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Voto Impresso: Volta ao Século XX

Está nas mãos do presidente Lula a versão final da chamada “mini-reforma eleitoral”, que de “reforma” não tem nada e só é “mini” porque não aborda os temas principais e, no que muda, na essência, remete ao passado e à falta de transparência.

Desabafo feito, vou comentar as duas vertentes, digamos assim, “tecnológicas” dessa mudança: as regras para a internet e o voto impresso.

As regras para o uso da internet, não terão eficácia e só gerarão polêmicas e demandas judiciais. Poucos candidatos se darão conta do potencial democrático da rede e das vantagens de bem utilizá-la para sensibilizar os eleitores, que depois poderão cobrar dos eleitos.

Mas o que passa desapercebido é a enésima tentativa de criar a impressão do voto confirmado na urna por amostragem de 2%, a parir de 2014, um verdadeiro absurdo.
Essa discussão só interessa a três tipos de pessoas: aos desinformados que fazem alarido por qualquer motivo, aos vendedores de impressoras, tinta e papel e aos derrotados, que, por não terem o voto impresso, podem achar desculpa, ou melhor, culpar a urna eletrônica e questionar a própria democracia.

Os programas das urnas são extremamente seguros. E eles são disponibilizados aos partidos políticos que podem auditá-los antes, para ver da possibilidade de furos ou fraudes. Essa versão debulhada a muitas mãos é então carregada nas 400 e tantas mil urnas que vão a todos os recantos do Brasil e lá se vota.

Fechada a eleição, qualquer dúvida pode ser dirimida simplesmente cotejando o programa da urna com o programa original, auditado e aprovado por todos os interessados.

Se não houve divergência, é claro que não houve erro.

E o voto impresso tem três defeitos insanáveis: (a) o custo é muito maior, (b) a possibilidade de quebra de um dispositivo eletromecânico é enorme e (c) escancara as portas para o voto de cabresto, uma vez que o eleitor pouco instruído pode ser induzido a fotografar seu finalizado e confirmado voto com o celular para comprovar um compromisso com cabos eleitorais a serviço de candidaturas espúrias.

Assim, espero que presidente Lula, que tem até o início do mês para sancionarr a tal lei, vete, no mínimo, essa parte da exigência do voto impresso, pois é um desserviço à democracia e ao bolso de nós, contribuintes.