OK, a história dos grampos da NSA gerou preocupações em líderes de governos mundo afora, empresários importantes, comunicados daqui, escusas dali, mas, para a maioria de nós, grampeados eram os outros. Até hoje!
O Washington Post revelou na quarta, 4/12, que, de acordo com dados vazados por Edward Snowden, a agência americana coleta diariamente algo como 5 bilhões de registros de celulares mundo afora, inclusive a sua localização. São centenas de milhões de aparelhos que, mesmo não em uso, emitem sinais captados pelas antenas nas torres espalhadas mundo afora, e, com isso, dá para saber aonde estão os aparelhos, e, possivelmente, seus donos.
Usando um sofisticada ferramenta para análise em massa de dados, chamada Co-Travelers, a NSA consegue localizar não apenas possíveis terroristas, ou alvos, como chamados no mundo da inteligência. A NSA pode identificar seus possíveis e até então desconhecidos parceiros (daí o nome, traduzido como co-viajantes).
Essas informações chegam através da interceptação de dados das comunicações trafegadas pelas redes das operadoras. Se seu aparelho tem GPS e ele está ligado, sua localização será feita com uma precisão de menos de 100 metros.
Assim, definidos os alvos a monitorar e com os padrões estabelecidos para mapear os co-viajantes, a repressão ao terrorismo pode ser mais eficaz.
Também traz a cada um de nós aquela sensação de falta de privacidade, mesmo não tendo nada a esconder.
Mas essa técnica eu já havia visto em algum lugar. Claro! Quem tem um dispositivo da Apple com iOS pode usar o app Find iPhone para achar o smartphone ou tablet que tenha sido perdido ou roubado, ou mesmo achar alguém em um lugar movimentado, desde que essa pessoa esteja cadastrada no app.
Os conceitos e as premissas do Co-Traveler e do Find iPhone são bem distintos, seja em volumes, propósitos, ações requeridas ou mesmo sofisticação tecnológica. Mas a premissa da localização é a mesma!
Assim, não custa lembrar que, antes de tomar conhecimento dessas entranhas do mundo da inteligência, muitos de nós já usávamos dispositivos digitais para achar e ser achado. Abrindo mão de nossa privacidade por conta do conforto, da conveniência e até mesmo de maior segurança.