A Anatel divulgou uma resolução que baixa os preços de ligações de telefones fixos para móvel, na média em 22%. Uma boa notícia! Boa notícia? Vamos entender melhor:
É óbvio que, se você usa esse tipo de ligação e vai pagar menos 22%, a notícia é positiva. Mas o que você paga, ainda é caro, da ordem de R$ 0,50 por minuto. E falar com alguém em um celular é normalmente um martírio, a ligação cai, a voz fica picotada, é preciso repetir e, hoje e sempre, o #meliganofixo é um hashtag cada vez mais popular.
E, quando você contrata uma linha de celular, normalmente o brinde pode ser torpedos ilimitados, ou acesso ilimitado ao Facebook, ou ligue gratis para celulares da mesma operadora. Isso porque o tráfego de textos ocupa cerca de 250 vezes menos banda do que um tráfego de voz.
A rede de telefonia fixa é altamente ineficiente, e vem perdendo assinantes a cada ano, até por perder razão de ser. A comunicação celular pode ser feita de e para qualquer lugar, pode ser síncrona (como nas conversas de voz, de vídeo, ou nas mensagens instantâneas) e assíncronas (eu mando mensagens de texto, de áudio ou de vídeo para serem acessadas pelo destinatário quando conveniente).
A rede fixa tem baixo tráfego, ao menos na última milha, aquele trecho de cabo que chega à sua casa). Uma conversa de voz usa uma banda muito pequena (3 a 4k), mas tem capacidade centenas de vezes maior, e fica ociosa quando não usada; menor uso, menos usuários, mais custo de uso unitário da rede. Se o preço, ou tarifa, aumenta, diminui o número de usuários, e aí temos um círculo vicioso.
Essa é a razão básica da redução da tarifa: gerar mais tráfego na rede de telefonia fixa. Mas ela está com os dias contados para serviços de voz domiciliares. É um dinossauro, esperando o cometa bater e decretar sua extinção como espécie tecnológica.
Como efeito colateral, podemos ter também o aumento do tráfego de voz nas redes de celular, para ligações a partir de telefones fixos, pois ficou mais barato. Mas o serviço é péssimo!
Falta organizar melhor o setor, permitir mais e melhores investimentos das operadoras e cobrar mais qualidade, com tarifas justas. Esse seria o papel da Anatel. Mas, como estamos no Brasil, os nossos cases têm sempre alguma jaboticaba, ou seja, só existem por aqui…