Notícias de negócios normalmente dão trégua nos finais de semana. Só que no universo das comunicações, essa regra não vale. Assim, o anúncio feito pelo The New York Times, neste sábado, 3, sobre a venda da operação do jornal americano The Boston Globe, mostra as dificuldades que os jornais diários enfrentam nesse mundo conectado de 2013.
A união do Globe ao Times durou exatos 20 anos, e, ao ser anunciada, em 1993, indicava uma tendência de consolidação entre os grandes jornais e revistas, numa onda muito bem surfada pelo magnata australiano Rupert Murdoch.
Vale a pena comparar os valores: Em 1993, o Times pagou US$ 1,1 bilhão para comprar o Globe, o equivalente a US$ 1,8 bilhão hoje. Com a venda por US$ 70 milhões, o valor do Globe recuou mais de 95% nessas duas décadas.
E o Globe era e é um jornal muito influente. Será esse um sinal do fim do jornal impresso como mídia relevante?
O mais fácil seria concluir que sim, os jornais diários estão com os dias contados. Mas, nesse mundo cada vez mais digital e mudando cada vez mais rápido, a realidade pode ser diferente.
Assim como a TV não decretou o final do rádio, nem o VHS, o DVD e o BluRay eliminaram o cinema, os jornais necessitam se adaptar aos novos tempos. A consolidação, como no caso do Globe com o Times mostrou não ser o caminho.
Ao contrário, os jornais especializados, no formato tabloide, com notícias curtas e propaganda dirigida a públicos específicos, ganham cada vez mais espaço. E os jornais tradicionais que mais leitores cativam são exatamente aqueles que possuem estratégia principal focada na sua versão digital, com Apps específicos, que ofereçam excelente navegação e possibilidade de customização para cada leitor, inclusive dos anúncios.
Outro ponto de resistência junto aos leitores é a cobrança da assinatura ou do exemplar avulso, quando os grandes portais de notícias, os blogs e as redes sociais estão a contar todas as histórias em tempo real, e de graça.
Em 1993, parecia que essa consolidação poderia dar certo. Mas, na virada do século, com a disponibilização de conexões de internet de banda larga, o surgimento do Google e do YouTube, essa tendência ficou mais do que em cheque. Agora, as mídias sociais, os smartphones e tablets dão novos contornos à missão de bem informar. Adaptar os jornais é preciso!
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