>Um novo patamar tecnologico?
>As grandes transformações na tecnologia digital nos últimos 5 anos podem ser resumidas em 3 grupos, empresas, pessoas e linhas de produtos.
Nas empresas, dominaram players já estabelecidas, como Intel, Apple, Microsoft, Oracle e as coreanas LG e Samsung.
As pessoas que fizeram a diferença não são muitas, talvez resumidas a Steve Jobs e Mark Zuckerberg.
Nos produtos e serviços, ganharam destaque as siglas LED, 3D, HDTV, HDMI, Tablet, App, Redes Sociais, Smartphones, Touchscreen, Banda Larga, Localização.
É possível que essa classificação, feita de modo empírico e sem uma pesquisa quantitativa e qualitativa mais elaborada contenha omissões, injustiças e até mesmo simplificações, mas como estamos em um blog que pretende discutir a tecnologia digital e seus impactos, digamos que ela esteja colocada como percepção do blogueiro e, especialmente, como provocação para o real motivador desta postagem.
O ponto que quero fazer aqui é que, nos próximos 5 anos, dificilmente veremos ganhar destaque um novo leque de tecnologias disruptivas. O mais provável é que vejamos a maturidade de alguns sucessos já colocados e a adoção em massa de novas formas de uso de coisas já conhecidas.
Peguemos os tablets, furor do momento desde que a Apple lançou o iPad: na verdade, todos os ingredientes estavam na prateleira, apenas houve uma inteligente maneira de juntá-los em um pacote atraente e muito bem apresentado. A partir daí, os concorrentes correm atrás do prejuízo, buscando pegar parte desse mercado. Mas os tablets já existiam desde a década de 90, como conceito, como produto lançado por grandes empresas e suportado, por exemplo, pelo Windows Xp.
Não pegaram por falta de um conjunto de fatores: peso excessivo, custo alto, na faixa de US$ 10 mil, requeriam caneta especial para interagir com a tela e, sobretudo, uma anêmica oferta de aplicativos.
Falando em aplicativos, ou Apps, até o nome virou disputa jurídica entre os grandes players, que não querem que a Apple monopolize essa maneira simples de chamar as centenas de milhares de programas disponíveis, alguns sofisticados, outros nem tanto, a maioria grátis e, dos pagos, poucos excedem US$ 4,99 por uma licença única, que pode ser utilizada em mais de um dispositivo.
Smartphones e tablets, portanto, chegaram ao palco principal do mundo digital com a convergência de um grupo de tecnologias disponíveis, como internet banda larga nas redes WiFi e celular, telas sensíveis ao toque, sistemas operacionais voltados para dispositivos móveis e, sobretudo, para um conjunto de padrões que, se ainda não são padrões oficiais, ao menos o são de fato.
Peguemos os Apps que implicam em localização de um prédio ou mesmo do aparelho que portamos: 9 entre 10 das soluções disponíveis no mercado usam o Google Maps. Ponto. Isso em si já é uma adoção prática de uma plataforma quase única. Ficam talvez de fora os localizadores que usam conteudo proprietário, como os aparelhos chamados de GPS Automotivo.
No mundo dos computadores, parece que o bom e velho desktop caminha para a irrelevância de aplicações dedicadas, como a gerência de uma rede doméstica local ou de uma central de segurança, sem esquecer as aplicações corporativas que devem mantê-los vivos por muitos anos.
O laptop vai caminhar para uma zona de concorrência com os tablets, mas ganha força na medida em que substitui os desktops e também para aplicativos que requeiram teclado físico e muito poder de processamento, funcionalidades que nunca serão o forte dos tablets.
No entretenimento doméstico, a conectividade entre os aparelhos e destes com o mundo ficam padronizadas no cabo de rede local ou WiFi para acesso à internet, no HDMI para tráfego de alto volume de bits e no USB para acesso a conteúdo de computadores, filmadoras e máquinas fotográficas.
Vale ressaltar que essas siglas que designam conectividade (WiFi, HDMI e USB) só viraram lei de mercado porque os fabricantes consensaram em padrões.
Como não podemos esperar uma nova onda tecnológica, como, quem sabe, a inserção de dispositivos que aticem o olfato ou o sabor, podemos imaginar que, por exemplo, dispositivos com imagens 3D cheguem cada vez mais fortes ao mercado.
Parece óbvio que, no cinema da telona os principais títulos serão disponibilizados em três dimensões, como já ocorre hoje. No mundo doméstico, talvez até antes de termos conteúdo 3D em larga escala, seja por emissão direta das redes de TV, seja por disponibilidade de mídia BluRay, o mais provável é que o mundo 3D em casa chegue com mais força através dos consoles de games.
Faltou algo? Com certeza. Mas, descartados todos os possíveis sucessos da tecnologia até as Olimpíadas do Rio em 2016, eu creio ser possível que uma inovação que pode facilitar ainda mais a nossa vida seja o reconhecimento de voz para uma quantidade casa vez maior de dispositivos. Isso aí é coisa que já vem namorando o mercado há pelo menos 25 anos, mas não pegou. Com certeza por conta dos mesmas limitações que impediram o tablet de virar popular antes do iPad.
É provável até que você tenha um smartphone, por exemplo, que tenha aplicativos comandados por voz e você ou não saiba ou não usa por ser pouco prático. O motivo? A falta de um padrão de mercado. E isso a indústria está trabalhando forte este ano.
E as redes sociais? Com a disponibilização de banda larga -de verdade- no mundo todo, sua popularização é ineviteavel. E as duas maiores de 2011, Facebook e Twitter ainda não estão com ações em bolsa, mas já valem bilhões de dolares. Pode ser até que não sejam as dominantes de mercado em 5 anos, mas a estrada principal está pavimentada. As redes secundárias serão as especializadas, como o LinkedIn.
No momento em que escrevo essa postagem o Facebook já tem mais de 700.000.000 de contas ativas, e virou um must para empresas, políticos, profissionais de toda estirpe e estudantes. E com a turbulência no norte da África, onde a articulação de manifestações são feitas via redes sociais, os regimes estabelecidos reagem cortando acesso a internet.
Tarde demais, elas vieram para ficar. Ou não? Basta ver que muitas dessas revoluções que visaram, no passado, estabelecer ou restabelecer a democracia acabaram em regimes ditatoriais mais duros.
Talvez a questão mais relevante a ser respondida seja então se toda essa tecnologia a nossa disposição servirá, em última análise, para preservar e, em muitos casos, fomentar a democracia, a transparência e a liberdade.
Se isso se materializar, talvez seja esse o novo patamar da tecnologia que pode ser algo muito bom. Ou não…
>Lançamentos de Janeiro apontam para o ocaso do teclado e do mouse
>Todo início de ano acontecem dois eventos do mundo digital que anunciam o que chega de novo no mercado: O CES- Consumer Electronics Show, de Las Vegas, e o Apple World, logo em seguida, na California. Este ano, duas tendências surgem fortes: a tela sensível ao toque em computadores portáteis, chamados tablets, e os softwares de reconhecimento de voz. Ambos fora do âmbito experimental e entrando de vez na produção em massa e diversificada, pela variedade de produtos.
Embora essas tecnologias já tenham alguma visibilidade há mais de uma década, elas não apresentavam maturidade e custos adequados para entrarem para valer no mercado. Não mais. Começou a era da aposentadoria -ou pelo menos da perda de importância- do mouse e do teclado, ícones da revolução digital criada pelo computador pessoal.
Em agosto de 2007, postamos matéria no blog falando do Microsoft Surface, um promissor mas ainda caro produto com tela sensível ao toque, que estava servindo como cardápio digital em vários restaurantes americanos, de forma inovadora. Mais ou menos ao mesmo tempo, as grandes redes internacionais de TV, puxadas pela CNN, mostravam telões sensíveis ao toque onde o apresentador navegava entre várias janelas de modo a tornar mais dinâmicos os telejornais, por exemplo, especialmente aqueles que exigiam cobertura ao vivo.
Essa tecnologia chegou primeiro aos players de música e aos telefones celulares, puxados pelos iPod e iPhone, com tímida passagem pelas telas intermediárias.
Pois bem, tudo isso chegou agora para valer aos computadores portáteis. Pelo menos três tablets foram apresentados no CES, com o peso do presidente da Microsoft, Steve Ballmer, a preços não muito superiores aos notebooks já existentes no mercado. Espera-se agora o anúncio de produto equivalente no MacWorld, em fevereiro. Um MacBook tablet vem sendo furiosamente especulado há meses pelo mercado e, se não acontecer , pode tirar um pouco do pique da empresa de Steve Jobs.
Os softwares de reconhecimento de voz também, depois de 20 anos de idas e vindas, parecem que chegaram para valer (veja avaliação comparativa), lastreados principalmente na crescente maturidade de aplicativos em celulares e GPS automotivos.
Quem é familiarizado com computadores, deve lembrar que o veterano e confiável Windows Xp já era capaz de gerenciar telas touch screen, e que alguns modelos meio esquisitos de notebooks chegaram ao mercado com essa funcionalidade, mas não pegaram, por uma conjunção de fatores.
Se houver o lançamento do tablet da Apple agora, as apostas são que o mercado vai ser inundado por computadores portáteis sem teclado físico, ficando a entrada de dados com os dedos no teclado da tela do tablet, coisa hoje já prática e razoavelmente confortável. Do jeito que eles estão concebidos, a navegação entre janelas é muito mais natural, fazendo a incursão diária à internet mais agradável e divertida. Sem falar na minimização da tendinite…
Então, como o lançamento de produtos digitais no mercado brasileiro não é tão defasada como há alguns anos, vale esperar mais umas semaninhas pelo que vem por aí em termos de computadores portáteis, para você não ficar com um dinossauro tecnológico nas mãos.