Arquivos digitais são para sempre?
Se você é nascido no milênio passado, ou melhor, nasceu antes da década de 1980, é provável que tenha passado por várias experiências de guardar informação. Fitas cassette, fitas de rolo, LPs, filmes Super 8, filmes fotográficos de vários formatos, câmera de fotos instantânea (a Polaroid), fitas de vídeo VHS e por aí segue.
Aí, com a chegada da era do microcomputador, vieram as fitas e discos magnéticos, disquetes, minidiscos. Mais os CDs, DVDs, BluRays. Mais recentemente, os pen-drive, memory-cards e memória fixa em smartphones, tablets e ultrabooks.
Guardar essas mídias para poder usá-las depois sempre foi um desafio. Ora porque não há mais como lê-las, pois não existem mais equipamentos para isso, e, quando existem, são raros e caros. Ora porque a versão do software que gerou o arquivo é incompatível com a atual. Sem contar que elas podem se deteriorar com o tempo, mesmo as que seriam eternas, como os discos digitais.
Mas CD, DVD e BluRay não são eternos, se bem cuidados? Infelizmente não. Também podem ser atacados por fungos, sofrem com variação de temperatura e umidade. As melhores previsões é que um disquinho desses de 5 1/4″ dure no máximo 100 anos. Como eles surgiram no início dos anos 1980, ainda não deu para verificar se duram mesmo isso tudo.
Os flash-drives, outra promessa de eternidade, não resistem ao tira e põe a que são submetidos os pendrives. Os memory-cards de filmadoras e máquinas fotográficas também são fáceis de perder, muitas vezes menor do que uma unha humana.
Solução hoje? Armazene na nuvem! Eu mesmo já toquei aqui nesse tema, mostrando as facilidades, os custos e a segurança. Isso antes das bisbilhotices globais na internet virem à tona… Mas esse caminho é sem volta, desde que não o único.
Arquivos importantes, pequenos, médios ou grandes, devem ser tão eternos quanto possível, mas mais duradouros do que o amor de Vinícius de Morais, “imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure“.
Se você não tem tempo e disposição para guardar tudo, preserve com carinho aqueles que devam ser infinitos, ao menos para você.
Sábado, Boston Globe; Segunda, Washington Post. E agora?
Nem deu para esfriar a notícia da venda do Boston Globe pelo New York Times, e agora, nesta segunda, vem a notícia da venda do Washington Post para Jeff Bezos, o chefão da Amazon.
O valor foi um pouco maior, US$ 250 milhões, e a aquisição foi feita por Bezos, como pessoa física. Mas é impossível dissociar esse negócio das transformações da era digital.
O Post ficou famoso pelo jornalismo investigativo, que divulgou o escândalo da espionagem dos agentes de Richard Nixon no escritório do Partido Democrata no complexo de edifícios Watergate, em 1972. Dois anos depois, Nixon renunciacva.
Será que dois negócios envolvendo grandes jornais americanos podem sinalizar o fim de uma era? Afinal, o New York Times comprou o Boston Globe por US$ 1,1 bilhão há 20 anos e agora o passa adiante para adiante para o dono de um time de beisebol por meros US$ 70 bilhões, e, passado o domingo, o bilionário dono da principal empresa de comércio eletrônico arremata mais um ícone das notícias.
Mas é bom lembrar que nem sempre essas aquisições dão certo. Lá atrás, ainda no final do século XX, a America OnLine – AOL, então líder do mercado de serviços de correio eletrônico investiu bilhões na compra da Time-Warner, então o maior conglomerado de mídia do planeta. Anos depois, a AOL é irrelevante, e os sucedâneos da Time-Warner ainda sobrevivem.
Já o e-mail dá sinais de cansaço, substituido por mensagens instantâneas e redes sociais, quase como o vetusto fax, de poucos anos atrás.
Pode ser que Jeff Bezos tenha planos mirabolantes para o Washington Post, ou que queira transformá-lo num hobby pessoal. Pode ser.
Mas também pode ser que ele tenha uma visão de sinergia para a Amazon, que ninguém saiba.
O mais provável, arrisco, é que ele tenha uma visão para alavancar o Post dentro do mundo digital, com prioridade para a versão online e com muita interação com seu público-alvo.
Numa dessas, Bezos vai querer concorrer com uma CNN ou uma Fox da vida, e pode ter planos ainda mais ambiciosos para tratar notícias.
É… as coisas andam rápidas nesse mundo digital!