Sobre o 1º de Abril Digital
Já viraram tradição as pegadinhas anuais de 1º de abril dos grandões, como Facebook, Google, Microsoft e mesmo de milhões de conectados. Trinta dos meus amigos do Facebook anunciaram sua saída da rede de Mark Zuckerberg. Todos ainda estão por lá, postando. Duas anunciaram gravidez, um disse ter ganho na Mega-Sena, esquecendo que 1º de abril foi na terça, dia sem esse sorteio na loteria.
E muita gente foi atrás do Desafio Pokémon, do Google, que prometia emprego na empresa para quem ganhasse o jogo de achar os bichinhos no Google Maps. O LinkedIn para gatos também bombou, sem falar nos shelfies do Gmail, que permitiria a quem usa esse serviço de email de partilhar (share) suas auto-fotos (selfies) com quem recebesse as mensagens.
Essa do shelfie até que achei uma boa idéia. Mas era 1º de abril.
Indo um pouco além da data, dá para perceber que o Dia da Mentira digital é recorrente, e cabe em qualquer dia do ano.
Basta ver os sites piratas, os anúncios enganosos, os perfis fakes, as fotos photoshopadas, os vídeos editados.
Mas a culpa não é da tecnologia. Trata-se do uso dos recursos tecnológicos e da capacidade da internet de propagar conteúdo devidamente calibrado, para os mais diversos fins, que não necessariamente ligados à pura diversão.
Talvez fosse o caso de alguém lançar o Dia da Verdade, quem sabe 1º de outubro, 6 meses depois do 1º de abril. Mas… acho que não daria certo, claro que não daria.
Mas, ao menos no Brasil, podemos ter o nosso Dia da Verdade, não em 1º de outubro, mas no domingo, 5. Dia de eleições gerais. E, daqui até lá, podemos usar as ferramentas tecnológicas ao nosso dispor para que possamos brincar no 1º de abril e falar sério no 5 de outubro.
Vai viajar? Cuidado com seus planos!
Que seu celular pode estar grampeado por agências de inteligência e que suas conversas pelas redes sociais também, você já sabia, ainda mais depois das revelações do ex-NSA Edward Snowden, hoje asilado na Rússia.
A figura ao lado mostra um slide de uma apresentação da NSA sobre os tópicos que estavam sendo monitorados.
Mas nesta segunda, 27, o jornal New York Times revela que a coisa é mais abrangente do que podemos imaginar, e pode até causar problemas em sua próxima viagem. Como?
Você vem planejando com seus amigos aquela viagem de férias, mesmo com o dólar caro. Economizou uma grana, avaliou alternativas, buscou melhores preços e itinerários através de sites de viagem. E fez esse roteiro via Google Maps. Claro que você também usou seu smartphone e seu tablet para chats com os amigos e também pegou dicas com outras pessoas, conhecidas ou não, que já estiveram nesses lugares. É mais ou menos assim?
Pois saiba que a NSA e sua contraparte britânica armazenam tudo isso também nos seus supercomputadores. Aproveitando que os apps e os sites mais usados armazenam muitos de seus dados pessoais, os espiões verificam possíveis conexões suas que estejam enquadradas no perfil de um terrorista, ou até mesmo passando suas navegações nos algoritmos de identificação de suspeitos, e, sem querer, você pode ficar na mira.
Mas não é só isso. Enquanto você planeja a viagem, seus filhos ficam entretidos com os Angry Birds, em qualquer de seus apps famosos mundo afora. Até ali os dados de uso estão sendo monitorados.
Como reporta o Times, “a cada nova geração de tecnologia de telefonia celular, mais e mais dados pessoais são despejados através das redes onde os espiões podem capturá-los.
Dentre essas ferramentas de inteligência estão os aplicativos com ‘vazamentos’ que abrem tudo, desde códigos de identificação dos usuários de smartphones até os lugares onde eles estiveram naquele dia.”
Um leitor da Califórnia define bem o que acontece. Diz ele: “Os smartphones de hoje nada mais são do que dispositivos de rastreamento bem embalados que o usuário com orgulho e ingenuamente exibe por onde passa“.
LinkedIn proibe divulgação de prostituição e serviços de acompanhantes
A popular e poderosa rede social de contatos profissionais LinkedIn proibiu seus usuários de divulgar perfis e serviços de prostituição e acompanhantes. Através de uma pequena alteração unilateral em seu contrato com os titulares de suas contas, adicionaram o item B.8.i, que informa ser proibido, “mesmo que seja legal onde você está, criar perfis ou fornecer conteúdos que promovam serviços de acompanhantes ou prostituição“.
Não vou defender nem atacar as regras do jogo do LinkedIn, até porque posso simplesmente abandoná-lo, se não concordar com elas ou elas me incomodarem.
Vou tentar apenas fazer releituras livres desse item dos termos de uso: “OK, pode ser que no país onde você vive seja permitido, legal e regular a prostituição, mas na minha rede não tem disso não e eu proíbo, independente do que digam as suas leis“, ou ainda “meu contrato com você é superior às leis de seu país“.
O mundo digital é cheio desses tipos de conflitos, e você está no meio de muitos deles e talvez nem saiba. Quer saber? Então leia os “Termos de Uso” e as “Políticas de Privacidade” dos serviços que você usa na internet. Qualquer um.
Não é tarefa agradável ler esses longos conteúdos, mas costumo lembrar que eles são, no frigir dos ovos, contratos que você tem com esses provedores de serviço. E, mesmo que esses ramos proibidos não estejam no foco de suas prioridades, as regras estabelecidas pelos LinkedIn, Google, Twitter, Facebook da vida interferem diretamente na forma como seus dados pessoais são divulgados pela rede de forma viral, ou mesmo explorados com objetivos comerciais, sem que você tenha conscientemente autorizado.
Voltando à restrição específica do LinkedIn: quem garante que outras profissões, até menos polêmicas, não serão banidas da rede na sequência? Houve alguma influência de grupos de interesse, de estratégia de marketing ou simplesmente de valores considerados essenciais pelos que decidem os rumos dessa rede social?
Pense nisso!
LinkedIn chega a 100 milhões de perfis
Recebo um e-mail do Reid Hoffman, co-fundador e Chairman do LinkedIn para comunicar que a mais popular rede social de profissionais atingiu, esta semana, a marca de 100.000.000 de associados, e que eu faço parte de um grupo de early adopters, ou dos que fazem parte do primeiro milhão de profissionais cadastrados (o meu é número 433.691).
Se comparado com o Facebook, ele é quase sete vezes menor, mas, levando em conta seu foco em conectividade entre profissionais, o número é muito relevante.
Eu já tive a oportunidade de contratar ou recomendar profissionais pelo LinkedIn, e mesmo pedir ajuda em tópicos específicos de minha atividade profissional quando necessitei. E os resultados foram sempre surpreendentes, mesmo usando a versão basicona, gratuita.
O formato e o sucesso dessa rede de propósito específico mostra, sobretudo, o caminho para outras iniciativas muito focadas, e essa parece ser uma tendência inevitável, sem excluir as redes sociais de propósito geral, onde o Facebook reina com folga sobre os concorrentes.
Parabéns ao gordo simpático Reid Hoffman, extensivo a toda a equipe. Sigo usando o LinkedIn e recomendando a quem não conhece…
orkut e eu
Quando surgiu, o orkut virou uma febre. Especialmente entre os brasileiros, que logo estavam em maioria absoluta dentre os frequentadores. Talvez por causa disso o Google, seu dono, passou a manutenção da rede social para o Brasil, e alocou menos recursos para sua evolução.
Enquanto isso, apareceram novas alternativas, logo tornadas irrelevantes pela falta de evolução das propostas ou mesmo falta de apelo das novas funcionalidades. Aqui destaco o MySpace, que fica atrelada à figura de seu criador, e que criou um rótulo de ser a rede social de músicos, afastando os não-músicos.
Vale mencionar também o Second Life, que permitia ao internauta criar um completo espaço virtual, com área e construção própria, sem falar no seu avatar e no dinheiro próprio para lá viver e transacionar. Grandes empresas fizeram apostas pesadas comprando ilhas e países para mostrar novos lançamentos e até idéias em laboratório. Talvez tenha assustado o comum dos mortais ou este achou que não era o caso. Serviu de inspiração a Rod Cameron para seu filme genial. Só.
Aí temos as menos cotadas, como Tagged e Plaxo, uma que conta hoje com quase 100 milhões de perfis cadastrados, a imensa maioria de fakes, e a outra que mal e mal serve para atualizar cadastro de telefone, e-mail e aniversário dos participantes. Dessa última, como só a data de aniversário não muda, seus usuários cansaram de receber avisos que, de outro modo, já estavam na agenda ou eram de pessoas com pouca ou nenhuma interação.
Voltando ao orkut, eu recebi recentemente uma medalha virtual, ou selinho, sei lá, por ter um perfil há mais de 5 anos. Mas notei, também, que a maioria dos meus amigos reais ou virtuais estão mais ativos no Facebook, no LinkedIn e no Twitter.
Embora não tenha adicionado nem deletado amigos no orkut (até por passar raramente por lá), vejo que meus amigos também estão cada vez mais ausentes, e os assuntos interessantes igualmente rareiam. Proliferam as mensagens massificadas e animadas, que são mandadas por alguns renitentes em agitar o orkut que não pensam muito no perfil das pessoas que vão recebê-las.
Recebi também reclamações de amigos e amigas que tiveram seus perfís clonados ou então passaram a receber mensagens indesejadas e inconvenientes, o que mostra uma falta de ação por parte do orkut para tornar sua rede brazuca mais segura.
Pensei em deletar meu perfil do orkut, assim como já fiz, cronologicamente, com o Tagged, o Second Life e mais recentemente o MySpace. Mas, levando em conta que o orkut é um sobrevivente graças à teimosia dos brasileiros e por eu ser um estudante curioso das redes sociais, decidi manter meu perfil ativo, apenas para observar o que vai acontecer.
Sobram com vitalidade o Facebook, o LinkedIn e o Twitter, cada um com sua proposta e com facilidade de conexão entre eles. Vida longa aos três, ao menos até o final de 2011.
E lá ficarei em atividade, junto com este blog.