Se alguém estava pensando em trocar seu BlackBerry por um novo, ou, menos provável, sair de um smartphone com iOS, Android ou WindowsPhone para um aparelho desse fabricante canadense, melhor rever os planos.
Neste final de semana, a BlackBerry (ex Research in Motion) anunciou perdas de quase 1 bilhão de dólares no segundo trimestre fiscal e a demissão de 4.500 colaboradores, ou 35% de sua força de trabalho.
Aqui no Brasil, faz tempo que não vejo uma pessoa física com uma conta no BlackBerry, e as pessoas jurídicas progressivamente migram para as plataformas com mais reconhecimento no mercado.
Como a BlackBerry havia anunciado que estaria buscando um comprador para a empresa, essa notícia até que não causou grande impacto. Ao contrario, após o Wall Street Journal ter especulado sobre as demissões, as ações da empresa mostraram uma ligeira recuperação, para em seguida voltarem a cair.
Não foi pouca coisa: com 5,9 milhões de aparelhos, o prejuízo médio, por aparelho faturado, ficou em torno de US$ 160.
Para quem usa BlackBerry, não é motivo para pânico. Ainda. Tudo indica que é só uma questão de pouco tempo até que um investidor institucional resolva injetar grana na empresa, ou então um concorrrente de peso resolva absorvê-la, de olho menos na tecnologia e mais no tipo de cliente que a BlackBerry conquistou, o das empresas e governos que buscam serviços de comunicação digital com alto nivel de segurança e disponibilidade.
Claro que, numa operação de salvamento, sempre alguém vai estar de olho também nas patentes que a empresa gerou, muitas das quais ainda não utilizadas, e que poderiam ser usadas em larga escala por um grande player do mercado.
E o mercado de smartphones segue em consolidação, ao menos no que diz respeito a sistemas operacionais. iOS, Android e Windows Phone. Ponto.
Conforme bola cantada ontem. Só que foi mais rápido. Ao anunciar o prejuizo, a negociação com os investidores já estava sacramentada.
Anotem: BlackBerry passa a ser essencialmente nome de fruta. Algum fabricante talvez compre a marca para produzir um modelo de smartphone com detalhes corporativos. Mas vai rodar Android ou Windows Phone.
Tem muito esforço de pesquisa, que gerou patentes e direitos autorais que podem valer bastante.
Palpite? Um dos grandes fabricantes chineses de smartphones vai comprar partes da BlackBerry. Assim como a Lenovo comprou, anos atrás, a operação de PCs e laptops da IBM, mais interessada na marca ThinkPad e no mercado de computadores pessoais.