Trabalho Portátil
Recebi e agradeço aos autores um exemplar do livro Trabalho Portátil, de Marina Sell Brik e André Brik, que aborda as vantagens do teletrabalho no ambiente empresarial. Eu os conheci em 2011, num bate-papo na CBN Curitiba, quando do lançamento do primeiro livro do casal, o 100 Dicas do Home Office, imperdível, por sinal! Antes disso, em 2006, eles criaram o site Go Home, para disseminar o conceito do trabalho conectado, fora do ambiente de trabalho.
Já com bastante estrada no assunto, os autores possuem referenciais muito sólidos quando o assunto é teletrabalho. A tecnologia disponível em 2013 permite que milhões de postos de trabalho possam ser ocupados de modo mais eficaz quando o profissional faz o que lhe incumbe desde casa, do café ou até das irritantes salas de espera de aeroporto ou de consultórios. Com mais qualidade e produtividade. E o Trabalho Portátil mostra casos de sucesso em grandes empresas estabelecidas no Brasil, e que merecem ser estudados, replicados e aprimorados.
Nos agitados dias de hoje, um tema muito em voga -e alvo de críticas ferozes de todo lado – é a Mobilidade Urbana, ou falta dela, por conta do excesso de carros para as vias disponíveis e o estado precário da maioria dos nossos modais de transporte coletivo.
Eu venho batalhando faz tempo para que o tema do teletrabalho seja encarado não como uma ameaça aos trabalhadores ou como um modismo abraçado por intelectuais que detestam um escritório. Evitar deslocamentos para e do local de trabalho já é possível numa escala que, até onde eu sei, é enorme e nunca foi medida.
Domenico De Masi, o pensador italiano do Ócio Criativo, contribui na introdução do livro com a lapidar frase “A única solução para o trânsito nas grandes cidades é reduzir os deslocamentos. E para isso, o único instrumento eficaz é o trabalho remoto“.
Brilhante e direto ao ponto, esse De Masi. Eu adicionaria, apenas, que o estímulo ao teletrabalho requer pouquíssimos investimentos, poupando escassos recursos públicos, sem falar em benefícios adicionais como redução da poluição e mais tempo livre para o lazer.
Os autores, além de escreverem um livro de leitura gostosa, põem em prática o que pregam. O lançamento do Trabalho Portátil será virtual, no www.trabalhoportatil.com.br/livro2, no dia 15 de agosto próximo, às 20 horas. É agendar e clicar!
Tecnologia poderia ajudar a melhorar o trânsito. Mas a lei ignora a internet!
Curitiba tem um trânsito muito ruim. Assim como em qualquer grande cidade brasileira. Pode incluir aí também as cidades de médio porte. Muita gente andando de carro, vias insuficientes, média de ocupantes por carro um pouco maior do que 1. Muita gente se deslocando sem necessidade, para fazer um trabalho que dispensaria a ida ao escritório. Você está nesse grupo?
Em agosto de 2009 fiz escrevi sobre o absurdo da nossa legislação trabalhista, que dificulta o home-office. Na ocasião, o trânsito nas cidades grandes chegou a ser reduzido em até 30% por conta do temor causado pela Gripe A, mas o país não parou, lembram?
Pois é… De lá para cá, a epidemia da gripe não se materializou, o número de carros em circulação cresceu bem mais do que as pistas de rolamento, e os congestionamentos seguem recordes.
Lá em 2009, falava da oportunidade de rever os entraves da CLT para facilitar o home-office, em especial para postos de trabalho que requerem trabalho conectado. Conectado por conectado, podemos estar em casa, no café, na praia, pouco importa.
Mas hoje, numa cidade como Curitiba, é comum quem gasta duas horas por dia para ir e vir.
Antes que algum luminar resolva incluir na lei o pagamento dessas horas, quem sabe agora, surja a iniciativa de propor modificações à CLT que permita, de modo negociado, que as pessoas possam usufruir dessas horas, melhorando a qualidade de vida e o meio ambiente.
Raciocínio aritmético: se 10% dos habitantes de Curitiba deixam de perder esse tempo, são 200.000 pessoas, e quase isso de carros, em horário de pico. Ganham-se 400.000 horas/dia com menos carros, menos combustível, menos poluição, menos stress, mais tempo para lazer.
200.000 carros, média de 30 km/dia, 6 km/litro na cidade, R$2,60/litro = 1 milhão de litros/dia a menos, R$ 2,60 milhões a menos.
Dividindo 1 milhão de litros / 158 ( litros por barril de petróleo) = 6.329 barris/dia = 1.528.278 barris ano de 250 dias úteis. Só em Curitiba!
No Brasil, esse número é muito maior! Será que a presidente da Petrobras falava sério quando disse que ficava feliz ao ver congestionamentos gigantes, pois isso aumentava o faturamento da empresa?
Quanta gente vai e volta sem precisar ir nem vir? Minorar esse gargalo usando a internet para que menos gente se desloque inutilmente é aumento de qualidade de vida e aumento de produtividade do país. Pense nisso!