nigéria, que deve ser um jogão de bola! Um dos dois, ou os dois serão finalistas antecipados, ou melhor, o final da Copa para esses times deve ocorrer ainda na primeira fase…

Mas, de novo, aqui é um blog de tecnologia e vou comentar sobre o que será, na minha perspectiva, o ponto marcante da Copa. Antes do jogo inaugural Brasil x Croácia, veremos o chute simbólico inicial. Terá quase zero de conteúdo esportivo e uma quantidade incomensurável de superação humana e de demonstração  da capacidade da ciência de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

WalkAgainNo caso, pessoas muito especiais, paraplégicos, selecionados pela equipe comandada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que conseguiram criar um exoesqueleto, simplificadamente um robô, que, acoplado ao corpo de uma dessas pessoas com limitações de movimento, dará esse chute, na presença de 70.000 torcedores no estádio e de mais de 1 bilhão, pela TV e pela internet.

Se tudo correr bem, haverá uma demonstração clara do poder do conhecimento científico, de sua aplicação, e do potencial criado para tornar essa solução pioneira em algo de uso comum, em um futuro não muito remoto.

Dará um recado ao mundo sobre os talentos brasileiros envolvidos no projeto, iniciado pelo Dr. Nicolelis nos Estados Unidos, na Universidade Duke, onde ele ensina e faz pesquisas.

O mundo científico sabe quem é o Dr. Nicolelis. O mundo das pessoas comuns, como nós, pouco ou nada sabem. Se fizerem uma pesquisa no Brasil sobre quem é esse tal de Nicolelis, provavelmente a resposta mais comum vai ser um “não sei“, seguido talvez de “um jogador da Grécia?“.

Como vai funcionar?

Um brasileiro especial entrará em campo no Itaquerão em São Paulo, no próximo dia 12 de junho, equipado com esse exoesqueleto comandado por seu cérebro e vai dar o chute inicial. Detalhe: essa pessoa é paraplégica e estará andando!

Esse engenho construído com metais leves e alimentado por um sistema hidráulico e muita eletrônica digital poderá, um dia, tornar obsoletas as cadeiras de rodas.

O brasileiro Miguel Nicolelis lidera uma equipe de diversas universidades em vários países nesse projeto para construir uma “roupa” para pessoas paraplégicas.

“Todas as inovações que estamos reunindo para este exoesqueleto tem em mente o objetivo de transformá-lo em algo que possa ser usado por pacientes que sofrem de uma variedade de doenças e lesões que causam paralisia”, disse Nicolelis ao  jornal inglês The Guardian.

Um grupo de oito brasileiros paraplégicos, entre 20 e 40 anos, estão sendo treinados para usar o exoesqueleto. Três deles participam da cerimônia de abertura, e um ou uma vai andar em campo e dar o pontapé inicial.

Os mecanismos estarão ligados a uma espécie de touca na cabeça, feita com eletrodos que captam as ondas cerebrais do usuário. Esses sinais são interpretados por processadores digitais ligados ao exoesqueleto e os transformam em movimentos físicos. É pensar e pronto, as pernas se movem.

Para um universo de milhões de paraplégicos no mundo, essa perspectiva de poder um dia voltar a andar de forma autônoma é promissora.

A entrevista de Nicolelis ao programa Fantástico, da Globo, é mais do que ilustrativa, e pode ser seguida aqui. O video, em inglês, que mostra o projeto Walk Again, pode ser visto aqui.

O que importa é que essa abertura da Copa, dada por um paraplégico, chame a atenção das pessoas que decidem sobre nossa educação e para a necessidade de priorizar cada vez mais a pesquisa aplicada e o ensino das exatas e a criar paixão pela ciência. Se der certo, todo o imenso custo da Copa de 2014 terá valido a pena. Independente do resultado da final, com ou sem caneco.

Johannes Gutenberg e a Cerveja

Caldo-de-bituca-1Você gosta de cerveja? Eu gosto, especialmente as mais elaboradas, premium, como a curitibana Caldo de Bituca, ganhadora de medalha de ouro no Festival Nacional da Cerveja de 2014.

Mas esse é um blog sobre tecnologia. Vamos a ela:

Tecnologia inovadora significa ruptura, transformação. Vivemos em um mundo tecnológico, cada vez mais digital, e, de um modo geral, nos esquecemos das grandes invenções que mudaram o mundo.

No século 15, a Idade Média caminhava para seu fim, embora quem vivesse, à época, pouco poderia perceber as mudanças que viriam. A produção de livros era, na Europa, essencialmente feita em mosteiros, onde os monges aprendiam a ler e a escrever com capricho, treinados especialmente para copiar livros e outros escritos, na sua maioria de natureza religiosa.

GutenbergEsse ofício vinha de séculos, e, para atender o aumento da demanda nas igrejas e nos palácios, mais monges eram necessários para produzir livros. Aí surge o alemão Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, o inventor da prensa com tipos móveis e intercambiáveis, que permitiu a produção em escala de livros, sem a necessidade da cópia manual.

Resultado: os monges foram progressivamente perdendo o ofício, gerando problemas de custo para a igreja e requerendo um reposicionamento de mercado, por conta da revolução tecnológica causado pela prensa de Gutenberg.

Um dos países que mais sofreu foi a Bélgica, por conta da quantidade de mosteiros lá existentes. A saída encontrada foi reciclar os monges para o ofício de cervejeiros. Surgiram as clássicas cervejas trapistas, nos mosteiros dessa Ordem, que não só elevaram o nível de qualidade em relação às existentes, como permitiu o aumento de sua produção, exatamente à época em que começavam a florescer o comércio, as navegações marítimas e a arte da Renascença.

Com certeza, o mundo seria outro sem a revolução tecnológica de Gutenberg. Mas hoje, Sábado de Alelúia, brindemos à sua colaboração indireta para o surgimento de cervejas de qualidade! Tin-Tin, uma Feliz Páscoa!

Sobre o 1º de Abril Digital

Já viraram tradição as pegadinhas anuais de 1º de abril dos grandões, como Facebook, Google, Microsoft e mesmo de milhões de conectados. Trinta dos meus amigos do Facebook anunciaram sua saída da rede de Mark Zuckerberg. Todos ainda estão por lá, postando. Duas anunciaram gravidez, um disse ter ganho na Mega-Sena, esquecendo que 1º de abril foi na terça, dia sem esse sorteio na loteria.

E muita gente foi atrás do Desafio Pokémon, do Google, que prometia emprego na empresa para quem ganhasse o jogo de achar os bichinhos no Google Maps. O LinkedIn para gatos também bombou, sem falar nos shelfies do Gmail, que permitiria a quem usa esse serviço de email de partilhar (share) suas auto-fotos (selfies) com quem recebesse as mensagens.

Essa do shelfie até que achei uma boa idéia. Mas era 1º de abril.

Indo um pouco além da data, dá para perceber que o Dia da Mentira digital é recorrente, e cabe em qualquer dia do ano.

Basta ver os sites piratas, os anúncios enganosos, os perfis fakes, as fotos photoshopadas, os vídeos editados.

Mas a culpa não é da tecnologia. Trata-se do uso dos recursos tecnológicos e da capacidade da internet de propagar conteúdo devidamente calibrado, para os mais diversos fins, que não necessariamente ligados à pura diversão.

Talvez fosse o caso de alguém lançar o Dia da Verdade, quem sabe 1º de outubro, 6 meses depois do 1º de abril. Mas… acho que não daria certo, claro que não daria.

Mas, ao menos no Brasil, podemos ter o nosso Dia da Verdade, não em 1º de outubro, mas no domingo, 5. Dia de eleições gerais. E, daqui até lá, podemos usar as ferramentas tecnológicas ao nosso dispor para que possamos brincar no 1º de abril e falar sério no 5 de outubro.

Tecnologia e as promessas de campanha

Ainda falta chegar a Copa do Mundo, mas os atores do mundo político já se preparam para costurar alianças, ganhar tempo de televisão, estruturar propostas baseadas nas expectativas da população.

Segurança, Saúde, Educação, Infraestrutura, Meio-ambiente devem ser objeto de 11 entre 10 temas abordados no horário eleitoral.

E a tecnologia, que hoje é fundamental para cada uma dessas áreas?

Veremos discussões sobre inclusão digital, banda-larga gratuita, computadores e tablets nas escolas…

As redes sociais vão ser mais centrais nas estratégias de campanha, e por elas surgirão discussões interessantes e também muita baixaria.

Mas e aí, teremos propostas que sejam viáveis de implantar e que aproveitem ao máximo da tecnologia existentes para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e contribuintes? Como essa tecnologia pode ajudar na redução das desigualdades sociais, sem agredir o meio-ambiente?

Segurança X Privacidade; melhoria da qualidade na educação e na saúde; segurança pública e individual; a melhora rápida do Brasil nos diversos rankings globais que nos colocam, via de regra, em posições pouco invejáveis.

E como a tecnologia pode apoiar aumentos de produtividade em cada setor da economia, em cada região de nosso país? Essa questão é essencial para que possamos crescer a renda per-capita real sem pressões inflacionárias.

Não estou a querer pautar o debate eleitoral, até porque a tecnologia, em si, não é capaz de proporcionar essas melhorias que ansiamos, independente de posições partidárias. Mas a ferramenta é poderosa.

Se avaliarmos o desempenho das economias que mais cresceram no mundo nas últimas 4 décadas, veremos que todas elas usaram a tecnologia digital como aliada.

Pode até ser que esse debate sobre tecnologia não seja prioritário. E nem deve ser mesmo. Mas não há como imaginar que, por exemplo, os serviços públicos possam melhorar proporcionalmente ao crescimento do número de funcionários. Há que se modernizar a máquina, melhorar e simplificar processos, diminuir a burocracia.

Como existem infinitas possibilidades de usar a tecnologia para podermos crescer mais e melhor, não custa trazer esse tema à baila.

É bom lembrar aos candidatos que a maioria dos 150 milhões de eleitores habilitados a votar terão acesso à informação por conta da tecnologia. Tentar o discurso fácil para ganhar uma eleição pode não ser o suficiente. 

Veneza quer se separar da Itália

VeneziaA romântica e bela Veneza, ponto de referência para muitos roteiros de turismo na Itália, pretende usar a tecnologia para voltar a ser uma república independente, tal como o foi por mais de um milênio.

Eleitores locais convocaram um plebiscito pela internet, consultando os moradores da cidade e da região do Veneto sobre esse tema. A justificativa é que a Itália não funciona dreito como um país, e que não é justo que os venezianos sejam obrigados a pagar por uma estrutura de governo arcaica, inchada e inútil.

Do ponto de vista legal, tudo indica que esse movimento não tenha valor, e sirva apenas para agitar a opinião pública. Mas, no primeiro dia após seu lançamento, mais de 500.000 eleitores da região se manifestaram. É possível votar através do link Plebiscito.eu até esta sexta, 21.

Do ponto de vista histórico, Veneza foi um importante centro comercial e financeiro no Mediterrâneo, a conexão com o resto do mundo então conhecido. E Veneza hoje, ao vivo ou através de fotos ou vídeos, é associada a esse passado. Não parece high-tech

Assim, soa no mínimo surpreendente a iniciativa do plebiscito. Mais do que efetivamente gerar de fato a secessão, mesmo com a manifestação majoritária a favor, ao fim e ao cabo, Veneza seguirá sendo italiana.

Mas, de novo, a tecnologia provoca. Assim como as manifestações da chamada Primavera Árabe modificaram as forças políticas de vários países do Mediterrâneo, esse plebiscito virtual, incomparavelmente mais civilizado, marcará um novo debate sobre o papel dos Estados na vida dos cidadãos. Já se fala em Declaração de Independência e empresários consideram deixar de pagar impostos a Roma, se a maioria votar sim.

É pouco provável que ele seja replicado para outras regiões da Itália ou mesmo para outros países, mas a marca da manifestação ficará. Mostra, também, pela repercussão do tema nas redes sociais, que a política nas grandes democracias tende a mudar, com mais participação do cidadão.

Esse recado não pode e não deve ser ignorado por quem disputa eleições lá e cá. O mundo está mudando rapidamente, e a tecnologia é um poderoso vetor. Em Veneza ou aqui.

Boas e más notícias para a tecnologia em 2014

Com as novidades digitais já anunciadas pelas grandes empresas e também por promissoras startups, o ano de 2014 promete ser bem mais animado do que 2013.

Eu até arriscaria uma aposta de que, no Natal deste ano, veremos algum tipo de produto digital para vestir ou como acessório da moda que estará no hit parade dos mais cobiçados e vendidos.

Ou seja, não será por falta de opções ou tentações que você não incluirá uma dessas na sua lista de desejos ou de compras.

Televisores, laptops, tablets, smartphones, relógios, óculos, pulseiras, meias e camisas conectadas estarão nas prateleiras. Até para seu pet favorito você terá opções.

Essas são as boas notícias… As más, estão por conta de dois vilões, o dolar e os juros. Não é cenário de nenhum economista um ambiente de dólar a menos de R$ 2 nem de juros básicos em um só dígito, que dirá para financiamento ao consumidor.

Como esses gadgets possuem altos índices de insumos importados, já dá para ver nas lojas as diferenças de preços em relação ao início de 2013. Os mais óbvios televisores e computadores estão, na média, mais de 10% acima dos equivalentes de um ano atrás, e, na métrica dos fabricantes, nem toda a variação cambial foi repassada.

É certo que os reajustes ao longo do ano superarão a taxa de inflação. Assim, não espere pechinchas para a lista de Noel. E se você precisar da ajudazinha de um financiamento. as prestações serão salgadas ao ponto dar trabalho extra aos seus rins para se ver livre delas.

Uma consequência adicional que podemos imaginar é que as vendas caiam um pouco, ou cresçam menos, o que pode aumentar estoques e derrubar um pouco os preços finais. Mas, sem margens compensadoras, a indústria e os importadores poderão adiar o ciclo de novos lançamentos no Brasil, fazendo as novidades demorarem mais tempo para chegar por aqui.

Mas também é possível que eu esteja errado, ou pessimista demais. Afinal, em ano de Copa do Mundo e eleições, ambas no Brasil, quem sabe?

Carros conectados: qual o limite?

google-s-driverless-car-is-now-safer-than-the-average-driver-a52115750aO Google desenvolveu um carro que dispensa motorista e que funciona. Em estados americanos onde a legislação permite, lá vai um Google Driverless Car capturando imagens para o Google Maps. E quase sem acidentes. O único amassado que um deles apresentou foi quando o carro estava estacionado e um barbeiro qualquer provocou o acidente.

As montadoras também trabalham nessa linha, como a Audi. Conceitualmente, é parecido com o carro do Google, que, na verdade é a tecnologia driverless que o Google quer patentear para carros de série. O Google é do ramo de tecnologia digital, a Audi, do ramo de veículos.

Convergência à vista? Ou será que a GM acaba virando Google Motors?

A Audi demonstrou no CES 2014, em Las Vegas, o modelo A7 com a tecnologia que torna o motorista um opcional. O modo de condução automática usa radares e lasers para monitorar outros carros ao redor, enquanto a câmera, acoplada ao parabrisa, controla se o carro permanece dentro da faixa de rolamento. Um monitor LCD no painel de instrumentos mostra a representação do tráfego ao redor da veículo.

Do ponto de vista da estética, ganha o Audi.

Mas, se você decidisse comprar um Audi A7 com todo esse equipamento, você deixaria que ele andasse sozinho? Nessa máquina projetada para proporcionar o máximo conforto com emoção para quem dirige, faz sentido você investir e ir de passageiro? OK, não precisa contratar um motorista…

É verdade que esse carro-conceito da Audi serve mais como efeito demonstração, já que muitos componentes são de série em muitos de seus modelos e de outras montadoras, como o controle de velocidade adaptativo, que permite dirigir sem usar o acelerador, a velocidade constante, mas mantendo distância mínima do veículo à frente; os avisos de mudança inesperada da faixa de rolamento, ou de um carro chegando perto, na faixa ao lado; os radares embarcados para alertar o motorista sobre carros que venham em sentido contrário, à noite ou sob neblina, só para citar alguns.

TrabantPara mim, faria sentido, se fosse definir um carro alemão para dispensar o motorista, quem sabe um Trabant auto-conduzido não faria mais sentido?

Ou um taxi?

CES 2014: Sinalizadores para o futuro

O CES – Consumer Electronics Show 2014, realizado semana passada em Las Vegas, foi campeão, em termos de audiência. Nos 4 dias do evento, quase 160.000 visitantes chegaram de carro ou de avião, para a maior feira da cidade.

Las Vegas é famosa pelos cassinos, mas é a capital americana das feiras e convenções há 19 anos, onde o CES é o top.

Essa turma toda presente gerou cerca de US$ 195 milhões para a cidade. CES2014_1_201401101753331Como um evento de tecnologia, porém, a imensa maioria dos que viram ou souberam do CES estiveram remotos, conectados.

Vale a pena ver os números no blog do CES. O interessante é que 95% das fotos e vídeos tirados por internautas foram postados pelo Instagram.

Nas redes sociais, eis os 6 temas mais comentados e com mais fotos e vídeos sobre o CES 2014 sob a ótica de milhões de internautas:

  1. Wearables (Dispositivos vestíveis), repercutindo lançamentos, de óculos e lentes de contato a relógios, passando por meias, camisas, capacetes e roupas íntimas, tudo conectado
  2. Internet das coisas, que tratou dos lançamentos na área de dispositivos digitais que fazem casas automatizadas, carros inteligentes se comunicando com outros carros e com as estradas, geladeiras comprando em supermercados virtuais, máquinas automáticas para compra de energia e serviços de telecomunicações pela menor tarifa e centenas de outras propostas.
  3. Televisores Ultra HD, ou 4K, por mostrarem imagens 4 vezes mais nítidas do que os atuais Full HD, com telas de até 110″, ou 2, 70m na diagonal, já no mercado e com conteúdo disponível
  4. Tecnologia para saúde – com soluções usando sensores no corpo humano conectados a tablets e smartphones que oferecem medidas em tempo real, referentes a glicose no sangue, batimentos e pressão cardíaca, postura de coluna e pés, volume de ar respirado, hábitos de sono, monitores digitais para crianças e idosos e muito mais. Os dados podem ser compartilhados com fisioterapeutas e médicos.
  5. Impressão 3D deixa de ser uma curiosidade, com fornecedores oferecendo impressoras ou serviços de impressão em 3 dimensões, sinalizando para o acesso ao consumidor individual.
  6. Carros sem motoristas já com montadoras lançando carros-conceito, como Audi, BMW e Toyota.

Essas tendências já vinham sendo sinalizadas há pelo menos 3 anos, e em breve farão parte de nossos hábitos.