Já é prática no mercado secundário a venda de smartphones e tablets usados, recondicionados, ou, para usar o jargão automobilístico, seminovos.
Agora, surgem rumores de que a Apple estaria para lançar um programa oficial de trade-in, ou troca de seu aparelho usado por um zero, para que seu desembolso seja menor. Isso pode acontecer ainda este mês, por enquanto, limitado aos Estados Unidos.
Existem bons argumentos para que esse mercado possa se desenvolver rapidamente, sem requerer muita inovação tecnológica:
- O mercado atual de smartphones, tem uma grossa fatia de reposição, como o de carros
- O investimento e a depreciação dessas engenhocas acabam sendo altos, por vezes adiando decisões de compra, e, portanto, de crescimento de vendas
- As inovações estonteantes, que mudam a lógica do mercado, não estão no radar. Evolução, não revolução. Ou, como dizia o mote de lançamento do iPad 3: resolução, não revolução, para pregar as vantagems da tela Retina, mais nítida e brilhante
- Os fabricantes concentram atenção nos milhões de consumidores que estão migrando de celulares comuns para smartphones, e isso ocorre tanto pela oferta de aparelhos mais despojados como via mercado de seminovos, hoje essencialmente fora do alcance das grandes marcas
- As questões ambientais relativas ao descarte e reciclagem de componentes eletrônicos, como telas sensíveis ao toque, placas-mãe, processadores e baterias estão na agenda
A mera especulação de uma possível entrada da Apple nesse jogo já eriça a concorrência. Pode ser boato, pode ser real. Mas esse é um mercado nada desprezível, que inclusive pode mexer no balanço das operadoras, que poderiam perder a fidelização de muitos clientes que optassem por um aparelho usado para poder mudar de plano ou de operadora sem as cláusulas leoninas que são contrapartidas dos subsídios do celular novo.
Eu não descartaria a hipótese das operadoras entrarem para valer nesse tabuleiro de xadrez.
Em países como o nosso, essa pode ser uma bela oportunidade de facilitar a vida daqueles que querem e precisam de um smartphone ou de um tablet, mas o orçamento é curto. Com preço bom, acompanhado de uma garantiazinha extra e com aparência de novo, a lógica do mercado de carros pode ser o caminho.