Google+ chega a 400 milhões de contas em um ano. E daí?
O Mashable publica que o Google+ superou a expressiva marca de 400 milhões de contas, das quais 100 milhões efetivamente ativas, ou seja, de pessoas que dela fazem uso ao menos uma vez por mês. E daí?
Olhando de um jeito, o Google+ como rede social, ele perde feio para o Facebook, que tinha em julho último 955 milhões de contas ativas. Ou seja, um é 10% do outro.
Olhando de outro lado, o Facebook levou bem mais de um ano para chegar a 100 milhões de contas e desbancar a concorrência. Mas eram ainda os primórdios das redes sociais, há longínquos oito anos atrás.
Mas essa comparação direta pode induzir a erros, então vamos procurar entender as possíveis tendências:
1- Facebook tem dificuldades de superar a marca mágica de 1 bilhão de contas, e enfrenta críticas por seu guloso IPO, que derrubou o valor das ações pela metade, e a fortuna de Mark Zuckerberg, idem. Terá o Facebook atingido seu ápice e aberto as portas para a concorrência, podendo vir a ser um irrelevante MySpace2?
2- O Google+ é assim tão inovador para desbancar o Facebook, ou é menos poluído para atrair uma classe de internautas que ocupariam uma espécie de Classe Executiva das redes sociais, enquanto os demais estariam desconfortáveis na classe econômica, aguardando uma chance de upgrade?
3- Google+ é afinal uma rede social nos moldes clássicos?
Aos fatos:
- O site Statistics Brain publica os números do Googlecomo mecanismo de busca. Em 2011, foram 1,72 trilhões de buscas no total, ou 4,72 bilhões de buscas/dia. Isso mesmo, trilhões e bilhões! Em agisto de 2010, último levantamento consolidado, o Google tinha 71,59% do mercado;
- O YouTube (propriedade do Google, é bom lembrar) tem dados impressionantes, como 800 milhões de visitantes únicos e 4 bilhões de vídeos assistidos a cada mês;
- Em maio de 2011, o Google Maps possuia 200 milhões de usuários em dispositivos móveis, representando 40% de todos os dispositivos conectados ao serviço (março 2011). Isso dá, numa regra de três de aproximação, 500 milhões de coisas usando o Goggle Maps;
- Em junho de 2012, o Google anuncia que tem 425 milhões de usuários ativos no GMail (não necessariamente únicos);
- No mundo das fotos, Flickr e Picasa (do Google) são os principais players, talvez agora com uma ameaça do Dropbox;
- E, falando em mobilidade, o principal sistema operacional de dispositivos móveis espertos (smartphones e tablets) é o Android, do Google (dados de 2011), que reportam 48,8% de market share para este contra 19,1% para o iOS da Apple. Detalhe: enquanto o Android cresceu 244% em relação a 2010, o iOS cresceu 96%.;
- O Google Chrome é o browser mais usado. Dados de agosto de 2012 mostram o Chrome com 47% de market share, contra 49% do Internet Explorer e do Firefox somados!
Não por acaso, o Google vem convertendo alguns serviços, como o Google Docs para o Google Drive,estimulando usuários do Picasa a armazenar suas fotos na nuvem, propagar as vantagens do Google Hangouts sobre a concorrência, notadamente o Skype (hoje da Microsoft)
E, especialmente a possibilidade de fazer um login único para todos os serviços do Google, via qualquer um dos populares produtos.
Cabe a especulação: Será que o Google não está novamente efetivamente redefinindo a indústria da tecnologia, e o Google+ nada mais é do que um aglutinador eficaz de suas ofertas? Se isso for verdade, suas apenas 100 milhões de contas ativas seriam um mero detalhe, e as quase 1 bilhão de contas do Facebook poderiam ser menos, em um curto período de tempo.
Aí, até mesmo o conceito de redes sociais precisaria ser revisto…
Você passa tempo demais no computador, ou conectado?
Ouça o CBN Debate de sábado, 15/09/2012
E, o principal, será que você está conectado para melhorar sua qualidade de vida?
Apple X Google: Batalha Final?
Ontem à noite tive uma troca de tweets com o Guilherme Nagüeva sobre o Mountain Lion, browsers, bugs. Ele, com o olhar técnico, eu, com o estratégico, concluindo que os bons tempos da estabilidade da plataforma de computadores da Apple, definitivamente já eram. Ele, que segue usando o Safari como browser, e eu tendo mudado para o Chrome, para me incomodar menos com os bugs.
Ao procurar encontrar o sono, minha cabeça revirou um pouco e concluí que, definitivamente, essa área de tecnologia está em fase de consolidação, não tem jeito. Por mais que você se esforce e queira ter o seu jeito de estar conectado, dificilmente você escapa desses caras aqui listados em ordem alfabética:
- Apple
- Microsoft
Desses aí, o único que ainda não entrou no mundo do hardware, por enquanto, é o Facebook.
Dirão os mais criteriosos: Não é bem assim, afinal a Samsung vende mais smartphones do que a Apple, a Oracle tem o predomínio dos bancos de dados e é dona do Java, a maioria dos celulares ainda é da Nokia, o software aberto veio para ficar e por aí vamos…
OK, mas já tivemos milhares de fabricantes de automóveis e aviões, bancos já foram centenas de milhares mundo afora, companhias aéreas cada cidadezinha de razoável porte tinha a sua, as baguettes em Paris eram efetivamente produzidas em cada padaria, café ou restaurante, só para pegar alguns exemplos.
Na área da tecnologia, já tivemos dezenas de fabricantes de microcomputadores no Brasil. Planilhas eletrônicas, processadores de texto relevantes no mercado já superaram os dedos das mãos. Hoje em dia, a até então líder de mercado mundial de computadores (HP) anuncia que vai sair da briga dos pessoais, a Samsung esnoba o Windows Phone e considera desenvolver seu próprio sistema operacional para não ficar refém do Google com o Android. Haverá espaço?
No mercado acionário, a Apple torna-se a mais valiosa empresa de todos os tempos, ontem superando o market cap de US$ 623 bilhões, mas o Facebook aponta para uma queda livre em suas cotações, ao quebrarem para baixo o patamar de US$ 19 por ação, metade do valor de referência do IPO em maio passado. Tem gente dizendo que a empresa de Mark Zuckerberg pode em breve ser o alvo de alguma das gigantes do ramo para fusão ou aquisição.
Aliás, a Apple já sinalizou que não quer mais nada com o Google, ao retirar o Google Maps como a App padrão de buscas e flertar com uma separação amigável com o YouTube.
Para mim, parece claro que teremos, num futuro próximo, a grande guerra dos titãs digitais: Apple e Google. Serão esses caras o duopólio a bater?
Enquanto essa pergunta fica no ar ou mesmo perde relevância, posso afirmar que hoje, no mundo digital, dificilmente escapamos de estar atrelados a um dos quatro que listei no início desta postagem. Mesmo que estejamos tuitando via Blackberry.
Falando nisso, onde estão aquelas reuniões de executivos top de linha onde todos usavam Blackberry? Para mim, isso já é passado. Nem nos congestionados portões de embarque de nossos aeroportos o outrora onipresente smartphone tem espaço.
É, meus amigos… mesmo com toda a mudança vertiginosa que o mundo digital nos oferece, mesmo com a quantidade enorme de startups onde algumas valem 1 bilhão de dólares pouco depois de começar as operações, pode ser que estejamos chegando a uma indústria madura, dominada por poucos.
Anatel briga com as operadoras: E nós, como ficamos?
Nessa briga da Anatel com as operadoras, nós, consumidores, só temos desvantagens:
Minha entrevista sobre o tema na CBN Curitiba.
O Velhinho de 5 Anos Que Mudou o Mundo
Há exatos 5 anos, a Apple definitivamente mudou o mundo como o conhecíamos, com o lançamento do iPhone. Como diz o Mashable Tech, ele ainda é sexy depois de todos esses anos…
E aqui estão os dois lados de quem pretende analisar o passado e prever o futuro, nesse mundo alucinante da tecnologia: o lado bom é que você presencia muitos ciclos relevantes de transformação (você já listou quantos você já conheceu?); o lado ruim é que não dá para prever e garantir a credibilidade que os oráculos de outras áreas tinham, pois quando foram demonstrados seus erros de previsão, eles estavam, via de regra, devidamente mortos por decurso de prazo.
Mas é interessante ler as primeiras avaliações do iPhone para ver como mesmo os mais profundos conhecedores do mundo digital estavam ou pessimistas demais ou conservadores demais. Ninguém imaginou, por exemplo:
- O conceito predominante de smartphone nascia ali, embora muitos celulares já transcendessem o simples falar + mandar torpedos;
- A tela sensível ao toque já existia em muitos produtos que não colaram, salvo o recente iPod Touch, da própria Apple, que inovou na parte de gestão e compra de conteúdo musical;
- A própria Apple teve um componente de defesa de território ao lançar o que foi exaustivamente chamado de um Ipod Touch que fala e tira fotos;
- A Apple vendia ainda a imagem de Steve Jobs, mas se alguém fizesse uma boa pesquisa de mercado, a associação da marca ainda seria dominada pelos Mac, nas suas versões laptop e desktop.
E como estamos hoje, 5 anos depois?
- 250 milhões de iPhones vendidos
- Comparando o 2º trimestre de 2007 que antecedeu ao lançamento do iPhone com o 2º trimestre de 2012, as vendas da Apple subiram de US$ 6 bi para US$ 39 bi
- O iPhone responde por 58% disso
- Descontados desse total as vendas de iPhone, iPad e vendas pelsa iTunes e App Stores, o crescimento no faturamento foi mais do que chinfrim, comparando com o resto da indústria
- Em faturamento no 2º trimestre de 2012, só com o iPhone, a Apple faturou 30% mais do que a Microsoft, mais do dobro do que a Coca-Cola e 2,4 vezes mais do que a Disney
- Se olharmos todos os smartphones que usam os mesmo conceitos do iPhone, vemos que a Apple sozinha tem por volta de 1/3 do mercado, ou seja, estamos num mundo que tem vendas de algo como US$ 500 bilhões/ano e que nem existia em 2007
- Enquanto isso, Nokia e RIM (BlackBerry) lutam pelo amanhã sem grandes perspectivas de vida autônoma.
E três anos depois veio o iPad, mais um estrondoso sucesso que muitos diziam que seria um fracasso, pois quem iria querer um iPhonão gigante que nem fala? Hoje o iPad, em vendas, é o dobro da Apple em 2007 e igual à Coca-Cola de 2012. Mas isso é tema para uma próxima postagem.
OK, você pode até não gostar nem da Apple nem do iPhone. Mas avalie o que mudou na vida de muitos de nós. E pense o que as novidades que estão pintando ainda podem transformar nosso mundinho. Veja o Google Glass, aqui apontado em uma postagem anterior. Veja seu literal lançamento de paraquedas, bike e corrida, esta semana em San Francisco. Não faça nada, só veja o vídeo e reflita.
Pode ser nada, pode ser tudo…
Google Glass: a melhor apresentação da internet até hoje
Quem não viu, tem mais é que ver como o Sergei Brin, do Google, apresentou o futurista Google Glass esta semana no Moscone Center, em San Francisco.
Realmente, a turma da Apple podia dormir sem essa…
Novo tablet no mercado: o Surface da Microsoft; Julian Assange pede asilo no Equador
Ouça a entrevista deste blogueiro na CBN sobre o lançamento do Surface, o novo tablet da Microsoft, que pretende bater de frente com o iPad da Apple e o pedido de asilo do Julian Assange, do Wikileaks, ao Equador:
http://cbncuritiba.com.br/site/texto/noticia/Entrevista/7032
Facebook quer ser a sua web – e de todos os outros humanos também
Ouça a entrevista deste blogueiro na CBN em http://cbncuritiba.com.br/site/texto/noticia/Entrevista/7120
Hardware X Hardware X Hardware X Hardware
Enquanto escrevo este post, o Google revela na California seu novo tablet, o Nexus 7. Com o novo sistema operacional Android 4.1 Jelly Bean, promete criar forte concorrência tanto ao iPad quanto ao Kindle, da Amazon.
Com tela de 7″ de alta definição, vem com 8GB ($199) e 16GB ($249), e é muito bem projetado, vem com conexão HDMI, permite a expansão da capacidade de arquivamento através de um opcional e intercambiável cartão SD.
Semana passada, a Microsoft lançou o Surface, com tela um pouco maior que a do iPad, mas rodando o Office pleno e com um engenhoso teclado embutido na capa.
Tudo muito bom se a Apple não tivesse uma generosa dianteira em relação a todos os demais, e se tanto o Google quanto a Microsoft não tivessem embasado suas estartégias iniciais em parcerias com fabricantes de hardware. Agora, quem comprou algum tablet com Android ou Windows Phone vai se sentir micado, e com razão.
Os bastidores do Silicon Valley aventam, também, a hipótese do lançamento de um smartphone do Facebook, o que leva fatalmente ao passo seguinte: por quê não um Facebook Tablet?
E esses são os quatro gigantes do mundo digital desta segunda década do século 21: Apple, Facebook, Google e Microsoft. Não por acaso, a única que aposta forte em uma arquitetura quase que totalmente fechada é a Apple.
Configurado esse cenário, a batalha que definirá o fina da guerra pelo predomínio no mundo digital será travado no campo do hardware.
E aí, será que esses movimentos tectônicos são bons para nós?
Fim da Tendinite?
Essas geringonças digitais que possuem mouse, controle remoto ou teclado são a alegria dos neurologistas, ortopedistas e fisioterapeutas: Muito uso, má postura ou uma associação de ambos é tendinite na certa, só para ficar no incômodo mais comum.
Mas podemos ter esperanças de que as coisas mudem!
Minha percepção indica que podemos estar caminhando para o fim, ou na pior hipótese, para a minimização do uso dessas interfaces antinaturais.
Dia desses estava em uma loja dessas de shoppping, onde vi uma demonstração de um desses novos televisores espertos (cada marca tem seu nome, então uso uma denominação genérica), com direito a test-drive dos curiosos.
Esse aparelho, com tela lá pela beira das 50″, tinha sensor de movimento e reconhecimento de voz, e uma senhora nos seus sessenta, setenta e algo de idade mexia braços e mãos e falava com ele.
Dava para ver que ela (a senhora) não era das mais íntimas com dispositivos digitais, mas ia sem muito constragimento se iniciando nas maravilhas que o televisor -e o vendedor- prometiam.
Fiquei observando o ritual, e depois de uns 30 minutos vi que a venda acabava de ser feita, tão logo o marido chegou com o cartão de crédito.
Não resisti e fui perguntar ao casal qual a lógica da decisão de compra.
Ela: “Eu não aguentava mais o controle remoto para buscar o que queria, e agora posso só apontar para a TV e ela me obedece. Ou então mandá-la fazer o que quero”
Ele: “Ela quer mandar na TV assim como manda em mim”
Ela: “Tomara que a TV me obedeça, porque com você eu mando e você me ignora!”
Ele: “Mas eu tenho dúvidas se isso aí vai funcionar que nem na demonstração. O que eu queria mesmo era uma TV de alta definição e 3D, mas não sei como fica quando ela der uma ordem e eu não concordar. A TV obedece a quem??”
Ela: “Você ainda duvida, João*?”
Ali acabaram minhas dúvidas. Se antes, com os smartphones e tablets tomando de assalto a novíssima geração que não precisa mais de manual do usuário, agora podemos ter um novo nível de inclusão digital justamente naquela faixa dos resistentes à tecnologia, como o casal que conheci na loja.
Conversando com eles com mais calma, enquanto o pós-venda se perdia com a burocracia, acabei sabendo que eles são do tempo do videocassete que sempre ficava com o relógio piscando nas 12:00, porque eles não conseguiam ajustar. Mesmo quando a filha mostrava como fazer, já naquela época -meados dos anos 80- o dito cujo só servia para exibir fitas da videolocadora. Gravar programas de TV aberta, nem pensar!
Será que eles conseguirão se adaptar à nova maravilha da tecnologia? Ou eles acabarão se rendendo ao controle remoto, que vem junto?
Para mim, isso é irrelevante. O que parece ser inevitável é a chegada, para valer, do reconhecimento de gestos, voz e imagens, também pelos aparelhos de entretenimento doméstico. Daí para termos os eletrodomésticos conversando conosco é um passo.
Mas aí será necessário preparar os médicos, para evitar que encaminhem direto ao psiquiatra um paciente que afirma falar com o televisor e com a geladeira.
Afinal, pode ser uma pessoa muito saudável, não só da cabeça. Pode também não ter tendinite.
*nome fictício