Urgente: Um formato padrão para vídeos digitais!
Os saltos tecnológicos que mudam cenários, se dão em dois estágios: o primeiro, quando a inovação se mostra viável e começa a aparecer; o segundo, não menos importante, quando há a disseminação dessa tecnologia em escala suficiente para derrubar preços e torná-la acessível à maioria dos consumidores.
Ilustrando com dois exemplos: a disseminação de um documento eletrônico à imagem de sua impressão, hoje em dia, é sinônimo da extensão .pdf, desenvolvido pela Adobe e incorporado pela indústria, malgradas as tentativas da sua criadora de mantê-lo proprietário, sob o manto do programa Acrobat. Aplicativos leitores e editores de .pdf existem e abundam, muitos deles gratuitos.
Na outra ponta, o formato Flash de exibição de vídeos até que se ensaiou para repetir o feito do Acrobat, mas a Apple definiu que ele não seria admitido sob o sistema operacional iOS, que rodam nos iPhone e iPad. Muitos acreditavam que a Adobe venceria a batalha, e que a Apple iria incorporar o que era um formato dominante, até por permitir a exibição de videos de qualidade razoável, consumindo pouca banda, coisa indispensável no início da internet banda larga.
Faltou combinar com a indústria, que apostou no protocolo HTML 5, que permite que mais e mais vídeos possam trafegar e ser exibidos pela internet sem exigir licenças da Adobe.
Mas, no caso dos vídeos, a multiplicidade de formatos ainda não é confortável. Basta você ter arquivos com várias extensões, como .mov, .avi. , mp4, .wmv, .mpg e tantos outros ainda muito fortes e tentar editá-los sob um único formato. É complicado, requer múltiplos programas de edição, e acaba não ficando num formato que permita a exibição universal em qualquer dispositivo.
No caso de fotos, embora muitos formatos coexistam por aí, é inegável a dominância do .jpg sobre os outros, O mesmo ocorre com o formato .mp3 para áudio.
Com as câmeras de todo tipo que filmam com qualidade e a banda cada vez mais larga chega a vez do império dos vídeos sobre áudios e imagens estáticas, para registro de atividades humanas.
A guerra pelo padrão de vídeo segue acirrada. O sensato seria que a indústria se desse uma trégua e negociasse um standard, mesmo que não compulsório.
Como aconteceu com a USB e a HDMI para conexões entre dispositivos digitais. Seria ótimo para todos.
Adobe X Apple e a caçapa cantada
Era uma questão de tempo: Nesta terça, 8/11, a Adobe anunciou uma reestruturação da companhia para focar-se em duas áreas de crescimento explosivo, mídias digitais e marketing digital. O que não fica muito claro na nota é a razão da demissão de 750 colaboradores de uma pancada só. Mas o motivo é um só: O Adobe Flash, ainda hoje dominante nas exibições de imagens e vídeos na internet, prepara seu passaporte para o museu.
Na versão para a imprensa, a Adobe diz que não fará mais evoluções do Flash para browsers de smartphones e tablets, justamente os segmentos de mercado que mais crescem, ao contrário dos desktops (queda acentuada), notebooks (em desaceleração) e netbooks (alguém viu algum novo modelo por aí?)
Quando o iPhone foi lançado em 2007, uma das principais críticas era exatamente essa, que o Safari não conseguia exibir videos criados em Flash. A Adobe e muitos rivais da Apple diziam ser essa uma estratégia suicida da turma da maçã; Steve Jobs batia firme dizendo que o Flash era proprietário e, ainda mais, suscetível a hackers e crackers, portanto não seguro. Para arrematar, o Flash seria um ogre no consumo de bateria, coisa ruim em dispositivos que se propõem a ser móveis e necessitarem um mínimo de conexão com a tomada de energia.
Mas eu via evidências de que a estratégia da Apple estava correta. O sucesso de seus produtos fez com que os portais e sites corporativos migrassem seus videos usando o HTML5, definitivamente o novo padrão.
Mas havia uma barreira: a Microsoft e sua dominância tanto em sistemas operacionais (Windows) e browsers (Internet Explorer) ainda aceitavam o Flash. Não mais: o IE 10 vem sem suporte para Flash, o que fará que, com o tempo, haja uma migração ainda mais forte para longe da ferramenta da Adobe.
Para o usuário comum, como a imensa maioria de nós, pouco mudará: continuaremos a acessar vídeos pela internet, e a vida segue normal.
Para os desenvolvedores que ganhavam seu dinheirinho usando soluções com a plataforma –paga– da Adobe, um mico que será resolvido reciclando suas estratégias de negócios, coisa que já vem ocorrendo de modo bem perceptível.
A Adobe deve seguir com seus planos anunciados dia 8, e ainda vai ter um carro chefe que lhe dá muita receita e muita margem: O Photoshop, aquele software de edição de imagens que tira defeitos de captura ou de origem das imagens e que 11 em cada 10 capas da Playboy são tratadas pelo programa.
Mas a forma de cobrança para o uso de licenças, tanto do Photoshop quanto de qualquer outro programa, está também se transformando, e para valer.
A falta de percepção da Adobe desse novo mundo da segunda década deste milênio pode explicar a queda do Flash. Mas isso é tema de uma próxima postagem…
Chegou o iPad
O iPad, o slate computer da Apple, finalmente está nas lojas nos Estados Unidos a partir de hoje, em sua versão WiFi. A versão WiFi + 3G chega no final do mês. No Brasil, a expectativa de disponibilidade é lá para o final de maio. Mas, afinal, vale a pena?