2016
2015 foi o ano que parei de escrever regularmente sobre tecnologia. Não que eu tenha cansado, ou desistido. Mas as mudanças estão acontecendo em um ritmo diferente, e entender o que se passa nesse mundo maluco requer, de vez em quando, uma mudança de foco.
Assim, estudei mais, me dediquei em buscar novas soluções tecnológicas que sejam aplicáveis a empresas e organizações governamentais.
Gastei fosfato, garganta e ouvido. Cheguei à conclusão de que não há conclusão. O mundo digital segue mudando, mas muda com menos espetáculo e com mais foco em dispositivos e soluções que sejam realmente úteis.
Os novos lançamentos da Apple, do Google, da Samsung e de tantos outros já não causam tanto frisson; as redes sociais estão à busca de um novo Facebook, que já dá sinais de cansaço, mas mostra uma robustez incrível na geração de caixa.
OK, tem o WhatsApp, que no Brasil já tem mais contas do que o Facebook,mas esse não vale, pois é do Facebook. Valeu o investimento, assim como o do Google ao comprar o YouTube, lá no início do milênio.
A segurança digital nossa de cada dia vai exigindo que abramos mão de nossa privacidade, mas, fazer o quê, se terroristas organizam atentados usando aplicativos que todos nós usamos? Não queremos ser alvos de atentados, por certo!
Há, por fim, aquela necessidade de estar desconectado por uma parte razoável de nosso tempo, que nos permita estar fisicamente com os nossos familiares e amigos.
O que me traz à reflexão inevitável quando chega a virada do ano: acredito que 2015 vá deixar poucas saudades, e 2016 sinaliza turbulências. Mas isso não deve ser motivo de desânimo nem de baixo-astral. Já que estamos aqui nesse planeta onde a natureza já mostra que não está muito satisfeita conosco, vamos procurar melhorar esse nosso lar.
Além de buscar eliminar desperdícios de recursos finitos, devemos buscar uma melhor convivência entre aqueles que nos são próximos e outros nem tanto.
2016 será o ano das Olimpíadas no Rio, no Brasil. Para mim, isso não representa um marco nem uma corrida de 100 metros rasos. É mais um ano que vai exigir muito esforço, muito trabalho, melhores soluções e, sobretudo, paciência e persistência.
Mas é exatamente nas dificuldades que surgem as oportunidades!
Feliz 2016 a todos!
Gatos Pingados de Jacarezinho e o Clube do Boné
A cidade de Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná, mostrou aos brasileiros que o cidadão, o contribuinte, são os verdadeiros donos do tal do dinheiro público.
Para quem não acompanhou o noticiário, aconteceu mais ou menos assim: a Câmara de Vereadores local resolveu aprovar projetos que aumentavam bem acima da inflação os salários dos próprios. OK, que só a partir da nova legislatura. Decidiram também aumentar o número de cadeiras na câmara (mais vereadores, mais assessores, mais verbas de representação…)
A população, irada, resolveu protestar, mas um dos edís resolveu soltar a infeliz frase “isso não passa de inconformismos de meia dúzia de gatos pingados!”.
Pronto! De repente, Jacarezinho viu milhares de cidadãos miando, com camisetas dizendo ser cada um deles também um gato pingado. Resultado: Não houve aumento dos jetons nem do número de cadeiras na câmara.
O povo diz que vai seguir pressionando até que o salário dos vereadores baixe para um salário mínimo.
Através das redes sociais e da grande mídia, o exemplo de Jacarezinho ganhou repercussão nacional e internacional. E incomodou os vereadores Brasil afora, ante a perspectiva de pressão igual que os force a reduzir o custo dos legislativos municipais.
Vários deles, repercutindo o caso de Jacarezinho, andam dizendo que se forem obrigados a reduzir os salários por pressão popular, vão pedir os bonés e vão para casa.
Eu não sei não, mas, se bobearem, surgirá um Clube do Boné em cada cidade brasileira, para facilitar a vida dos vereadores que queiram ir embora, ganhando, grátis, um lindo boné.
Além de reduzir despesas, nesses tempos de crise, ajuda a economia criando um enorme mercado para a indústria de bonés.
Que tal?
Assim como almoço, não existe internet grátis
Recentemente, um vereador de Curitiba apresentou um projeto de lei que obrigaria as concessionárias de serviços de ônibus a oferecer acesso gratuito à internet nos terminais e nos veículos. Nobre idéia, mas dificilmente vai pegar.
E não é só por conta dos custos, que alguém precisaria bancar. Afinal, pode até haver interesse de operadoras, ou de um grande anunciante em patrocinar um serviço desses. Mas o buraco é mais embaixo…
É que o Brasil detém o nada honroso posto de vice-campeão mundial de cibercrimes, e isso tem a ver com a criatividade ainda primitiva de nossos hackers do mal e com o elevado percentual de usuários entrantes no mundo da mobilidade digital, com seus novos smartphones e tablets. É muito fácil hackear essa turma, em transações de pequeno valor. Isso, multiplicado por milhões de usuários, já faz com que 95% dos crimes cibernéticos contra instituições financeiras sejam feitos por serviços online. Ou seja, os usuários estão marcando bobeira.
Mais do que o problema do cibercrime, temos também o Código de Defesa do Consumidor, que cria um potencial passivo aos provedores de serviço, às concessionárias e ao poder público, por uma possível indisponibilidade ou lentidão do serviço. Isso sem falar na vandalização das caixinhas com os roteadores.
Seria interessante, no entanto, trazer à baila a discussão da disponibilidade de serviços de internet não apenas nos ônibus ou estações de embarque/desembarque. A verdadeira internet pública, que tanta gente fala e pouco se pratica. A tal da Cidade Inteligente precisa contar, dentre tantas soluções digitais, com o acesso pleno à internet para dispositivos em posse do cidadão.
É muito estranho que, em pleno 2015, o assunto não seja levado a sério no Brasil…
Apple Watch, ou como ganhar bastante dinheiro
A Apple lançou o Watch com grande espalhafato, no começo de setembro passado, prometendo as entregas logo no início de 2015. Depois adiou para abril, logo para maio e agora jura que embarca o primeiro milhão de unidades vendidas em poucos dias a partir de junho.
As lojas já exibem o produto para demonstração e testes de clientes, em países selecionados, e a Apple admite problemas na produção e nas vendas acima de qualquer expectativa.
Com certeza, o produto vai dar o que falar. Pode até abrir espaço para mais um gadget que você nem sabia que ia precisar, seguindo a linha de pensamento do grande Steve Jobs.
E a Apple segue sendo uma empresa altamente lucrativa, sólida, esbanjando charme. O Watch é o primeiro produto inteiramente novo projetado e lançado após sua morte.
Mas dá para fazer uma outra leitura.
Ocorre que o conjunto de funcionalidades, tamanho reduzido, preço razoável e capacidade de processamento e de comunicação batem de frente com a capacidade e durabilidade da bateria. Esse foi o principal glitch, e a tentativa de melhorar o que foi anunciado, depois do lançamento, foi infrutífera. O fato é que o Watch não tem capacidade para mais do que 18 horas de funcionamento contínuo, depois precisa reabastecer usando o charmoso carregador com cara de estetoscópio.
O Watch é, pois, o primeiro relógio de produção em massa cuja corda dura 18 horas, ou menos, se você começar a usá-lo para outras coisas que não seja ver as horas.
18 horas de um total de 24 horas/dia. OK, você dorme, seu Watch carrega. Parece um bom acordo. Só que, no mundo moderno, nem sempre é assim. Existem viagens intercontinentais com diversos fusos horários, você pode esquecer de colocá-lo no carregador depois de uma animada festa, enfim, o Watch depende de você ser uma pessoa com hábitos regrados e constantes.
Mas a Apple tem bala na agulha para criar mais uma legião de dependentes até que essa briga com a bateria se resolva.
Enquanto isso, 1 milhão de Watches a US$ 250 cada (ticket médio), são US$ 250.000.000 no caixa da empresa sem que nenhum relógio tenha sido embarcado.
Genial, não? Você não adoraria ser acionista de uma empresa assim?
Siri em português
Finalmente a Apple disponibilizou o (a) assistente com reconhecimento de voz em português, Siri. Eu vou de feminino, a Siri, já que escolhi a voz de mulher.
Isso acontece ao você atualizar seu dispositivo iOS para a versão 8.3.
Eu já usava a Siri em inglês. Às vezes meio burra, outras vezes meio ríspidas, mas eu havia gostado. Só que, para localização de endereços ou mesmo rotas, não funcionava aqui no Brasil. Agora, vai começar devgarinho. O problema é a interação com o Mapas, o App nativo da Apple que concorre com o Google Maps, este muito melhor.
Mas é um avanço! Celebremos, com cautela…
E você, já está usando a Siri em português?
Tecnologia é arma para fortalecer a República e combater o populismo
Ultimamente ando meio desmotivado para falar ou escrever sobre tecnologia, as novidades e os breakthroughs. Recebi até críticas pela minha ausência. Na verdade, estou em fase de observação, e busco agora ver bons exemplos de uso da tecnologia, em especial da internet e das redes sociais.
Daí que me senti um privilegiado de poder conhecer pessoalmente e assistir uma instigante palestra de Gloria Alvarez, a hoje já famosa jovem guatemalteca, que começou a bombar quando de sua lúcida intervenção no Primeiro Parlamento Iberoamericano da Juventude em Zaragoza, na Espanha, em setembro de 2014.
Sua luta é para esclarecer os jovens e os não tão jovens sobre os males do populismo, e o que isso impacta nas raízes da República em uma sociedade democrática. E sua arma é a tecnologia, o canal é a internet, através das redes sociais.
O falso dilema da luta direita x esquerda, ricos x pobres é cristalinamente desmontado por Gloria.
Ela veio ao Brasil, começando por Curitiba, para uma série de palestras. Começou na segunda, 6 de abril, na ACP – Associação Comercial do Paraná. Brilhante, encantou a audiência e foi aplaudida de pé. Na sequência, fez mais 4 palestras em 4 universidades locais, a Positivo, a PUC-Pr, a UFPr e a Uninter.
Agora, Gloria vai a São Paulo, e depois a Porto Alegre. Em seguida, visita Argentina, Chile, Bolivia, Equador, Venezuela (se a deixarem entrar) e fecha a maratona de 45 dias na Colômbia.
Sua mensagem vai longe, multiplicada pelo poder da tecnologia. Um bom uso da tecnologia! Sucesso, Gloria Alvarez! Procure por ela no Twitter, no Facebook ou no YouTube. Vale a pena. E, se você estiver na rota desse furacão guatemalteco, embarque nessa e vá vê-la, ao vivo. Você vai entender melhor o nosso momento atual aqui na América Latina e as ameaças que nos cercam e, muitas vezes, não percebemos.
Dinheiro do Contribuinte ou Dinheiro Público
“There is no Public money, only Taxpayer’s money!” (Lady Margaret Thatcher)
Isso foi lá na década de 1980, em sua campanha eleitoral para a Câmara dos Comuns, na Inglaterra, que iniciou uma guinada conservadora no país. Os mineiros de carvão estavam em greve havia mais de um ano, a indústria parada, as casas geladas no inverno por falta de calefação, a economia do antigo Império em frangalhos. Lá, tudo mudou.
Mas hoje, a ênfase é no tratamento do dinheiro público. Ou seja, o Estado tem o dever e o direito de arrecadar dos contribuintes, para fazer coisas boas para todos os cidadãos, inclusive com prioridades para universalizar a educação, a saúde, a segurança, preservar o meio ambiente…
Discutir, em pleno 2015, se o dinheiro é do contribuinte ou é público, talvez não leve a nada, aqui no Brasil. Ou talvez valha um mínimo de reflexão, que aqui é provocada por esse veterano engenheiro, que escreve sobre tecnologia, mas resolve agora dar um pitaco nesse tema, olhando, sobretudo, para a inquietação de boa parte do povo, a falta de soluções viáveis, e para uma polarização perigosa, capaz de aprofundar os problemas, em vez de resolvê-los.
Não pretendo resolver nada, só refletir. Vamos lá:
O dinheiro sempre sai do bolso do contribuinte para o Estado. Contribuintes pessoas físicas ou jurídicas, contribuimos com impostos (mas se algo é imposto, cabe a palavra contribuinte?) ou de contribuição (contribuimos com contribuições é pleonasmo, mas, tudo bem…)
O Estado arrecada tudo isso, às vezes ajudado por empréstimos ou por venda de ativos (privatizações, concessões, etc…) para fechar o caixa e cumprir a lei e as promessas de campanha. Ou tentar cumprir.
Ao receber esse dinheiro de nós, contribuintes, ele tira um pedaço para custear a tal da máquina (propinas não estão nesse raciocínio) e o que sobra é o dinheiro público disponível para serviços e obras governamentais.
A soma do dinheiro do contribuinte é sempre maior do que a soma do dinheiro público. A diferença é o custo do Estado. O dinheiro público, se bem aplicado, é transformado em bens e serviços demandados pela população, tais como as ações sociais de distribuição de renda, segurança pública, saúde, educação, proteção das fronteiras…
Os bens e serviços, entregues às custas do dinheiro do contribuinte transformado em dinheiro público terão mais recursos quanto mais eficaz for a máquina pública. O dinheiro público será tanto maior quanto mais eficiente for o funcionamento da máquina pública.
No Brasil, a ineficiência da máquina pública é, provavelmente, muito maior do que o que é gasto com corrupção, que nvemos não ser pequena. Aliás, a ineficiência da maioria dos processos é uma indutora da corrupção.
Ao não conseguir gerir com competência o dinheiro público, arrecadado doa contribuintes, o Estado cria regras cada vez mais complexas e de difícil entendimento, que dirá de cumprimento. A máquina fica mais complexa, gerando mais burocracia (em física, seria gerar mais calor e menos trabalho, para cada unidade de energia entregue). A sociedade fica menos atendida e as atividades produtivas, menos competitivas.
Faz sentido? Acho que é, no fundo, no fundo, algo mais complexo. Afinal, cada vez mais exige-se mais transparência, mais controles, mais isonomia, mais um monte de coisas. Mas o resultado final que o Estado se propõe a entregar, não aparece.
Usar a tecnologia (ufa! enfim alguma menção às origens desse blog) pode ajudar, desde que não seja apenas mais uma camada de custos para fazer tudo do jeito que era antes. Mas o custo da entrega de serviços básicos, como uma consulta no SUS é enorme, e os que estão lá na ponta buscando servir, ganham pouco. O memso vale para a educação, para a segurança, para a infraestrutura, para tudo!
Um exemplo? Pense em como fazer, nos dias de hoje, uma ferrovia de 100 km. Custo e prazo. Que tal 5 anos? Pois foi esse o tempo que o Império do Brasil levou para construir a ferrovia Curitiba-Paranaguá, entre 1880 e 1885. Sem muitos recursos tecnológicos. E ela ainda é a principal ligação para transporte de cargas a granel para o porto de Paranaguá, um dos mais movimentados do Brasil.
Quanto tempo mesmo levaríamos para fazer uma ferrovia dessas? E quanto custaria?
How Dumb is Our Digital World Today?
Libelium came up with an easy-to-understand chart of what a Smart [Digital] World would look like in the future. Some of these trends are already in the radar of a few cities and/or a few wealthy people.
Here are 7 questions to be answered:
- How dumb is the digital world as we know it?
- Which features would be really convenient for society?
- Could a fair balance between privacy and safety be reached?
- How different would government need to be?
- How broadly could such features be spread to the world’s population?
- What if some of these functions have temporary shut-downs or are hackable?
- Which of these features, if made available, will become mandatory or eligible?
Quer saber mais?
Vou mudar o foco de minhas digressões sobre tecnologia. Ao contrário de uma possível paráfrase a Francis Fukuyama, eu não acredito que estejamos na era do fim da tecnologia, ou do fim dos avanços. Muito pelo contrário. Sigo acreditando que muita coisa nova virá, que pode encantar o mercado, e, enfim, transformar o mundo em que vivemos.
Só que isso pode demorar algum tempo, no mínimo meia década, que, nessa área tecnológica, é uma eternidade! Enquanto isso, as discussões são sempre em cima de um pouco mais do mesmo (evolução), privacidade x segurança (deveres e direitos), plataformas (hoje reduzida, para efeitos práticos, aos mundos Apple e Android) e longas e custosas batalhas legais sobre patentes, legislações locais ou globais, quem manda na internet, quem pode, quem não pode.
Mas o mundo da tecnologia está centrado em grandes e poucos atores, como as indústrias automobilísticas, aeroespaciais, entretenimento, alimentos e bebidas. No mundo da tecnologia, os key players são Apple, Google e Samsung. OK, tem os chineses no hardware, os indianos no software, tem a Microsoft, a Oracle, a HTC, a Intel, a Qualcomm… Tem muitas outras, assim como na automotiva, o mundo não é só GM, Ford, Toyota, Honda, VW, Fiat e Hyundai. Tem também os chineses, os niche players, os… Mas tem também o Google, a Apple querendo entrar, tem…
O que está em falta, e parece que demorará a surgir, são os novos Googles, Facebook, ou novidades da turma do software livre. Faltam também novidades ou pelo menos iniciativas em outros países, salvo pelas exceções de Israel, um pouco na Alemanha, a África do Sul está trabalhando sério, a Austrália também.
Mas faltam inovadores, faltam núcleos de inovação. OK, no Brasil temos lá o Porto Digital, iniciativa pioneira do incansável Sílvio Meira, tem o polo de Campinas, ah!… já ia esquecendo da minha alma-mater, o ITA, em São José dos Campos. Bem , o ITA segue em nível destacado, mas, em essência, forma pouca gente por ano, não muito mais do que em meu tempo, há longínquos 50 anos.
Tem também a turma que trabalha com a parte de ferramentas para dispositivos móveis, grupo porreta em BH. Mas é do Google, nos dias de hoje.
Em resumo: somos majoritariamente consumidores de tecnologia, cada vez mais influindo menos, cada vez consumindo mais. Não é algo essencialmente errado, mas para falar e escrever sobre isso, precisamos de mais de gente de marketing, de comportamento do consumidor, de especialistas em direito. Não é o meu caso, que trabalho no mundo digital desde 1961 ou 1962.
Então vou parar de comentar sistematicamente sobre novidades tecnológicas. Puxo o freio nessa experiência gostosa de vários anos, mas que tem ficado monótona, ultimamente.
Vou buscar meus guardados e começar a escrever um pouco da história que vivi. Inclusive sobre lances de bastidores, que pouca gente conhece, mas que permitiram algum desenvolvimento tecnológico no Brasil, e inibiram algumas outras iniciativas, por conta do jogo de interesses ou do alcance da visão.
Eventualmente, posso até voltar a falar sobre novidades.
Por enquanto, obrigado a todos pela paciência nas leituras de minhas escritas. E sigam por aqui. Vou precisar de vocês, sobretudo os mais veteranos, para garimpar o passado. Que também pode ser fascinante!
Abraço!
Até que enfim, algo baixa de preço no Brasil!
A Anatel divulgou uma resolução que baixa os preços de ligações de telefones fixos para móvel, na média em 22%. Uma boa notícia! Boa notícia? Vamos entender melhor:
É óbvio que, se você usa esse tipo de ligação e vai pagar menos 22%, a notícia é positiva. Mas o que você paga, ainda é caro, da ordem de R$ 0,50 por minuto. E falar com alguém em um celular é normalmente um martírio, a ligação cai, a voz fica picotada, é preciso repetir e, hoje e sempre, o #meliganofixo é um hashtag cada vez mais popular.
E, quando você contrata uma linha de celular, normalmente o brinde pode ser torpedos ilimitados, ou acesso ilimitado ao Facebook, ou ligue gratis para celulares da mesma operadora. Isso porque o tráfego de textos ocupa cerca de 250 vezes menos banda do que um tráfego de voz.
A rede de telefonia fixa é altamente ineficiente, e vem perdendo assinantes a cada ano, até por perder razão de ser. A comunicação celular pode ser feita de e para qualquer lugar, pode ser síncrona (como nas conversas de voz, de vídeo, ou nas mensagens instantâneas) e assíncronas (eu mando mensagens de texto, de áudio ou de vídeo para serem acessadas pelo destinatário quando conveniente).
A rede fixa tem baixo tráfego, ao menos na última milha, aquele trecho de cabo que chega à sua casa). Uma conversa de voz usa uma banda muito pequena (3 a 4k), mas tem capacidade centenas de vezes maior, e fica ociosa quando não usada; menor uso, menos usuários, mais custo de uso unitário da rede. Se o preço, ou tarifa, aumenta, diminui o número de usuários, e aí temos um círculo vicioso.
Essa é a razão básica da redução da tarifa: gerar mais tráfego na rede de telefonia fixa. Mas ela está com os dias contados para serviços de voz domiciliares. É um dinossauro, esperando o cometa bater e decretar sua extinção como espécie tecnológica.
Como efeito colateral, podemos ter também o aumento do tráfego de voz nas redes de celular, para ligações a partir de telefones fixos, pois ficou mais barato. Mas o serviço é péssimo!
Falta organizar melhor o setor, permitir mais e melhores investimentos das operadoras e cobrar mais qualidade, com tarifas justas. Esse seria o papel da Anatel. Mas, como estamos no Brasil, os nossos cases têm sempre alguma jaboticaba, ou seja, só existem por aqui…