>MessageFrom: Guy Manuel
Sent: segunda-feira, 30 de maio de 2005 14:56
To: 96 Minutos; CBN Curitiba – Redação
Subject: Quarta 01/06 – Educação: Quer comprar uma monografia pronta? Basta acessar o Google… www.google.com e pesquisar a palavra monografia
A internet –como tudo na vida- tem suas vantagens e desvantagens. Acessar informações importantes na rede nunca foi tão fácil, tão disponível. Mas, como será que vão os trabalhos escolares, com as facilidades da web?
Pois é, vamos falar um pouco do lado dark da internet: tem gente, muita gente, ganhando dinheiro fazendo um “disk-monografias”, onde o cliente, por uma modesta soma, paga para ter um trabalho feito por terceiros, geralmente de qualidade duvidosa, mas que, estranhamente, passa batido pelos mestres que as recebem.
Afinal, é ético usar esses terceiros para livrar a cara das tarefas escolares? Como isso ajuda a educação e o conhecimento dos estudantes? Com certeza, no momento presente, estamos verificando uma queda na qualidade do ensino por causa da internet. Não que a coisa seja generalizada, mas o fato de termos gente anunciando –e vendendo serviços- de monografias e trabalhos escolares pela internet mostra que os estudantes estão dispostos a pagar para que outros façam suas tarefas escolares. Eles estão terceirizando o aprendizado…
E aí, que tal uma leizinha proibindo isso? Claro que a internet não se sujeita a essas limitações. O que acontece, na verdade, é uma degradação de princípios, onde a internet é um poderoso veículo. Enquanto os estudantes não se derem conta que uma boa avaliação ajuda na capacitação, e os mestres não forem mais rigorosos nessa avaliação, evitando esses “deliveries” esdrúxulos, vamos continuar caindo no ranking da qualidade do ensino.
Essa não é uma regra geral, mas é uma tendência que preocupa. Ao comentar esse tema no 96 minutos, o Eloi Zanetti contou uma historinha de ontem, 31 de maio, quando estava no aeroporto de Salvador, esperando para pegar um avião para Curitiba. Uma senhora ao celular falava alto, com a secretária, mandando-a buscar informações no Google sobre um trabalho de seu pimpolho, para que ela imediatamente fizesse a pesquisa, depois a colagem do texto, sua impressão e que o motorista ficasse esperando para levá-lo ao indolente rebento, Como será essa figura daqui a alguns anos, quando tiver que competir?
Produzir trabalhos parea terceiros não é coisa nova. Afinal, desde sempre a maioria das grandes personalidades do mundo tiveram seus “ghost writers”, e, nem por causa disso, deixamos de ter pessoas marcantes na história.
Os professores, indignados, têm razão ao dizer que não lhes é dado tempo para analisar toda uma massa de trabalhos produzidos por seus alunos, até porque eles normalmente ganham pouco, e precisam buscar a sobrevivência.
Podemos olhar pelo ângulo da praticidade dos alunos: se a informação está lá, então porque não usá-la? Se eu não o fizer, outros saem na frente, e, nesse mundo competitivo…
Na verdade, podemos achar razões e justificativas e até boas verdades que mostrem que nada há de errado com esse modelo. Mas eu me assusto em ver nesse quadro um desestímulo à busca do saber. O aprendizado na escola e na vida é sempre uma busca de um novo patamar de conhecimento. É assim que o ser humano se diferenciou dos demais bichos, e criou.
Seria no mínimo irônico que o acesso ao conhecimento promovido pela internet também fosse um catalisador de um emburrecimento coletivo da espécie humana.
>Tenho uma empresa de monografias atuante no mercado há alguns anos. No entanto, ao contrário do ideário popular, e das organizações citadas em sua reportagem (de caráter louvável, aliás), nunca buscamos burlar as obrigações dos próprios estudantes, que é justamente realizar sua própria monografia, aprendendo e se desenvolvendo academicamente, e por que não dizer pessoalmente, com seu trabalho acadêmico. Nós temos o cuidado de proteger todo material elaborado por nós, salientando sempre que é terminantemente proibida a utilização indevida de nossas monografias e pesquisas em qualquer tentativa de falsidade ideológica e de plágio. Quando um aluno, que necessita realizar uma monografia sobre determinado tema, tem acesso a uma monografia escrita por outrem, de maneira séria, isenta e com qualidade acadêmica, vislumbra não somente uma relação bibliográfica que lhe norteará na lide das fontes para a realização de sua própria monografia, como também pode observar e coletar milhares de idéias, questões, abordagens e conceitos, e aí reside a natureza de nossos serviços. Obviamente, não seríamos necessários caso todos os orientadores fossem realmente capazes, ou melhor, interessados, na formação de seus alunos. Na verdade, o que ocorre na prática, nas instituições públicas e privadas, é a presença de professores desinteressados, que impõem um determinado tema para aluno, solicitam que o mesmo escreva um extenso material sobre o tema. Vale notar que até este momento o aluno não teve nenhum preparo anterior para tal redação. Em seguida, o orientador recebe este material e faz uma série de anotações e solicitações, que são recebidas pelo aluno com um certo hermetismo, justamente pelo fato do mesmo não compreender nem o processo nem a finalidade do trabalho que está realizando. Este processo abre brechas horrendas para a prática do plágio e da falsidade ideológica, que poderiam ser evitados ou detectados com uma simples conversa de dez minutos, ou seja, com o simples interesse do professor orientador. Caso o orientador selecionasse, e apresentasse, as fontes bibliográficas a serem lidas e utilizadas como base para a escrita, assim como o mesmo buscasse conhecer, e comparar, o processo de utilização destas fontes pelo aluno, o plágio se reduziria a zero.Assim, busco apresentar um outro viés para a questão desenvolvida pelo texto, explicitando que há, sim, meios honestos de desenvolvimento de monografias, de modo a auxiliar na formação educacional dos alunos que procuram tal serviço. No entanto, infelizmente, somos uma minoria, desconhecendo no país outra equipe que haja da mesma forma. Óbvio que ganhamos muito menos que eles, não somente na captação de recursos, já que os alunos que visam burlar sua educação nem mesmo nos contratam, assim como nos altos impostos que pagamos para funcionarmos a partir de uma estrutura empresarial legítima e registrada, mas temos um ganho muito maior: dormimos tranquilos!Luiz Gustavohttp://www.monografiaac.com.br