>PLC – Internet pela rede elétrica: quando chegará?

>Recentemente voltou às manchetes a tecnologia PLC – Power Line Communications que é a internet de banda larga chegando às residências e escritórios através da universal e onipresente tomada elétrica. Afinal, essa tecnologia é confiável, é barata e, sobretudo, vai concorrer com o ADSL, o Cable Modem e o 3G?

A promessa é boa: você contrata serviços de internet com sua companhia de energia e instala um modem especial ligado à tomada de energia e tem internet em sua casa. A energia elétrica está em quase 100% dos domicílios, logo, seria a proposta de inclusão plena dos cidadãos na era digital.

Empresas como a Copel já fazem testes há mais de uma década no Brasil, e, no mundo, em especial na Alemanha, seu uso já é comum, embora não dominante em relação à concorrência.

Tecnicamente falando, não há problema. Se existe, ele vai estar na economia do modelo, no marco regulatório ou ambos.

Vamos por partes:

1- perguntam-me se, já que o sinal da internet pode trafegar pela rede elétrica, então porque ela não é universal, de tão simples? Ocorre que os pacotes que chegam da e vão para a internet, tendo como nó o seu computador vão trafegar pelo backbone global da internet. A rede elétrica é mais um condutor, assim como o cabo telefônico, o da TV por assinatura, o rádio, o ponto WiFi, a rede de seu aparelho celular. Estamos falano, em resumo, da famosa “última milha”, ou a forma de fazer a internet chegar até você, onde você estiver, com o dispositivo que você possuir, no momento. Aí a rede elétrica pede dispositivos especiais que não apenas o modem que vai estar em sua casa. Tem roteadres, fibras óticas, cabos metálicos e uma parafernália de outros equipamentos que vão conviver com a rede elétrica. Entra aí a boa e velha (Hoje meio desacreditada) economia, que vai dizer que esse modelo só é economicamente viável em lugares com grande densidade de usuários ou de consumo de banda. Paradoxo, não?

2- E como fica um serviço desses, em termos regulatórios: é da Aneel ou da Anatel? Bem… a pergunta diz tudo, ou seja, é uma baita confusão ainda não totalmente resolvida, e pode ser questionada por concorrentes a qualquer momento. Não espere uma solução rápida e cristalina. Quem mexe com isso atualmente é a Anatel, mas a Aneel mete sua colher e deve trazer questionamentos.

3- Como vai o PLC no mundo? E no Brasil? Bem longe da promessa de um Eldorado. A Alemanha tem algumas boas amostras, assim como a Itália e a Suiça. Algumas empresas de energia nos Estados Unidos também disponibilizam o serviço. Dá para citar mais exemplos, mas o fato é que a tecnologia PLC, bem antiga que é (por exemplo, antecede o WiFi) ainda dá “traços” de audiência, perdão, de penetração no mercado. Aqui no Brasil algumas cidades fazem pilotos, no Paraná estão implantando em Santo Antônio da PLatina, no norte velho. Pelas duas razões acima, pelo menos, não esperaria um surto de PLC no Brasil ou no mundo antes de muito tempo, se ocorrer.

4- E as velocidades de acesso? Hoje trabalha-se com a segunda geração de equipamentos PLC que prometem taxas de transferência de até 200 Mbps, ideal para tráfego pesado de áudio e vídeo . Mas essa taxa é nominal, e, dependendo do tráfego e da divisão de banda entre os usuários, esse valor tende a ser bem menosr. Nada de diferente do que ocorre com os acessos tradicionais de banda larga, ou seja, o PLC é mais do mesmo em termos de velocidade nominal e real.

5- Como está o PLC no Brasil? Aqui dá para dizer que o Brasil está no pelotão de frente quando o tema é domínio da tecnologia PLC. O Brasil participa ativamente da do projeto OPERA (Open PLC Research European Aliance, e já existe um exemplo concreto de uma cidade conectada pelo PLC, a maranhense Barreirinhas, que dista cerca de 250 km da capital São Luiz. As principais empresas de distribuição de energia, Copel entre elas, buscam viabilizar o modelo.

6- E daí, como ficamos nós, que não estamos em regiões onde há competição por provimento de acesso rápido à internet? A resposta não é muito animadora: salvo se você estiver em uma cidade como Barreirinhas ou Santo Antônio da Platina, provavelmente você ainda vai esperar um pouco, salvo se sua região for contemplada com mais um projeto piloto. O PLC não é novidade tecnológica. Sua adoção agora é uma questão de prioridades. Mas como, em termos econômicos, isso não representa muito no fluxo de receitas e despesas de uma distribuidora de energia, resta existir um plano viável que defina esse modelo como prioritário.

Mas aí aparecem os concorrentes que prometem mais por menos, como o WiMax. Mas isso é outra história… Por enquanto, aguarde!

7 Respostas

  1. >Ou seja, quem tem, tem, quem não tem, tá ralado…

  2. >Mas a tecnologia WiMax não pode ser igualmente “universal” a um custo mais baixo? Por quê alardeiam tanto essas novidades e só geram expectativas falsas no consumidor?

  3. >existe um comentário seu na jornalismofm em áudio, muito bom. Ouça em http://jornalismofm.com.br/2009/05/internet-na-tomada-de-luz/

  4. >Deu no Computerworld em http://computerworld.uol.com.br/gestao/2009/05/15/microsoft-aconselha-empresas-a-esperar-pelo-windows-7/A coisa já passou na ANATEL, agora é com a ANEEL, esperam a liberação em alguns meses.Sigo duvidando de um serviço regulado por duas agências diferentes. Assim como a mãe, a regulação é única.

  5. >Em relação a distancia dos repetidores, será possivel chegar a longas distancias com a PLC???

  6. >A tecnologia PLC/BPL deve ser encarada como uma alternativa competitiva e não como uma substituta das já existentes.

  7. >A internet, com certeza, vai chegar às pontas pr múltiplos meios, PLC um deles.Mas, descontados os interesses fortíssimos por outros caminhos, bem que as partes regulatórias poderiam sair de seu comodismo, ou inércia, e resolver esse ponto de modo mais objetivo.

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