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>WikiLeaks: Um 1984 ao contrário

>Quando publicou seu livro 1984, George Orwell parecia haver antecipado o futuro em varias ocasiões e geografias, como que descrevendo cada uma das principais ditaduras do século e mostrando o apetite dos poderosos de plantão em controlar a vida de seus cidadãos. Mas a visão orwelliana, descrita em 1949, ficou mais próxima da realidade após a revolução digital da internet, quando todas, ou quase todas as nossas ações parecem monitoradas por uma gigantesca rede de câmeras de vídeo e computadores conectados entre si.



O que ele certamente não imaginou foi a monumental inversão de conceitos, passando do controle de informações e de privacidade do indivíduo pelo Estado para a abertura de segredos desse mesmo Estado ao cidadão comum em escalas tsunâmicas, com o advento do WikiLeaks.

Não adianta questionar, ficar irado, querer fazer picadinho de seu criador, o australiano Julian Assange, 39 –que acaba de ser preso na Inglaterra, enquanto eu escrevo essa postagem– ou mesmo tirar o site do ar, que a mudança de referencial já está feita. A maior parte do conteúdo vazado, na casa de centenas de milhares de documentos secretos, já está armazenado em milhares de computadores do mundo, para o bem ou para o mal.

É razoável supor que medidas punitivas sejam tomadas contra Assange, mas isso coloca alguns argumentos defendidos pelas grandes democracias (Estados Unidos à frente) em cheque no tema de privacidade x liberdade na internet.

Ácidos críticos das restrições de acesso a informações impostas por países como Irã, Cuba, China e Coréia do Norte, em maior ou menor grau, agora o feitiço virou contra o feiticeiro e, seguramente, algumas medidas restritivas de controle de acesso e mesmo os marcos legais e regulatórios serão revistos para impor uma nova ordem que, no mínimo, tornem vazamentos dessa natureza menos prováveis.

Ocorre que essa linha de ação vai contra a própria arquitetuta da internet e mesmo da natureza humana. Se novas restrições forem impostas, novas alternativas serão criadas, numa escalada de forças sem precedentes.

 Vale lembrar que os backbones principais da internet são controlados a partir dos Estados Unidos. Logo, querer ser ingênuo ao ponto de acreditar no poder do clique do mouse nas mãos do internauta individual é entrar no mundo da Carochinha do século 21.

Mas, ao mesmo tempo, e pelas proporções do estrago causado pelo WikiLeaks, com certeza as negociações de alto nível da diplomacia mundial terão de ser revistas, ou ao menos seus métodos de registro.

É razoável supor que a franqueza de argumentos em uma conversação reservada fiquem diluidos por um ritual imposto pela Nova Segurança, atrasando acordos e ações de interesse das nações.

Não nos iludamos. A reação dos governos à ação da Wikileaks, qualquer que seja o desfecho, mostra o poder da internet e das tecnologias digitais e que essa força deve ser cada vez mais levada em conta na formulação de estratégias governamentais, corporativas e individuais.

George Orwell pode até não estar se revirando na tumba, mas, com certeza, seu espírito deve estar refletindo sobre a oportunidade perdida de escrever uma suite de seu best-seller: 2010!

>Google Multiuso

>Quando o Google lançou o Chrome, como um revolucionário browser, eu até que fiquei animado. Mas depois de testá-lo em vários releases e até mesmo desculpá-lo por suas falhas, achei-o simples demais, despretensioso demais e… sem a cara do Google. Voltei ao trio Firefox/Safari/IE, cada um com seus pontos positivos e negativos.

Não mais! O release 3.0.195.33 está muito bom, rápido, seguro, fácil de customizar e bonito de ver, até porque ele pode ficar do jeito que você gosta.

Mas isso não é tudo.  O Google põe no forno as versões Leopard e Linux, cobrindo assim, junto com a versão Windows, todo o espectro de sistemas operacionais que realmente contam no mercado.

A estratégia do  Google é ambiciosa.  Basta ver as primeiras avaliações do Google Chrome OS na versão para desenvolvedores. Simples de usar, rápido e fácil de fazer a migração. Especialmente do Windows Vista.

Vamos adiante. O Android nas plataformas de dispositivos móveis está mexendo com o mercado, e vai brigar com a Apple e sua dianteira nos sistemas operacionais de smartphones.

E os aplicativos? O Google Docs está cada vez mais compatível com o Microsoft Office, fora os Picasa, GMail, Images, Maps, Earth, e mais uma miríade de soluções cada vez mais usadas.  E tudo grátis para o indivíduo e cobrável de empresas em versões mais abrangentes e integradas.

Chega? Acho que não. O Google desperta a ira de muitos, inclusive do magnata Rupert Murdoch, que busca uma impensável aliança com a Microsoft para poder cobrar por seu conteúdo através das plataformas da gigate de Redmond. Ele e Bill Gates correndo atrás do prejuízo… Aliás, nessa linha, a Microsoft disponibiliza na “nuvem” muitas funções de seu Office 2010 que já existem no Google Docs.

E, finalmente, como o Google domina amplamente o suculento mercado de anúncios por links patrocinados (que eufemismo brilhante!) e tem milhões de usuários do AdWords e mais milhões de canais de distribuição de seus anúncios através do AdSense, eu vejo os tentáculos dessa empresa com 11 anos de vida abraçarem todos os caminhos conhecidos da internet.

Não vou aqui afirmar que o Google vai reescrever a visão de George Orwell, em seu memorável 1984, na versão corporativa. Mas o Google ficou suficientemente grande para incomodar de vez o establishment global, e não só da área de TI. As agências de publicidade, os veículos de comunicação, os provedores de serviços de localização, as operadoras de telecomunicações, dentre tantos outros, sentem urticárias ao ouvir  o nome Google…

Isso sem falar no sabor original, o mecanismo de busca.

Ah! Eu postei um video dos primeiros passos de meu neto no YouTube. E daí? Daí que o YouTube, comprado pelo Google, responde por 20% de todo o tráfego da web. Um endereço www.youtube.com = 20%. Quanto vale isso? Operadoras de TV por assinatura, tremei!

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