Bill Gates e o social
Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft é enfático ao mostrar sua postura voltada ao social. Em entrevista ao Financial Times, ele vai direto ao ponto: “Eu certamente amo essas coisas de TI”, diz ele. “Mas, quando queremos melhorar vidas, é preciso mexer com coisas mais básicas, como a sobrevivência de crianças, a nutrição de crianças.”
Sábias palavras de quem esteve, desde a década de 1970 inovando no mundo da tecnologia. Depois que se afastou do comando da Microsoft, Bill Gates focou suas prioridades na Fundação Bill & Melinda Gates, que toca com sua esposa, e já despejou bilhões em programas de melhoria da qualidade de vida para populações desprovidas em países que estão lá atrás em todos os índices de desenvolvimento.
O interessante é que seus projetos servem mais para ensinar a pescar do que prover peixe às camadas mais carentes. Por exemplo, a fundação financiou um projeto do Instituto Serum, da Índia, para produzir vacinas contra a meningite que podem ser armazenadas à temperatura ambiente, já certificadas pela Organização Mundial da Saúde. Nesse caso, temperatura ambiente quer dizer calor acima de 40ºC, eliminando custos de refrigeração e deterioração das vacinas
E Bill Gates sabe usar a alvancagem de seu nome para chegar às lideranças dos países menos desenvolvidos para mostrar e propor soluções a problemas aparentemente insolúveis.
Presidentes e primeiros-ministros ouvem Bill Gates.
Mas ele também cutuca os novos ícones da tecnologia. Ao comentar, na entrevista, sobre o projeto de Mark Zuckerberg, que se propõe a conectar os restantes 5 bilhões de humanos ainda de fora da internet, ele diz que isso é uma piada, não uma prioridade.
E, para pensar na importância dos emergentes, especialmente Índia e China, ele relembra o que disse em 2005 sobre a Revolução da Internet a Thomas Friedman, o autor de “O mundo é plano“: “Tudo bem, vá a esses centros da Infosys em Bangalore [na Índia], mas só por brincadeira saia de lá num raio de 5 quilômetros e veja o cara morando numa casa sem banheiro e sem água encanada” Agora ele diz: “O mundo não é plano e os PCs não estão, na hierarquia das necessidades humanas, entre as 5 primeiras.”
Vale a pena ler a matéria do Financial Times!
O culpado é o Software!
Está provado: o culpado de tudo não é mais o mordomo, personagem demodé do século XX. Agora, em tempo de artefatos digitais, o novo culpado universal é o software.
Uma das últimas cenas de horror vividas pelos sofridos passageiros de avião -ou inquilinos de aeroporto– ocorreu no início de agosto, quando uma companhia aérea supostamente mudou os programas de computador que gerenciavam as escalas de tripulantes, e então houve mais uma confusão generalizada para os sofridos passageiros. Falha do software, correram a dizer seus dirigentes e portavozes.
Em passado do não tão distante ano de 2008, o apagão aéreo deixou centenas de milhares de passageiros em imensas filas nos aeroportos e então um dos vilões foi o software, dito por aqueles que deveriam ter uma solução, não uma desculpa.
Você já tentou pedir algum serviço a alguma empresa que, em retorno, diz que Nosso sistema está fora do ar temporariamente, por problemas no sistema de computação. Tente novamente mais tarde…
Nesse mundo cada vez mais digital, cada vez mais conectado, a dependência do software para um cidadão comum é cada vez maior, embora não percebamos.
O software, ou programa de computador, nada mais é do que um conjunto de regras estruturadas dizendo à máquina como as informações serão tratadas. Feita por humanos, é algo imperfeito e em eterna construção, em especial aqueles mais complexos, hoje estão presentes em nosso cotidiano, em tarefas serviços de telefonia, de energia, pagamento de impostos, de contas. Até mesmo os nossos carros estão sujeitos a recall pelos fabricantes para trocar componentes defeituosos, que vão de uma simples palheta do limpador de parabrisa até a correção -aqui ele de novo- do software de gerenciamento do motor, que, se não for feito, pode ocasionar até incêndios e explosões.
Então, o culpado é o software? O novo e tenebroso vilão do século XXI?
Na verdade, muitas vezes a desculpa do problema do software é a mais esfarrapada possível, para justificar outro tipo de problema, desde erros de especificação até falhas na sua atualização ou sobrecarga nos servidores por excesso de tráfego de dados, não antecipado na elaboração do projeto.
Isso está virando coisa banal, recorrente, até mesmo para buscar explicar o inexplicável.
Olhando do outro lado, a melhor definição que ouvi de software veio pessoalmente de ninguém menos que Bill Gates, o fundador da Microsoft. O ano era 1998, em um hotel do Walt Disney World em Orlando. Para uma platéia de 7.000 pessoas com telões por várias salas, Gates apresentava o novíssimo Windows 98, que substituiria o popular mas já ultrapassado Wndows 95. Na fase de perguntas, um jornalista disparou o tema que não podia calar: Então, com o 98 os bugs do 95 serão eliminados? E Gates, rapidinho: A imensa maioria, provavelmente sim, mas novos aparecerão. Ou como você acha que ganhamos a vida?, brincou…
A ironia estava lá, mas com uma boa dose de verdade. E, não por acaso, na demonstração, o Windows 98 travou, para constrangimento dele e delírio da platéia.
Mas, via de regra, os defeitos atribuidos ao software são frutos de mau planejamento, má execução, péssimo dimensionamento, falta de treinamento para o uso ou um conjunto das causas anteriores.
Eu que sou veterano na produção de soluções de software e no seu uso em múltiplas aplicações, normalmente reajo assim, quando ouço essas respostas-padrão:
Desculpa 1: Sinto, senhor, nosso sistema caiu e está indisponível!
Eu: Ééé? Pobre sistema, e ele se machucou? Chamaram o SAMU?
Desculpa 2: Nós tivemos um problema na atualização da versão de nosso software de gestão, então não pudemos efetuar seu crédito
Eu: Então, já que fiquei sem grana, posso usar essa desculpa para não pagar meu imposto de renda?
Desculpa 3: Nossos servidores estão sobrecarregados e não podemos completar seu pedido da promoção. Tente mais tarde.
Eu: @#$@%$&^µ´®∂å