Da série Liberdade X Controle 5: Você está na telinha e na telona e não sabe?
Você já se deu conta que sua imagem pessoal está sendo gravada, todos os dias, por milhares de câmeras?
Elas podem ser geradas por câmeras de monitoramento nas ruas, nas empresas, nos shoppings, nas repartições públicas ou em qualquer um dos milhares ou mesmo milhões de celulares portados por cada uma das pessoas que moram na cidade onde você está agora.
Escapadas furtivas? Nem pensar, qualquer que seja o objetivo, mesmo a mais inocente saída à francesa de uma reunião chata.
Ficar desconectado? Até pode, mas aí você perde contacto com o mundo, e todo o seu passado estará lá devidamente registrado na nuvem.
Essa onipresença de olhos digitais em nosso cotidiano implica em não mais discutirmos se a profusão de câmeras nos filmando e fotografando é boa ou ruim. É fato consumado, pronto!
De outro lado, existe o uso indevido dessas imagens e coordenadas, especialmente por bandidos que estudam hábitos das pessoas para poder cometer crimes de maneira mais precisa e eficaz.
Muito se discute sobre a necessidade de rever legislações. Deve haver um jeito de penalizar mais quem cometa crimes contra a pessoa ou contra o patrimônio com o apoio da tecnologia.
Agravante de pena? Não sei, mas o ladrão digital que usa recursos da moderna tecnologia corre bem menos riscos do que o criminoso analógico.
Existem softwares sofisticados de reconhecimento de imagem que ajudam a identificar quem agiu contra a lei e foi flagrado por câmeras. Isso é bom? E se for usado por autoridades com o objetivo de cercear a liberdade individual? E se cair nas mãos de bandidos?
A tecnologia e seus usos andam mais rápidos do que a média dos cidadãos. Não devemos nos estressar sobre a onipresença das câmeras. Mas devemos estar permanentemente atentos sobre os avanços dos marcos regulatórios e das providências das autoridades para assegurar nossa liberdade e nossa individualidade, sem prejuízo do conforto que a tecnologia nos oferece do bem estar da coletividade.
Da série Liberdade X Controle 4: Localizando seu dispositivo móvel e sendo você localizado
Smartphones e tablets mais recentes oferecem um recurso interessante: a possibilidade de localizá-los em caso de perda, esquecimento ou mesmo de furto ou roubo. Nesses casos de inconvenientes com meliantes, é possível, inclusive, bloquear o aparelho ou mesmo apagar todo seu conteúdo, remotamente.
Vai-se o aparelho, mas seus preciosos dados não, desde que você tenha cópias de segurança deles.
Essa funcionalidade já é bem difundida entre as principais plataformas. Com o iOS, da Apple, o Find My iPhone é o mais usado. Os aparelhos que rodam o Android, do Google, preferem o Where’s My Droid.
Estatísticas mostram que o principal uso é bem trivial: serve para achar o celular que está perdido dentro da casa ou do escritório. Num distante segundo lugar vem o bloqueio do tablet pelos pais quando os filhos estão abusando do limite de tempo acordado e é hora de fazer a tarefa da escola. Só então vem a finalidade para o qual esses aplicativos foram originalmente pensados: achar e pegar o ladrão que saiu usando seu aparelho depois de um furto ou roubo. Em cidades como Nova York, por exemplo, as recuperações de smartphones e tablets nas mãos de ladrões via Apps já representam 40% do total dos boletins de ocorrência resolvidos pela polícia, cujo chefe já reconheceu publicamente a ajuda que essas ferramentas vem trazendo ao serviço policial.
Existem também muitos casos de separação litigiosa de casais onde o juiz determina a liberação desses dados de localização, normalmente associados à quebra do sigilo telefônico. Mesmo no Brasil, onde o uso desses aplicativos é relativamente limitado, as varas de família já registram casos de reparações milionárias por conta das andanças do smartphone por lugares comprometedores…
É mais um tipo de aplicativo onde abrimos mão de parte de nossa privacidade ou liberdade em troca de mais conveniência, uma vez que o provedor do serviço de localização sabe onde você está e quando. Interessa?
Se você mesmo assim está disposto a usar essa funcionalidade, não se esqueça de ter o aplicativo atualizado e uma conta na nuvem para poder usá-lo e ter seus dados preservados em lugar seguro. Esses serviços de backup já estão inclusos na versão básica e gratuita dos aplicativos de localização, e o espaço disponível varia de 3 a 5 GB. Como os smartphones e tablets possuem capacidade de armazenamento maior, considere pagar uma taxa mensal para aumentar sua cota de armazenamento. Hoje em dia, esses serviços competem favoravelmente com os meios tradicionais de armazenamento, como os HDs externos e discos DVD e BluRay.
Eu uso esses aplicativos, e acho que as vantagens largamente compensam as desvantagens.