Sonho ou Pesadelo?

Notícia boa 1: A desoneração de smartphones que custam até R$ 1.500 deve reduzir em até 30% seu preço ao consumidor. Como resultado prático, mais gente vai poder trocar seus celulares basicões e desfrutar das centenas de milhares de aplicativos, o acesso rápido à internet, o uso de redes sociais “on the go” e tantas outras facilidades que hoje apenas uma camada da população dispõe.

Notícia boa 2: As operadoras precisam ampliar suas redes e pontos de acesso (as antenas nas torres, especialmente para a rede 4G) e querem negociar com as autoridades nas várias esferas e organismos mais agilidade, para que o processo que hoje leva em média 18 meses possa ser substancialmente reduzido e inclusive atender aos grandes eventos previstos para o Brasil entre 2013 e 2016.

Notícia boa 3: Anatel adia até 2018 o fim da TV analógica e, por consequência, a pressão sobre milhões de brasileiros para antecipar a compra de caixas conversoras de sinal digital ou desses modernos televisores de LED, LCD ou plasma, embora isso signifique menos banda disponível na faixa de 700 MHz para a telefonia 4G, hoje ocupada pelos sinais da TV aberta.

Podem três notícias boas somadas virarem um pesadelo gigantesco? Isso vai depender do desenrolar dos cenários que estão sendo postos.

Se os smartphones mais baratos bombarem, mas a rede celular não acompanhar o crescimento explosivo do tráfego de dados -razão primária da existência de smartphones- então teremos algo como o caos do tráfego urbano nas grandes cidades em dias de chuva e em horários de pico, onde a infraestrutura não cresceu em harmonia com o aumento da frota, esta estimulada com o aumento de renda e desoneração tributária dos automóveis.

Se a notícia boa 2 vier rápido, e a rede celular tiver a capilaridade e a densidade necessárias, então poderemos aumentar o tráfego de dados sem medo, mesmo com o adiamento da liberação da faixa de 700MHz (vide notícia 3). A iniciativa das operadoras de compartilhar torres é um caminho, desde que isso não implique em maior concentração de serviços e o consequente aumento de preços, pela diminuição da concorrência.

A prorrogação da vida útil da TV analógica é algo neutro, por enquanto. Na verdade, houve uma antecipação da data inicial e uma prorrogação da data final do desligamento, agora situadas entre 2015 e 2018. E como o governo estuda algum incentivo para a faixa da população de menor renda para trocar seus televisores, como foi feito com geladeiras, (até para reduzir o consumo de energia), pode ser que, no frigir dos ovos, lá pelas beiras da Olimpíada de 2016 a maioria das regiões do país já esteja 100% no modo digital, liberando frequência para a rede 4G.

Nesse cenário, teríamos mais gente conectada via dispositivos móveis (falta desonerar os tablets também…), uma rede celular à altura das demandas do século 21, o povo todo na TV digital, com a qualidade de imagem e som.

O melhor dos mundos, certo?

Talvez… Só que não se fala mais da interatividade da TV digital e, mesmo com os incentivos, os preços que pagaremos tanto para os aparelhos digitais como para seu uso, seguirão bem acima dos praticados nos países ditos desenvolvidos.

Talvez o caminho da desoneração precise continuar a ser seguido, lembrando que ainda pagamos muito ICMS (estadual) e ISS (municipal) para poder tê-los e usá-los.

Ocorre que essa grana toda faz parte relevante dos orçamentos de Estados e Municípios, logo modificar essa realidade é algo bem mais complexo.

Mas não impossível.

Questão de trabalhar com enfoques e prioridades diferentes, entendendo que a tecnologia digital serve também para atrair investimentos e empregos de melhor qualidade, em um mundo cada vez mais sem fronteiras.

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