Matt Warman, Editor de Tecnologia do Consumidor do Telegraph de Londres mostra que o Google Glass poderá ter um aplicativo de reconhecimento facial. É uma possibilidade forte, talvez não como um aplicativo próprio.
O Google diz que seu Glass não vem com reconhecimento facial, mas essa solução está sendo testada pela Lambda Labs, parceira do Google há algum tempo. Sua tecnologia de reconhecimento facial é usada em muitos aplicativos que estão no mercado.
O Google já usa essa tecnologia desde o Picasa, um dos bons softwares de organização de fotos digitais.
A versão atual que vem sendo testada pela Lambda Labs faz quem o usa no Google Glass poder tirar fotos, adicionar tags de quem está nessas fotos, fazer upload delas para só então comparar as faces com as detectadas em fotos subsequentes. Daí para o reconhecimento facial em tempo real é um pulinho, do ponto de vista tecnológico. Reconhecer de imediato as faces capturadas cotejando-as com bases de imagens próprias ou públicas é só evoluir os algoritmos, as velocidades de conexão e os serviços de imagens na nuvem.
E a demanda de mercado pode vir com tudo… Exemplos:
- Você está meio desligado(a) e chega a uma festa cheia de gente, muitas das quais você nunca viu e outras tantas que talvez sejam conhecidas mas não dá para lembrar o nome; inevitavelmente, uma delas chega e diz “oi, lembra de mim?“. Com o Google Glass versão reconhecimento, você não precisa mais fazer cara de paisagem e cumprimenta essa pessoa pelo nome, que aparece em uma legenda produzida pelos óculos. Dá, claro, para reconhecer quem é essa pessoa de longe e, se for o caso, adotar a postura do Leão da Montanha “saída pela esquerda [direita]…“*;
- Um saguão de aeroporto ou outro local de grande movimento e potencial alvo de ataques terroristas: agentes de segurança com Google Glass esquadrinham o ambiente e podem interagir com aplicativos que acessam bases de dados de possíveis pessoas-bomba e tomar medidas preventivas, evitando tragédias;
- Quem está no Facebook ou no FourSquare pode associar uma pessoa que está num lugar ao perfil dela na redes, e isso pode ajudar na paquera ou nos negócios;
- As celebridades terão mais dificuldades ao enviar clones para aparecer em eventos obrigatórios enquanto elas se divertem em atividades privadas. Logo alguém com o Glass vai dar o grito “ela é um fake!”
- Você vai poder ir a um jogo de futebol em uma dessas novíssimas arenas simplesmente comprando seu ingresso pela internet e, à entrada, as roletas vão reconhecê-lo pelo rosto e deixá-lo entrar no seu setor, na sua fila, na sua cadeira. E ainda comandam a entrega de sua pipoca e a sua bebida preferidas, na hora que você desejar.
No quesito privacidade, ela será fatalmente restringida por aplicativos desse tipo, e as querelas filosóficas e jurídicas serão enormes, antes de se chegar a algum marco regulatório. Dá até para especular os motivos que levaram o Google a não incorporar a tecnologia de reconhecimento facial ao Google Glass, num primeiro momento. Melhor para a empresa deixar o teste de campo para alguma empresa parceira e avaliar a aceitação, as restrições e os possíveis caminhos, já devidamente aplainados, para só depois entrar para valer.
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* Para quem não lembra ou não é dessa época, o Leão da Montanha era um personagem dos desenhos animados de Hanna & Barbera, muito esperto, mas avesso a brigas, que, quando via algum perigo de ser caçado pelo coronel dizia “saída pela direita [esquerda]!” e saia correndo de cena.