Não há como negar: as redes sociais são armas poderosíssimas de mobilização popular. Já tocamos nesse tema em outras situações, sobre outros países, como os da chamada Primavera Árabe. Mas agora a ferveção ocorre aqui mesmo, no Brasil que, por tradição e por expectativa gerada, deveria estar prestando atenção à Copa das Confederações.
Nada do que vem acontecendo no país tem por gênese a internet, ou uma mudança de atitude dos internautas, que deixaram, de súbito, os temas mais frívolos para tentar resolver problemas fundamentais que os afligem. Mas é inegável que uma parcela significativa da população vem usando os recursos da internet e das redes sociais para organizar protestos em centenas de cidades brasileiras, deixando atônitos os mais experientes analistas e protagonistas da cena política do país.
Do ponto de vista de propagação de idéias, imagens em fotos e videos, temos conteúdos para todos os gostos, tanto em qualidade como em quantidade. Em determinados pontos do Rio de Janeiro e de São Paulo, o tráfego nas redes celulares superou, em muito, o ocorrido nos jogos do Brasil nos entornos dos estádios, ou seja, o verdadeiro teste de carga das redes ocorreu nas ruas.
Tive a chance de presenciar a mobilização de cidadãos comuns, na maioria jovens, decidindo participar de manifestações em Florianópolis, mesmo estando a quase 100 km. de distância. Trocando mensagens via celular e dando e recebendo dicas de carona, de linhas de ônibus, horários, pontos de encontro… E o interessante, do ponto de vista do uso da ferramenta, é que esse tipo de comunicação, por fugir dos padrões ditos normais de tráfego, também chegaram a ultrapassar limites de planos contratados, ao ponto de surgirem boas informações sobre alternativas mais em conta, com outras operadoras. Muita gente, ao protestar, aproveitou também para refazer seus contratos de telefonia celular.
Pontos de WiFi públicos ou restritos registraram picos de demanda, fora também dos padrões normais.
É cedo ainda para dizer se as redes sociais serão vetores relevantes de transformação no Brasil. Mas não é absurdo afirmar que, sem elas, as movimentações seriam bem menores. Boa matéria prima para análise de sociólogos sobre o momento brasileiro atual.