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Smartphones e Tablets: As Babás do Século 21

Nos Estados Unidos, 60% dos pais usam smartphones e tablets para distrair seus filhos. Tirando os que usam só um desses dispositivos, e os que dão às crianças um celular comum, um eReader ou outro gadget eletrônico, sobram 20% de heróis analógicos, ou que dizem nunca deixar a criançada sob os cuidados de bits e bytes.
No segunda metade do século 20, a Babá Eletrônica por excelência foi a TV, que distraiu gerações de crianças mundo afora. Ainda hoje, não é incomum alguém dizer “filho, me deixa fazer essa coisa, vá ver TV“. Comum, pode ser, mas cada vez menos.
Com a geração nascida neste milênio, foi criado um novo paradigma: não há o antes da internet, e os dispositivos móveis fazem parte natural de seu habitat. É comum uma criança com 2, 3 anos, quando vê um televisor ou um display de loja, vai direto com o dedinho e tenta virar a página, como se aquilo fosse um tablet.
Comunicação dessas crianças com pessoas distantes usando um Skype ou um FaceTime é coisa de rotina, encurtando a noção de distância e fazendo a conversa apenas por voz algo meio estranho, pois falta a imagem que lhes é familiar.
Assim, não dá para estranhar essas estatísticas americanas, publicadas pela Harris Interactive. Aqui no Brasil faltam números a respeito, mas a tendência deve ser parecida.
O debate a respeito é sempre acalorado, com posições radicalmente contra e a favor dessas iBabás, culpando os pais que terceirizam os cuidados dos filhos para um tablet ou smartphone. Mas como não dá para sumir com os aparelhos, e as crianças também aprendem pelo exemplo dos pais, melhor é aproveitar o potencial dessas engenhocas para tornar o aprendizado, a interação e mesmo a parte lúdica mais proveitosa para a turminha.
Eu, particularmente, acho que os smartphones e tablets vieram para somar. Basta que pais, avós, tios e afins interajam com as crianças nas horas digitais. Sem deixá-las imersas o dia inteiro, e mostrando sempre as vantagens de brincar com os amiguinhos no parquinho ou no clube.

“iPad” gigante não funcionou!

Sábado passado precisei ir a um shopping de Curitiba. Aniversário de um amigo. Encontrado o presente, resolvi dar uma andada pelas lojas que vendem produtos digitais. Numa delas, um gigantesco televisor de 60″, 3D, com conexão à internet, reconhecimento de gestos. Maravilha! Já de olho na proximidade do Dia dos Pais, todos os televisores exibindo vídeos que enfatizam as qualidades de cada produto, ou linha de produtos. Interessante é que esses televisores têm um “Store Mode“, ou um “Modo de Loja“, onde as imagens ficam mais nítidas, brilhantes, com fortes contrastes.

Não penso na compra de nada por lá, mas vejo o interesse dos possíveis clientes. Ou dos ganhadores do presente, pais à frente.

Por enquanto, poucas vendas dos mais caros“, confessa um vendedor. “Mas quando vira agosto, não tem jeito! As compras de impulso acontecem“. Palavras dele! Nisso noto um casal com um menininho de três anos, no máximo, que fica fascinado com a telona grande. Passando um filme para crianças que já vi com meus netos. Senti que o cartão de crédito do casal estaria sendo sacado, talvez não para o televisor, mas para qualquer coisa relacionada com o conteúdo que passava, por conta da animação do menino.

Ele puxava o pai pela mão, dizendo, “vem cá, pai, vem!“, enquanto que a mãe falava ao celular. E o pai entretido com as características do aparelho, meio que em devaneio ante uma possibilidade futura de ter aquela maravilha na sua casa.

Vem cá, pai, vem!“, insistia o moleque. E o pai nada. Passou a cercar o home theater que estava conectado ao televisor, coisa finíssima!

O pai diz: “Já vai, filho.. espera um pouquinho!” e se senta na poltrona colocada estrategicamente para sentir o clima daquele conjunto digital. “Senta um pouco no colo do papai, vamos ver um pouco o desenho…” E a mãe com seu smartphone não dava tréguas a quem estava do outro lado da linha.

Mais umas duas insistidas, e finalmente o papai cedeu: “Pronto, filho, onde você quer ir, fazer xixi?

E o menino puxou o pai para perto da tela de 60″, esticou o bracinho e correu o dedo nela até onde deu. Mas o guri ficou frustrado, pois nada aconteceu: “Pai, esse iPad gigante está estragado!” Faltou a tela sensível ao toque!