Quem dominará o mercado de smartphones?
Benedict Evans publica uma postagem onde mostra a tendência da mobilidade digital, com smartphones tomando conta do pedaço.
Começa em 2008, quando o termo smartphone era neologismo, mas os celulares que faziam algo além de falar e mandar mensagens de texto já existiam e o mercado era dominado pela finlandesa Nokia e pela canadense RIM, fabricante do Blackberry, sucesso de público no mundo corporativo. O iPhone apenas engatinhava, com traço na audiência total. Era quase que 3/4 para a Nokia e 1/4 para a RIM.
O que aconteceu nos anos seguintes foi um crescimento forte da Apple até ter quase 20% do mercado, no primeiro trimestre de 2010. Aí, mesmo com o lançamento do iPad, surge de modo avassalador o fenômeno Android, que, sem piedade, joga o market share da Apple para algo entre 12% e 15%, desidrata os antigos donos do mercado e ignora as incursões da Microsoft com o Windows Phone.
O mercado de smartphones e tablets segue crescendo de forma vertiginosa, e a distribuição atual é parecida com a de 2008, só que com novos atores: o Android está hoje em 3 smartphones para cada 1 iPhone. O resto é traço.
Duopólio à vista? Não é o que parece! Apple e iOS seguem sendo uma coisa só, fechada e muito bem sucedida no topo do mercado; O Andoid, do Google, é um sistema operacional aberto que está nos dispositivos de dezenas de fabricantes.
E aí aparece um novo fenômeno: a coreana Samsung, com sua série Galaxy de smartphones e tablets desfruta de uma folgada liderança no mundo Android.
Indo adiante nos números, um gráfico do trabalho de Evans mostra que, enquanto a Apple tem, no 1º trimestre de 2013, 12% do mercado, a Samsung, o dobro disso, e os demais ainda predominam, em unidades vendidas; quando analisamos a receita total, ela é quase a mesma da Apple, da Samsung e do resto; quando o tema é grana, nas margens operacionais, a Apple tem 60%, Samsung 35% e os demais só 5%.
Duopólio Apple + Samsung? Pouco provável, lembrando que as cordinhas do Android seguem sendo manipuladas pelo Google, que se preocupa com a dominação da Samsung em seu território, e esta diversifica estrategicamente para o mundo Microsoft, player nada desprezível.
Daqui a 5 anos, a história e os atores podem ser diferentes. Mas, por enquanto, esses 3 nomes seguem ditando os rumos no mundo da mobilidade digital.
A Apple anda muito quieta: Novidades na WWDC nesta segunda?
Segunda-feira, 10 de junho, começa a WWDC – Worldwide Developers Conference, evento anual que congrega profissionais de tecnologia ligados aos sistemas operacionais da Apple, o iOS e o OS X.
O WWDC reúne milhares de profissionais no gigantesco Moscone Center, em San Francisco, e lá são feitas apresentações de conceitos, novidades e rumos desse fascinante mundo Apple, distribuído por mais de 100 sessões em 5 dias.
Na edição 2013, veremos o new look do OS X do Mac, cada vez mais próximo e integrado ao iOS, e novidades no mundo dos aplicativos.
Mas a Apple anda muito quieta e misteriosa, ultimamente. Pode ser que aquela avalanche de lançamentos inovadores entre 2007 e 2011, quando surgiram e se consolidaram o iPhone e o iPad tenha se esgotado, com o ciclo de encantamento e ousadia caminhando para seu ocaso.
Muitos apostam que a Apple aproveita o evento para lançar a tão esperada iTV, uma TV de tela grande com jeitão de iPad, hiper conectada, para criar um novo segmento no topo do mercado de consumo, onde hoje coreanos e japoneses reinam soberanos. Outros vão para outra ponta, esperando de um iPhone de entrada, mais barato, para aumentar a base instalada do iOS em um mercado que está em expansão, à medida em que os celulares comuns dão lugar aos smartphones, nas mais de 5 bilhões de linhas ativadas.
A iTV é delírio. Posso ter de voltar aqui para me curvar à capacidade da Apple de surpreender mesmo o mais entusiasta. O “iPhonezinho” é fácil de produzir, mas terá uma característica que a Apple não gosta: menor margem de lucro!
A Apple hoje tem quase tantos dólares em caixa quanto o Brasil tem de reservas, e não tem dívidas!
Meu primeiro impulso é apostar que a Apple vai no rumo da digestão dessa quantia fabulosa de grana, distribuindo melhores dividendos aos acionistas e bônus mais gordos aos gestores.
Quando John Sculley assumiu a Apple e demitiu Steve Jobs, o desastre quase aconteceu. Mas a Apple era relativamente pequena em um mercado diminuto, comparado com o que temos hoje, no mundo de tecnologia. Lá atrás, não deu certo, e Sculley rodou para a volta triunfal de Jobs. E Tim Cook, o CEO atual, é do ramo, mas não é Jobs.
É, a coisa não fecha. Vamos especular, aguardando segunda-feira?
AppleCop em NY; Em Breve, Nos Melhores Pontos do Planeta!
A perspectiva de sermos todos explicitamente monitorados por conta dos recursos da tecnologia digital me desperta desde sempre visões conflitantes entre a privacidade e a segurança.
Para quem leu o 1984, de George Orwell (ou viu o filme, tanto faz), parecia que nada daquilo iria ocorrer e, ao contrário, a liberdade apresentada pela internet impediria para sempre a existência de um estado policialesco.
Pode ser, mas a notícia da colaboração da Apple com a Polícia de New York (NYPD) para ajudar na recuperação de iGadgets roubados é, no mínimo, instigante, quem sabe, preocupante!
Eu já usei o recurso Find My iPhone para encontrar meus iGadgets ou mesmo para bloquear um iPad que eu possa ter deixado aberto em algum lugar, mesmo que seguro.
Lendo a matéria do Mashable com atenção, consigo entender algumas coisas boas:
- A Apple procura valorizar seis produtos à medida em que aumenta a taxa de recuperação dos iGadgets roubados;
- A NYPD tem seu trabalho facilitado e tornado mais eficaz, e os primeiros resultados mostram isso;
- A vida dos ladrões fica mais complicada;
- O problema de furtos e roubos de aparelhos de valor com conteúdo de maior valor ainda passa a ser tratado pela comunidade, como uma PPP (Parceria Público-Privada);
- A experiência de New York pode ser replicada para outros lugares, aumentando a segurança dos usuários que, normalmente, zanzam mundo afora.
Mas existe o outro lado dessa história:
- A Apple talvez saiba mais sobre nossa vida digital do que gostaríamos de admitir;
- Essas informações podem ser usadas de muitas maneiras que sequer imaginamos;
- O que vale para a Apple também se aplica aos Google, Facebook, Twitter e outros menos visíveis;
- O arcabouço legal hoje disponível está a milhares de anos-luz atrás do desenvolvimento dos produtos e serviços digitais, e essa distância vai aumentar ainda mais, num futuro previsível;
- Supondo que tanto a Apple quanto a NYPD façam parte dos mocinhos dessa trama, nada impede que os bandidos digitais possam fazer a mesma coisa com nossos iGadgets e seu conteúdo;
- A experiência de New York pode ser replicada para outros lugares, aumentando a exposição dos usuários que, normalmente, zanzam mundo afora.
Será que ainda há tempo hábil para estabelecer um modelo onde segurança e privacidade estejam jogando no mesmo time?
Revolução X Resolução
A curiosidade era grande. Para variar, a Apple montou uma estratégia de sigilo e dissimulação sob controle, ou seja, criou a expectativa com o lançamento do que seria o iPad 3 (iPad HD, iPad Plus), fez o habitual sigilo “total” com vazamentos seletivos através de analistas e jornalistas conhecidos, excitou a imaginação dos blogueiros e, enfim, lançou nada mais, nada menos que o Ipad e a Apple TV.
Mas a grande questão era, e foi parcialmente respondida: Como seria o primeiro grande lançamento da Apple na era pós-Steve Jobs?
Os lançamentos em São Francisco, acompanhados globalmente, não decepcionaram, mas também não chegaram a mostrar muita coisa realmente nova, embora Tim Cook tenha afirmado que o novo iPad redefiniria a experiência do usuário com o tablet. Não é exatamente isso que saiu, mas também não foi uma decepção.
A chamada na página principal da Apple usa um termo muito bem sacado para o iPad novo: Resolutionary, ou uma brincadeira com as palavras Revolutionary e Evolutionary.
A Apple aposta na maior resolução como o centro da inovação para este ano. Ela é quatro vezes mais pixels por polegada do que nos já excelentes modelos anteriores, mas nada de revolução. É exatamente a mesma do iPhone 4.
Aí vem o processador mais rápido, o A5X, um processador gráfico de 4 núcleos, mais memória principal e uso da tecnologia celular 4G, esta ainda não disponível entre nós, e sem prazo para aparecer.
A Apple TV ficou no extremo conservador das expectativas. Os mais entusiasmados preditores usaram até as palavras de Walter Isaacson, o biógrafo oficial de Steve Jobs para inferir que a empresa da maçã finalmente entraria no mundo das TVs de tela grande (o iTV), para concorrer com as gigantes Sony, LG, Samsung e Philips. Nada disso. O que houve foi a evolução da pequena caixinha preta que serve de media center e custa (lá) US$ 99 e um monte de R$ (aqui) para um modelo que suporta Full HD e incorpora o já bom Genius do iTunes para tornar a busca de videos mais focada nas preferências do cliente.
Mas o que houve de impressionante foi a quantidade e a qualidade de aplicativos. Além da incorporação de funcionalidades no já excelente Garage Band, a disponibilização do iPhoto para o iPad e o iPhone, com uma interface muito bem cuidada e extremamente fácil de usar. Muitos deles já estão disponíveis e a maioria roda nos iPads e iPhones mais recentes, ou seja, nada fica obsoleto.
Surgiu também uma batelada de novos games que utilizam em pleno a resolução, a velocidade do processador gráfico e, claro, a adutora do 4G que permite velocidades pela rede celular de até 72Mb, coisa que nem temos idéia do que seja.
Sony, Microsoft, Nintendo, tremei!
Essa aposta inesperada da Apple nos games, e a forte participação de desenvolvedores externos surpreendeu a muitos analistas, pois isso era esperado para mais tarde. Mas as cartas estão lançadas, vamos ver como fica.
O grande ausente no iPad foi o Siri.
Pensando um pouco, um dia depois dos anúncios, parece óbvio que o iPad de 3ª geração (simplesmente iPad, sem adjetivos ou sufixos) é uma evolução, não uma revolução. Mas, ao focar na melhoria da experiência do usuário – o grande mantra da Apple- é muito provável que mais gente se renda a seus encantos.
Afinal, ficou muito mais fácil e mais agradável capturar e tratar fotos e vídeos, buscar entretenimento pago via iTunes Store (os livros passam a vir com resolução próxima a do papel impresso, algo que parecia difícil sem o uso da tecnologia eInk) e sinaliza para a consolidação do modelo iCloud e de uma aceleração da venda de aplicativos, músicas, vídeos e livros.
Sinaliza também para os próximos lançamentos, como o Mountain Lion, o novo sistema operacional do Mac, que deverá ficar bem mais próximo do iOS (6?). Ontem a Apple disponibilizou o iOS 5.1, já com boas novidades.
O maior desafio segue sendo a manutenção do crescimento. No último trimestre de 2011, a Apple cresceu impressionantes 76% em vendas, quando comparado com o último trimestre de 2010. Excelente para uma empresa que vale mais de meio trilhão de dolares na Bolsa e exibe robustas margens operacionais, mas manter essa taxa parece difícil, quase impossível.
Com a concorrência somada já encostando nos 50% de market share, o mercado de tablets já oferece excelentes opções na plataforma Android e agora, começando a aparecer nas estatísticas, a Microsoft deu um salto à frente de todos ao mostrar como será o Windows 8, uma coisa só para qualquer dispositivo.
O que parece continuar sendo o diferencial da Apple é a riqueza de conteúdo que só parece aumentar à medida em que a experiência do usuário fica cada vez melhor.
Pode ser que aí esteja a revolução, que muita gente não enxergou: a persistência de um modelo que vem dando certo nos últimos anos, que é a sedução do usuário. Afinal, no último trimestre de 2011 a Apple vendeu mais iPads do que a HP, lider mundial de omputadores, conseguiu faturar com notebooks.
E não custa lembra que, há apenas 2 anos atrás, quase todos os especialistas torciam o nariz para o iPad original, um iPhonão sem telefone ou um notebook sem teclado, diziam as cassandras.
Adobe X Apple e a caçapa cantada
Era uma questão de tempo: Nesta terça, 8/11, a Adobe anunciou uma reestruturação da companhia para focar-se em duas áreas de crescimento explosivo, mídias digitais e marketing digital. O que não fica muito claro na nota é a razão da demissão de 750 colaboradores de uma pancada só. Mas o motivo é um só: O Adobe Flash, ainda hoje dominante nas exibições de imagens e vídeos na internet, prepara seu passaporte para o museu.
Na versão para a imprensa, a Adobe diz que não fará mais evoluções do Flash para browsers de smartphones e tablets, justamente os segmentos de mercado que mais crescem, ao contrário dos desktops (queda acentuada), notebooks (em desaceleração) e netbooks (alguém viu algum novo modelo por aí?)
Quando o iPhone foi lançado em 2007, uma das principais críticas era exatamente essa, que o Safari não conseguia exibir videos criados em Flash. A Adobe e muitos rivais da Apple diziam ser essa uma estratégia suicida da turma da maçã; Steve Jobs batia firme dizendo que o Flash era proprietário e, ainda mais, suscetível a hackers e crackers, portanto não seguro. Para arrematar, o Flash seria um ogre no consumo de bateria, coisa ruim em dispositivos que se propõem a ser móveis e necessitarem um mínimo de conexão com a tomada de energia.
Mas eu via evidências de que a estratégia da Apple estava correta. O sucesso de seus produtos fez com que os portais e sites corporativos migrassem seus videos usando o HTML5, definitivamente o novo padrão.
Mas havia uma barreira: a Microsoft e sua dominância tanto em sistemas operacionais (Windows) e browsers (Internet Explorer) ainda aceitavam o Flash. Não mais: o IE 10 vem sem suporte para Flash, o que fará que, com o tempo, haja uma migração ainda mais forte para longe da ferramenta da Adobe.
Para o usuário comum, como a imensa maioria de nós, pouco mudará: continuaremos a acessar vídeos pela internet, e a vida segue normal.
Para os desenvolvedores que ganhavam seu dinheirinho usando soluções com a plataforma –paga– da Adobe, um mico que será resolvido reciclando suas estratégias de negócios, coisa que já vem ocorrendo de modo bem perceptível.
A Adobe deve seguir com seus planos anunciados dia 8, e ainda vai ter um carro chefe que lhe dá muita receita e muita margem: O Photoshop, aquele software de edição de imagens que tira defeitos de captura ou de origem das imagens e que 11 em cada 10 capas da Playboy são tratadas pelo programa.
Mas a forma de cobrança para o uso de licenças, tanto do Photoshop quanto de qualquer outro programa, está também se transformando, e para valer.
A falta de percepção da Adobe desse novo mundo da segunda década deste milênio pode explicar a queda do Flash. Mas isso é tema de uma próxima postagem…
O Siri Deles É Mais Temperado Que o Nosso
O grande impacto causado pelo lançamento do iPhone 4GS foi o tal do Siri, a interface de reconhecimento de voz que vem recebendo as melhores críticas, tem adoção em massa dos milhões de clientes do novo smartphone da Apple e, inclusive, já provoca hilárias piadas que só quem tem sucesso pode se permitir.
O Siri, por enquanto, só está bom no inglês, e, assim mesmo, o falado por norteamericanos e com algumas restrições a sotaques. Enquanto isso, ingleses, irlandeses, escoceses, australianos, neozelandeses e outros quetais parlantes da lingua de Shakespeare ainda experimentam algumas dificuldades.
Mas o Siri é excelente, e a ampliação para outros sotaques e mesmo para outras linguas é questão de tempo. Numa dessas, lá pelo segundo semestre de 2012, teremos o nosso sirizinho aqui também, falando e entendendo português.
O reconhecimento de voz pela máquina, de forma ampla e fácil, junto com as hoje disseminadas tela sensível ao toque e a internet de banda larga formarão o tripé de grande transformação na forma de interção digital entre humanos, fazendo com que as maravilhas do século XX pareçam pré-história. Podem anotar!
A Apple entendeu isso e, de certo modo, puxou a fila da inovação com seus smartphones, tablets e serviços de música, vídeo, livros e aplicativos, e agora sai de novo à frente com o Siri (lá, pronuciam síri, palavra paroxítona).
Mas, e aí, o título dessa postagem não tem nada a ver? Calma, estamos chegando lá…
Ocorre que o Siri não é um produto de criação autóctone da empresa da maçã. Ele veio junto com a compra, pela Apple em 2010, da empresa SRI (daí o nome Siri) junto com sua turma de brilhantes profissionais. E o negócio deles era um software de reconhecimento de voz.
Hoje leio a noticia que o co-fundador e CEO da SRI, o norueguês Dag Kittlaus saiu da Apple – apenas 12 dias depois do lançamento do já badalado assistente virtual lançado como a cereja do bolo do iPhone 4S.
O blog All Things D diz que Kittlaus estava há tempos planejando sua saída da Apple devido a um desejo de ter tempo livre, estar mais perto da família e debater novas idéias.
A SRI foi criada originalmente como um Instituto de Pesquisa sem fins lucrativos que, em 2008 foi contratado pelo Departamento de Defesa americano, através de seu braço de inovação, o DARPA, para criar um CALO (Cognitive Agent that Learns and Organizes), ou um agente cognitivo que aprende e organiza. Em outras palavras, uma interface amigável de reconhecimento de voz para interagir com humanos e os aplicativos em dispositivos digitais.
Bingo! Ali estava a grana, bem aplicada em jovens talentosos, mas que tirou o conceito de reconhecimento de voz do exotismo de aplicativos bonitinhos mas limitados e colocou-o de vez no uso prático, primeiro para os militares, agora para o grande público.
Assim também nasceu a internet, de um projeto puxado pelo avô do DARPA, o ARPA. Idem para a tecnologia capacitiva de telas sensíveis ao toque, que não requerem aquelas incômodas canetinhas.
Ou seja, a iniciativa de desenvolver a tecnologia veio de um projeto de governo, no caso, o Departamento de Defesa americano.
Agora chego à minha reflexão sobre o Síri deles e o nosso Sirí…
Aqui no Brasil, temos pelo menos dois excelentes exemplos de políticas de Estado que deram certo: na década de 40, visionários oficiais da recém criada Força Aérea Brasileira botaram na cabeça que o Brasil deveria fabricar aviões. Daí surgiram o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e a Embraer.
No campo da agricultura, céticos foram derrotados, décadas mais tarde, pelo pioneirismo e inovação da Embrapa, que hoje dá banho quando o tema é relacionado com a melhor e mais barata produção de comida. Sem muito alarde, o Brasil triplicou sua produção de grãos com um modesto aumento de área plantada; a produção de carnes virou um baita negócio para o país, dentre outros marcos.
Ou seja, há a possibilidade de sucesso em múltiplas áreas.
Eu vi algumas apresentações do Siri americano e achei fantástico! Agora precisamos ir atrás. O Brasil tem gente competente para inovar no mundo digital, e não só de forma periférica.
É hora de desenvolver bons projetos, unido o que de melhor há na academia, no governo e nas empresas brasileiras, com muita determinação e, especialmente, com muita colaboração.
O Siri Deles É Mais Temperado Que o Nosso
O grande impacto causado pelo lançamento do iPhone 4GS foi o tal do Siri, a interface de reconhecimento de voz que vem recebendo as melhores críticas, tem adoção em massa dos milhões de clientes do novo smartphone da Apple e, inclusive, já provoca hilárias piadas que só quem tem sucesso pode se permitir.
O Siri, por enquanto, só está bom no inglês, e, assim mesmo, o falado por norteamericanos e com algumas restrições a sotaques. Enquanto isso, ingleses, irlandeses, escoceses, australianos, neozelandeses e outros quetais parlantes da lingua de Shakespeare ainda experimentam algumas dificuldades.
Mas o Siri é excelente, e a ampliação para outros sotaques e mesmo para outras linguas é questão de tempo. Numa dessas, lá pelo segundo semestre de 2012, teremos o nosso sirizinho aqui também, falando e entendendo português.
O reconhecimento de voz pela máquina, de forma ampla e fácil, junto com as hoje disseminadas tela sensível ao toque e a internet de banda larga formarão o tripé de grande transformação na forma de interção digital entre humanos, fazendo com que as maravilhas do século XX pareçam pré-história. Podem anotar!
A Apple entendeu isso e, de certo modo, puxou a fila da inovação com seus smartphones, tablets e serviços de música, vídeo, livros e aplicativos, e agora sai de novo à frente com o Siri (lá, pronuciam síri, palavra paroxítona).
Mas, e aí, o título dessa postagem não tem nada a ver? Calma, estamos chegando lá…
Ocorre que o Siri não é um produto de criação autóctone da empresa da maçã. Ele veio junto com a compra, pela Apple em 2010, da empresa SRI (daí o nome Siri) junto com sua turma de brilhantes profissionais. E o negócio deles era um software de reconhecimento de voz.
Hoje leio a noticia que o co-fundador e CEO da SRI, o norueguês Dag Kittlaus saiu da Apple – apenas 12 dias depois do lançamento do já badalado assistente virtual lançado como a cereja do bolo do iPhone 4S.
O blog All Things D diz que Kittlaus estava há tempos planejando sua saída da Apple devido a um desejo de ter tempo livre, estar mais perto da família e debater novas idéias.
A SRI foi criada originalmente como um Instituto de Pesquisa sem fins lucrativos que, em 2008 foi contratado pelo Departamento de Defesa americano, através de seu braço de inovação, o DARPA, para criar um CALO (Cognitive Agent that Learns and Organizes), ou um agente cognitivo que aprende e organiza. Em outras palavras, uma interface amigável de reconhecimento de voz para interagir com humanos e os aplicativos em dispositivos digitais.
Bingo! Ali estava a grana, bem aplicada em jovens talentosos, mas que tirou o conceito de reconhecimento de voz do exotismo de aplicativos bonitinhos mas limitados e colocou-o de vez no uso prático, primeiro para os militares, agora para o grande público.
Assim também nasceu a internet, de um projeto puxado pelo avô do DARPA, o ARPA. Idem para a tecnologia capacitiva de telas sensíveis ao toque, que não requerem aquelas incômodas canetinhas.
Ou seja, a iniciativa de desenvolver a tecnologia veio de um projeto de governo, no caso, o Departamento de Defesa americano.
Agora chego à minha reflexão sobre o Síri deles e o nosso Sirí…
Aqui no Brasil, temos pelo menos dois excelentes exemplos de políticas de Estado que deram certo: na década de 40, visionários oficiais da recém criada Força Aérea Brasileira botaram na cabeça que o Brasil deveria fabricar aviões. Daí surgiram o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e a Embraer.
No campo da agricultura, céticos foram derrotados, décadas mais tarde, pelo pioneirismo e inovação da Embrapa, que hoje dá banho quando o tema é relacionado com a melhor e mais barata produção de comida. Sem muito alarde, o Brasil triplicou sua produção de grãos com um modesto aumento de área plantada; a produção de carnes virou um baita negócio para o país, dentre outros marcos.
Ou seja, há a possibilidade de sucesso em múltiplas áreas.
Eu vi algumas apresentações do Siri americano e achei fantástico! Agora precisamos ir atrás. O Brasil tem gente competente para inovar no mundo digital, e não só de forma periférica.
É hora de desenvolver bons projetos, unido o que de melhor há na academia, no governo e nas empresas brasileiras, com muita determinação e, especialmente, com muita colaboração.
Steve Jobs sai de cena… E daí?
A noticia da saída definitiva de Steve Jobs causou grande impacto no mundo da tecnologia digital. Afinal, goste-se dele ou não, seja você um Applemaniac ou um Appleskeptic, não dava para ficar indiferente.
Seu substituto, Tim Cook, um competente executivo vindo de empresas tradicionais de TI tem carisma zero, e, sob qualquer angulo, não tem nada a ver com Steve Jobs.
A bolsa derruba as ações da Apple, enquanto escrevo, mas os analistas as classificam como strong buy, ou seja, hora de comprar.
Claro que o previsível ocaso de Jobs nos futuros anúncios da Apple farão falta aos fãs de marketing e comunicação. Mas as chances de que os próximos lançamentos da empresa da maçã sejam pasteurizados por ausência de charme são nulas. O pipeline secreto de novos lançamentos vai até, pelo menos, 2016.
Mas não é isso o que mais importa, em um mundo cada vez mais digital e conectado. O ponto central dessa era pós-Jobs sinaliza para uma transformação profunda no mundo de produtos e serviços digitais. Afinal, já faz algum tempo que a Apple vem sendo referencia de inovação, qualidade e usabilidade. É, definitivamente, a empresa a bater.
Assim, antevejo um futuro menos centrado na busca do entendimento de como a Apple fica sem Steve Jobs, ou com seu papel minimiazdo, e mais no esforço brutal da concorrência para cativar consumidores com novidades que lhes rendam boas margens.
Mas que marca esse cara criou para nós, hein?
Concentrando os atores
Duas notícias no mesmo dia sacodem o mercado: A HP desiste do mercado de desktops, notebooks, netbooks, tablets e smartphones; a Nokia anuncia o abandono de seu sistema operacional campeão de vendas, o Symbian.
A surpresa vinda da HP é pelo timing. No que toca aos computadores, o avanço dos asiáticos de baixo preço, especialmente no mercado da pessoa física espremeram demais as margens. Lembrando da IBM anos atrás quando passou o boné para a chinesa Lenovo, mas embolsando uma graninha. Agora, nem isso.
Nos tablets e smartphones a HP nem chegou a decolar. Meses depois de fazer uma nova aposta no renomeado WebOS, sistema operacional herdado da adquirida e pioneira Palm, era estratégia ousada da companhia ser uma alternativa viável aos competidores iOS, Android e Windows Phone. O recuo soou como algo mal planejado. O mercado bateu pesado no valor das ações, na sexta, e, já na segunda, sinalizava com uma recuperação parcial. Algo como que susto! ao saber das novas seguido de um talvez não tenha sido tão mal assim.
Os chamados consumíveis, um eufemismo para cartuchos de tinta e toner para impressoras seguem gerando caixa para a HP, mesmo com a concorrência acirrada. E a área de serviços segue embalada. Aqui, de novo, parecido com o que vem fazendo a também gigante IBM.
Já a Nokia, ao dizer que acaba a produção de celulares com Symbian para o mercado da América do Norte assume que a evolução desse sistema operacional está congelada e dá ao mesmo tempo um poderoso aval e incentivo aos concorrentes e deixa evidente que aposta todas suas fichas na plataforma Windows Phone, da sua parceira Microsoft.
Então dá para assumir que os smartphones vão acelerar suas taxas de crescimento e que as vendas de tablets -mercado inexistente até o primeiro trimestre de 2010- também disparam.
E a definição da próxima bola da vez, para mim, está definida: a RIM, fabricante do Blackberry, hoje sucesso de público no mercado corporativo, vai ser fortemente pressionada pelos atores gigantes. Não será novidade se ela for, finalmente, adquirida por algum desses mencionado aí no início do post.
Ah! Não podemos esquecer o também recente anúncio da compra da Motorola Mobile pelo Google. movimento no mínimo estranho para um gigante que produz o Android como plataforma aberta e agora sinaliza que pode turbinar as vendas de smartphones fabricados em casa, em detrimento de seus muitos parceiros globais,
A concentração dos fornecedores deve se acentuar. Quem ganha? Quem perde? Façam suas apostas!


