Dias atrás eu saia de um compromisso em Campinas para o aeroporto de Viracopos, com alguma folga de tempo, mas no pico do rush da tarde e, ainda por cima, com chuva. O gentil motorista de São Paulo que me conduzia tinha à disposição dois aparelhos de GPS, um portátil e o outro, instalado de fábrica no carro.
Optou pelo primeiro para encontrar um atalho, visando evitar pontos de congestionamento das estradas. Mas o GPS nos levou a estradas secundárias e a primeira alternativa foi perguntar ao porteiro de um condomínio sobre o caminho do aeroporto: “Ih! vocês estão indo para o outro lado. Melhor voltar…”
A segunda tentativa deu certo. Fomos pelo GPS do carro e chegamos ao destino, uma hora depois, em um trajeto que levaria 15, 20 minutos em condições normais.
A revista Época publicou recentemente reportagem de capa sobre os avanços da tecnologia e se, no frigir dos ovos, nos beneficiamos dela mais do que dela ficamos dependentes. É o “chega de Facebook, amor!“, ou o “menino, pare já com esse joguinho ou você vai ficar sem o seu iPad no final de semana!“. Ou ainda, o dilema de usar o GPS ou perguntar ao porteiro.
Quando ocorre um apagão na internet, como aconteceu globalmente semana passada, grandes executivos mundo afora se desesperam, batucando seus smartphones, subitamente transformados em reles celulares que, no máximo, se limitavam a chamadas de voz e a mensagens SMS.
E aí, somos escravos e dependentes da tecnologia ou ela é uma plataforma de melhoria da produtividade e da qualidade de vida?
Sem o GPS, teríamos chegado antes a Viracopos? Se ainda estivéssemos na era do fax, o mundo dos negócios seria o mesmo?
Dá para ver que a resposta não é simples nem única nem ideológica,mas claramente depende de como desfrutamos das maravilhas da tecnologia, cada um ao seu modo.
Na pessoa física, é mais fácil avaliar, buscando não ter como interlocutores privilegiados apenas as telinhas do notebook, do tablet e do smartphone.
Na pessoa jurídica, o segredo parece ser o uso coerente da tecnologia para reinventar processos e aí criar diferenciais competitivos e também transformar o ambiente de trabalho para melhor.
Voltando à fábula do índio e da flecha: Não adianta o índio arranjar uma flecha maior, mais pontuda. O acerto do alvo depende mais da habilidade do índio do que das qualidades da flecha.
Ou seja, de você!
Falando nisso, você tem usado adequadamente suas flechas tecnológicas, ou as tem mais para exibir à sua tribo?