Fim do Orkut?
Ontem postei no Twitter minha percepção de que o Orkut pode estar com os dias contados. Muita gente não concorda, mas vou detalhar aqui no latifúndio do blog* os meus motivos.
O Orkut é um fenômeno brasileiro. Nós ocupamos o Orkut há uns 5 anos e hoje somos mais de 80% dos perfís ativos. É uma rede social essencialmente brasileiro/brazuca, e isso afasta o interesse do Google, seu dono.
A onda das redes sociais, no mundo, está polarizada em poucos endereços. Tirando o Facebook, o MySpace e o Twitter, os demais são coadjuvantes. E o Google não está no trecho, ao menos em escala global, ou com produtos que não se caracterizam como tal, a exemplo do Picasa e o YouTube. A tentativa do Google Buzz efetivamente não decolou,
Com a entrada da versão brasileira do Facebook, um verdadeiro tsunami de brasileiros lá criou seu perfil principal, deixando o Orkut como uma segunda opção.
A nova versão do Orkut, no ar há alguns meses, desagradou muitos fiéis frequentadores e gerou indiferença entre tantos outros. Poucos são os que acharam boas as novidades.
Como as redes sociais saem da fase de febre e agitação geral para a sua maturidade, inclusive com a consolidação de redes específicas, tipo LinkedIn, o Google não pode estar confortável com sua principal rede social com algumas dezenas de milhões de contas ativas, algo como 1/10 do grande rival Facebook.
As tentativas diversas do Google de comprar o Facebook não prosperaram. Resta-lhe engatar uma segunda e buscar algo novo, talvez uma simbiose do Facebook com o Twitter com mais alguns agregados. Não é o Google Buzz, com certeza, muito menos o Orkut.
Pode ser que o Google tenha chegado a um porte tal que sua inércia iniba a geração em massa de novidades imbatíveis. Ou pode ser que o tempo das redes sociais esteja a exigir estratégias radicalmente diversas, nessa fase de maturidade.
Eu aposto em um ocaso discreto do Orkut. Talvez tenhamos novidades ainda em 2010.
A conferir…
*Latifúndio de espaço, se comparado com os 140 caracteres do Twitter. Espero não atiçar a cobiça do MST…
Descompasso Mental
Estranho o mundo da tecnologia digital… Os avanços ocorridos crescem exponencialmente, ao passo que os preços –quase sempre– despencam, fazendo com que cada vez mais pessoas tenham acesso às maravilhas do progresso tecnológico.
No Brasil, já existem mais celulares do que habitantes, conexões à internet por banda larga já superam os 40 milhões, sem contar a turma que usa a rede 3G, o iPod e concorrentes redefiniram a forma como ouvimos música e o YouTube exibe 1 bilhão de vídeos ao dia.
Para as casas, a venda de televisores LCD, LED ou plasma já domina o mercado, e há dificuldades em explicar às novas gerações o que é um rolo de filme de uma câmera fotográfica analógica.
Provavelmente, uma criança média com 10 anos de idade nos dias de hoje (nascida no novo milênio) já tirou mais fotos do que seus pais até o final do século XX, e com certeza mais do que a soma de todas as fotos tiradas pela turma de faculdade dos avós até o nascimento de seus filhos.
SMS, MMS, Google, Orkut, Twitter, Gigabyte, Wikipedia, Smartphone e tantas outras palavras e siglas que não existiam há poucos anos agora são comuns.
Eu costumo dizer que é difícil explicar aos mais jovens que antigamente, o telefone era caro, raro, tinha disco, raramente falava e ficava pendurado na parede, que já houve um tempo sem internet e que o grande bolachão de vinil não é um “DVDzão”. Mais fácil contar que não existe Papai Noel.
Até aqui, nada de muito novo, em termos de constatações. Mas o que vejo é que os cidadãos digitais desse século XXI aderem muito rapidamente a essas novidades enquanto pessoas físicas. Já no mundo corporativo a coisa é muito mais lenta.
Como a velocidade dessas mudanças cresce cada vez mais, o descompasso entre o mundo pessoal e corporativo, como regra, segue aumentando.
Claro está que existem excessões e muitas empresas buscam atualizações de seus produtos e processos usando intensivamente a tecnologia digital. Mas elas são minoria.
Provocação feita, como está você nesse cenário? Tome como referência você apenas como indivíduo e se atribua um 10, no quesito de uso de tecnologias digitais. Exclua a atividade profissional.
Agora dê uma nota para sua atividade digital no trabalho. E outra para a média de sua empresa.
Surpreso? Pois é, se você é como a maioria dos mortais, você é mais digital em casa do que no trabalho. Por óbvio, você poderia ser muito mais produtivo…
Como consequência, podemos dizer que aqui existem muitas oportunidades a explorar!
Pense nisso!
Google Multiuso
Quando o Google lançou o Chrome, como um revolucionário browser, eu até que fiquei animado. Mas depois de testá-lo em vários releases e até mesmo desculpá-lo por suas falhas, achei-o simples demais, despretensioso demais e… sem a cara do Google. Voltei ao trio Firefox/Safari/IE, cada um com seus pontos positivos e negativos.
Não mais! O release 3.0.195.33 está muito bom, rápido, seguro, fácil de customizar e bonito de ver, até porque ele pode ficar do jeito que você gosta.
Mas isso não é tudo. O Google põe no forno as versões Leopard e Linux, cobrindo assim, junto com a versão Windows, todo o espectro de sistemas operacionais que realmente contam no mercado.
A estratégia do Google é ambiciosa. Basta ver as primeiras avaliações do Google Chrome OS na versão para desenvolvedores. Simples de usar, rápido e fácil de fazer a migração. Especialmente do Windows Vista.
Vamos adiante. O Android nas plataformas de dispositivos móveis está mexendo com o mercado, e vai brigar com a Apple e sua dianteira nos sistemas operacionais de smartphones.
E os aplicativos? O Google Docs está cada vez mais compatível com o Microsoft Office, fora os Picasa, GMail, Images, Maps, Earth, e mais uma miríade de soluções cada vez mais usadas. E tudo grátis para o indivíduo e cobrável de empresas em versões mais abrangentes e integradas.
Chega? Acho que não. O Google desperta a ira de muitos, inclusive do magnata Rupert Murdoch, que busca uma impensável aliança com a Microsoft para poder cobrar por seu conteúdo através das plataformas da gigate de Redmond. Ele e Bill Gates correndo atrás do prejuízo… Aliás, nessa linha, a Microsoft disponibiliza na “nuvem” muitas funções de seu Office 2010 que já existem no Google Docs.
E, finalmente, como o Google domina amplamente o suculento mercado de anúncios por links patrocinados (que eufemismo brilhante!) e tem milhões de usuários do AdWords e mais milhões de canais de distribuição de seus anúncios através do AdSense, eu vejo os tentáculos dessa empresa com 11 anos de vida abraçarem todos os caminhos conhecidos da internet.
Não vou aqui afirmar que o Google vai reescrever a visão de George Orwell, em seu memorável 1984, na versão corporativa. Mas o Google ficou suficientemente grande para incomodar de vez o establishment global, e não só da área de TI. As agências de publicidade, os veículos de comunicação, os provedores de serviços de localização, as operadoras de telecomunicações, dentre tantos outros, sentem urticárias ao ouvir o nome Google…
Isso sem falar no sabor original, o mecanismo de busca.
Ah! Eu postei um video dos primeiros passos de meu neto no YouTube. E daí? Daí que o YouTube, comprado pelo Google, responde por 20% de todo o tráfego da web. Um endereço www.youtube.com = 20%. Quanto vale isso? Operadoras de TV por assinatura, tremei!
Microsoft + Yahoo! = Consolidação King Size
O anúncio de cooperação entre Microsoft e Yahoo! marca a capitulação de dois gigantes do mundo digital ante o novo rei, o Google. Embora nenhuma das duas empresas tenham inventado nada de novo, foi a Microsoft que liderou o boom da computação pessoal e o Yahoo! que popularizou a busca de informações na internet.
Cada uma a seu tempo e a seu jeito, Microsoft permitiu a massificação do computador pessoal primeiro com o MS-DOS e depois com o Windows; o Yahoo! transformou a busca na internet de uma tarefa de apoio em big business.
O que ocorreu em 29 de julho passado foi o anúncio de que a Microsoft passa a administrar os serviços de busca do Yahoo!, muito embora aquela tenha lançado há poucas semanas o Bing, como “novo” e “revolucionário” mecanismo de busca.
O fato é que os anúncios feitos pelas empresas causaram pouca surpresa, e pareceram algo até envergonhado, conforme podemos ver nos links acima.
Bem contado, não devemos esperar grandes novidades. As ações do Google na bolsa pouco se mexeram, e o mundo digital segue seu curso normal, buscando no Google e usando os sistemas operacionais e aplicativos da Microsoft, ao menos por enquanto.
É duvidosa a estratégia dessa união de interesses, pois é pouco provável que a Microsoft consiga injetar adrenalina nas buscas do Yahoo!, visto que está às voltas com a sucessão de seu pesado e mal sucedido Vista para o Windows 7, e defender sua fonte primária de lucros parece ser sua prioridade número 1.
Do lado do Yahoo!, focar na ampliação de renda e rentabilidade com anúncios online não parece tampouco algo viável, pois a empresa vai carecer de uma base de receita para alavancar novas formas de negócios.
O mais provável é que, num futuro não distante, haja uma efetiva fusão das empresas, ou uma aquisição pura e simples do Yahoo! pela Microsoft, mas sem gerar muita sinergia.
Vamos esperar para ver, mas esse negócio parece que gerou mais espuma do que onda.