Confesso que observei com atenção a campanha presidencial americana de 2012, especialmente para tentar entender as propostas de cada um, as estratégias para ganhar votos e desconstruir o rival e, sobretudo, o imenso fluxo financeiro arrecadado através de doações identificadas e de indivíduos -pessoas físicas- em valores unitários inferiores a 100 dólares. Passou voando da marca de 1 bilhão, mais do dobro de 2008, e a quantidade de doadores se contam nas dezenas de milhões. Peanuts, como dizem por lá, troco, diríamos aqui.
Mas essa massa de doadores também buscou encontrar outros, e as redes sociais bombaram, ao ponto da foto da vitória, com o casal Obama se abraçando após conhecido o resultado virou o maior hit do Twitter e do Facebook em todos os tempos. Isso não é pouca coisa! E aqui foi onde Obama goleou Romney, seja em quantidade, seja em qualidade. A repercussão positiva das postagens referentes ao democrata superaram as do oponente republicano por margens nunca inferiores a 2:1.
Vale também uma análise crítica do processo de votação e apuração, nem sempre 100% eletrônica, às vezes com cartões perfurados, mas, na maioria das situações, em folhas de papel com um monte de votos para dezenas de cargos (xerife, juiz de paz, entre outros) e consultas populares com poderes de plebiscito e referendo. Fora a eleição de deputados e senadores, estaduais e federais, administradores de condados, prefeitos, vereadores e até mesmo de presidente.
Interessante que foram 15 candidatos à Casa Branca, dos quais só dois tiveram estrutura e grana para competir. Mas, além desses 15, você poderia votar em um candidato não inscrito, em você mesmo, por exemplo. O decisivo estado de Ohio, que fez Obama superar a marca de 270 delegados inscritos para o colégio eleitoral teve cédulas que mais pareciam folhas de jornal com letrinhas miúdas, tantas eram as respostas a serem dadas pelos eleitores.
Mas o fato é que uma eleição geral como essa, mais complexa que as nossas para presidente, e onde você pode se registrar até na hora do voto, a logística e o processo são bem mais complicados que o nosso. Tirando a renitente Florida, que desde pelo menos o ano 2000 é lenta demais, os outros apuram toda essa massa da vontade popular em poucas horas. Mais ainda, permitem o voto antecipado em 37 dos 50 estados, e ele pode ser enviado pelo correio. Este ano, por conta do furacão Sandy, eleitores que tiveram de sair de suas casas para não morrer vão poder votar em um portal da internet ou por e-mail, em decisão do Comitê Eleitoral tomada dias antes.
Embora por vezes haja acusações de fraudes, como aquela famosa de 2000 na Florida que acabou dando a presidência ao republicano George W. Bush e agora, em 2012, uma teimosa urna eletrônica da Virginia teimava em marcar para Mitt Romney os votos digitados para Barack Obama.
Mesmo assim, o debate do dia de hoje foi sobre quando o voto lá ao norte do Rio Grande será totalmente online, via tablets, smartphones ou laptops. Hoje em dia, a tecnologia não dá o nível de confiabilidade que o sistema requer, mas isso é só questão de tempo, como ocorre hoe nas transações do mercado financeiro.
Em algumas votações regionais de condados e cidades, o voto online já vem sendo testado com resultados animadores, embora sobre temas menores. Mas a cultura do voto conectado já está com as primeiras folhinhas brotando.
E. para fechar, ainda sobre 2012: O Twitter teve picos de tráfego por conta das discussões eleitorais. No final, a média era de 700.000 tweets por hora! Nas comemorações, muito mais do que isso.
Ou seja, a discussão sobre o voto online não é sobre se ele virá, mas sim sobre quando e como. Aqui no Brasil, com nossa bem sucedida experiência nas urnas eletrônicas, chegou a hora de pensarmos em modelar nosso voto online. Ganhamos todos!
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